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Publicitário acusa farmácia de homofobia ao ser chamado de ‘Gaylileu’ em SP

Um publicitário de 33 anos, de São Paulo, usou as redes sociais para acusar a Droga Raia de homofobia depois que passou a ser chamado de 'Gaylileu' pela rede

Publicitário acusa farmácia de homofobia ao ser chamado de ‘Gaylileu’ em SP
Publicitário acusa farmácia de homofobia ao ser chamado de ‘Gaylileu’ em SP

Redação Publicado em 29/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 11h51


Um publicitário de 33 anos, de São Paulo, usou as redes sociais para acusar a Droga Raia de homofobia depois que passou a ser chamado de ‘Gaylileu’ pela rede de farmácias no ano passado. Galileu Araujo Nogueira entrou com ação na Justiça cobrando R$ 44 mil de indenização por dano moral da farmácia, além de exigir que ela crie programas de treinamentos com funcionários.

Nesta segunda-feira (28), Galileu usou seu Instagram para denunciar que sofreu discriminação em 2021 por causa da sua orientação sexual. Ele passou a receber mensagens da Droga Raia por SMS do celular, com seu nome escrito com a inclusão da letra ‘y’, formando a palavra ‘gay’, ao lado da sugestão do remédio que o publicitário usava:

“Droga Raia: Gaylileu o NORVOSAC 5 MG 30 S deve estar acabando. Compre pelo site ou na Droga Raia mais prox (p/sair envie PARE)”, informa o SMS recebido em 19 de março de 2021 sobre o medicamento controlado que toma para hipertensão.

Galileu Nogueira usou sua rede social para denunciar ter sido vítima de homofobia na Droga Raia em São Paulo — Foto: Reprodução/Rede social

Galileu Nogueira usou sua rede social para denunciar ter sido vítima de homofobia na Droga Raia em São Paulo — Foto: Reprodução/Rede social

Além disso, quando foi a uma farmácia da rede na Rua Frei Caneca, conhecida pela presença de LGBTQIA+ no centro de São Paulo, Galileu contou que seu nome também estava grafado de maneira pejorativa, como ‘Gaylileu’, nos cupons de desconto para medicamentos.

De acordo com a defesa do publicitário, que usa as redes sociais para mostrar seu trabalho como estrategista de marcas, neste mês os representantes da Droga Raia não aceitaram o acordo judicial para que pagassem a indenização a Galileu.

‘Perturbador’, diz publicitário

Até janeiro do ano passado, a Droga Raia grafava corretamente o nome de Galileu — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Até janeiro do ano passado, a Droga Raia grafava corretamente o nome de Galileu — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

“O sentimento é bem perturbador. Quando recebi o SMS com meu nome trocado para Gaylileu, a primeira coisa que senti foi o mesmo quando eu era adolescente e sofria constantes brincadeiras sobre minha sexualidade feitas ‘às escondidas’. Aquela sensação de que estão rindo entre eles de mim e uma certa impotência. Eu pensava: ‘Cara, porque alguém trocaria meu nome para fazer uma piada com a minha sexualidade?'”, disse Galileu.

Droga Raia na esquina da Rua Frei Caneca, no Centro de São Paulo, onde publicitário disse ter sido indagado por funcionário se eu nome era mesmo 'Gaylileu' — Foto: Reprodução/Google Maps

Droga Raia na esquina da Rua Frei Caneca, no Centro de São Paulo, onde publicitário disse ter sido indagado por funcionário se eu nome era mesmo ‘Gaylileu’ — Foto: Reprodução/Google Maps

“Não sei dizer ao certo em qual loja a troca do meu nome foi feita de Galileu para Gaylileu no sistema. Na loja da Frei Caneca um funcionário tentou pronunciar o meu nome, mas não conseguia. E, em um dado momento, ele falou: ‘É Gaylileu mesmo?’. Respondi que não era, mas que algum funcionário tinha feito uma brincadeira de mau gosto e me cadastrado assim. Além disso, recebi um cupom de descontos onde estava escrito ‘GAYLILEU’ também”, afirmou o publicitário.

Até janeiro, as mensagens que Galileu recebia da Droga Raia grafavam corretamente o seu nome. Quando a empresa passou a incluir o ‘y’, ele suspeitou que não parecia ser simplesmente um erro de digitação.

“Eu sempre recebia o SMS da Droga Raia falando que meu remédio de uso contínuo estava acabando e achava isso ótimo, era uma excelente maneira de lembrar de comprar o remédio. Na mensagem havia sempre um ‘Galileu, seu remédio XXX está acabando’ e eu sempre lia todas elas'”, contou o publicitário. “Porém um dia recebi essa mesma mensagem, mas agora escrito ‘Gaylileu’. Na hora que recebi essa mensagem, pensei: ‘Deve ter sido um erro de digitação’, mas alguns segundos depois entendi que não, era homofobia. Não havia sentido ser um erro de digitação em algo que sempre foi escrito certo nas mensagens”.

Defesa busca responsabilização

Cupons de desconto da Droga Raia têm o nome de 'Gaylileu' e não Galileu, como o publicitário é seu nome — Foto: Reprodução/Divulgação

Cupons de desconto da Droga Raia têm o nome de ‘Gaylileu’ e não Galileu, como o publicitário é seu nome — Foto: Reprodução/Divulgação

Segundo o advogado Giovani Ravagnani, que defende Galileu, o que está em disputa contra a Droga a Raia, na ação impetrada por ele na Justiça, não é o dinheiro, mas a responsabilidade da empresa com o ato de homofobia que ocorreu com seu cliente.

É muito menos a indenização e muito mais trazer a discussão para ter programa de treinamento de funcionários para isso não ocorrer de novo”, falou Giovani. “Teve audiência de conciliação, mas a Droga Raia não aceitou a proposta”.

A ação corre no Juizado Especial Cível de São Paulo. Em março deste ano, segundo Galileu, a Droga Raia ofereceu R$ 5 mil durante a audiência de conciliação, mas ele não aceitou a proposta. “Não aceitei o acordo e resolvi seguir com o processo”, escreveu o publicitário em sua rede social.

Galileu Nogueira usou as redes sociais para denunciar homofobia — Foto: Reprodução/Instagram

Galileu Nogueira usou as redes sociais para denunciar homofobia — Foto: Reprodução/Instagram

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G1

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