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Prontas para estreia, Carol Solberg e Bárbara vibram com reencontro e comando de Letícia Pessoa

Três mulheres. Três cariocas. Três referências quando o assunto é vôlei de praia. Se Bárbara Seixas, Carol Solberg e Letícia Pessoa já tinham muito em comum,

Carol Solberg
Carol Solberg

Redação Publicado em 22/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h23


18 anos após vice-campeonato mundial na base, dupla retoma parceira com técnica três vezes medalhista olímpica. Primeiro teste do time será nesta sexta-feira, pelo Circuito Nacional

Três mulheres. Três cariocas. Três referências quando o assunto é vôlei de praia. Se Bárbara Seixas, Carol Solberg e Letícia Pessoa já tinham muito em comum, em 2021 elas caminham mais juntas do que nunca em busca do mesmo objetivo como novo time da temporada. A atual vice-campeã olímpica e a melhor jogadora do Brasil na temporada 2017/2018, com o comando da técnica três vezes medalhista olímpica, estreiam a partir desta sexta-feira na 6ª etapa do Circuito Nacional de vôlei de praia, a primeira do ano, em Saquarema, no Centro de Desenvolvimento da CBV.

– Não importa quão experiente a gente tenha se tornado, eu acho que a gente está sempre ansiando por esse desafio, esse novo torneio, essa nova parceria. Então eu acho que a gente está muito feliz de trilhar esse novo caminho e por mais que a gente tenha anos aí, vai dar aquele friozinho na barriga para esse torneio – vibrou Bárbara.

Carol Solberg e Bárbara Seixas têm exatamente a mesma idade: 33 anos – para ser mais preciso, Bárbara é três dias mais velha que Carol. Consequentemente, são parte da mesma geração da modalidade. Ambas filhas da “cidade maravilhosa”, se encontraram nas praias da Zona Sul do Rio de Janeiro onde passaram por formação. Em 2003 e 2004 chegaram ao vice-campeonato do Campeonato Mundial Sub-18 como dupla.

– Elas têm a mesma idade, elas jogam tem o mesmo tempo, elas jogaram juntas a categoria de base, elas têm muita vontade de ganhar. Ambas as duas já chegaram em títulos muito bons, a Bárbara então nem se fala. Elas ainda estarem aqui com essa vontade, querendo mais, isso me motiva muito. Eu acho que elas têm de especial realmente é a maneira como elas chegam aqui todos os dias para treinar. É isso que eu estou vendo de positivo – disse Letícia Pessoa.

Mas é curioso, ao mesmo tempo que cresceram juntas, é como se estivessem sendo apresentadas agora para suas novas versões, de mulheres experientes, com uma bagagem e tanto na vida profissional e pessoal. Isso porque depois do pódio no Mundial de base, Carol e Bárbara trilharam caminhos diferentes, tiveram parcerias distintas. Ao lado de Ágatha, por exemplo, Seixas chegou ao topo de sua carreira, quando, em 2016, conquistou a medalha de prata na Rio 2016.

– Na verdade a gente jogou junto quando tinha 16 anos, nos mundiais sub-18, então faz muito tempo, né?! Um reencontro muitos anos depois. A gente se conhece muito claro, a gente corre o Circuito Mundial, estamos nos mesmos torneios desde sempre. Mas é tudo novo, acaba que estar em quadra é cada dia a gente estar se conhecendo um pouco, vendo o que funciona para a outra, se acertando como time, levantamento… Apesar da gente se conhecer a vida inteira a gente não se conhece, estamos nos conhecendo agora de verdade – explicou Carol.

O mesmo vale para a relação de Carol Solberg com Letícia Pessoa, técnica multicampeã na modalidade, dona de três pratas olímpicas, em Sydney e Atenas com Adriana e Shelda e em Londres com Alison e Emanuel.

– A própria Letícia que eu conheço da vida inteira, foi técnica da minha mãe (Isabel Salgado, ex-jogadora). Eu lembro quando eu era pequena eu ia para os treinos da minha mãe e via a Letícia. Lembro a Letícia me ensinando a dar toque eu criança, agora estou treinando com ela. Apesar de tudo, a gente se conhecer é tudo novo também – disse Carol.

Letícia Pessoa comanda treino de Carol Solberg e Bárbara Seixas na praia do Leblon, Rio de Janeiro — Foto: Winne Fernandes

Letícia Pessoa comanda treino de Carol Solberg e Bárbara Seixas na praia do Leblon, Rio de Janeiro — Foto: Winne Fernandes

Para Bárbara, que teve no comando técnico de seus grandes triunfos profissionais o marido Rico de Freitas, agora técnico do Canadá, também está sendo um privilégio ter Letícia a frente do novo projeto.

– A gente tem que tirar o chapéu para ela, ela já tem aí uns 30 anos de experiência. Quando ela começou realmente como técnica eu acho que ela deveria ser, ela era única técnica mulher provavelmente do mundo. Desbravadora digamos assim, e eu acho que isso é uma coisa muito legal para os técnicos, para o nosso esporte, para todo mundo. Essa visão feminina que ela trás também, ela já treinou tanto duplas masculinas quanto femininas, então acho que essa versatilidade dos profissionais que trabalham no vôlei é muito importante – disse.

Se as três mulheres protagonistas desse novo projeto foram grandes destaques dentro de quadra durante seus longos anos de carreira, Carol Solberg ganhou ainda mais popularidade no final do ano passado quando foi além da temática “esporte”. Após se pronunciar politicamente durante um evento ao vivo contra o Presidente da República Jair Bolsonaro, ela ganhou os holofotes. Chegou a ser advertida pelo STJD do vôlei, mas a decisão, depois de recurso da atleta, foi revista.Segundo Carol, mais uma experiência que a fortaleceu. Para entrar 2021 certa de suas convicções profissionais e pessoais.

– Falam tanto que o atleta é exemplo pra criança, para as próximas gerações. Como é que você pode ser exemplo de alguma coisa se você não pensa, não se coloca? Então o que fica para mim é isso, que eu tenho certeza que eu fiz o que eu acreditava e que eu acho que isso é fundamental, ainda mais nos dias de hoje, com tudo que a gente está vivendo aqui no Brasil. Eu acho que isso faz diferença. A voz de todo mundo tem importância. E eu como atleta, quando eu estou dando uma entrevista eu sei que eu tenho o direito de me colocar e falar o que eu penso – disse.

Carol Solberg e Bárbara Seixas em treino na praia do Leblon, Rio de Janeiro  — Foto: Winne Fernandes

Carol Solberg e Bárbara Seixas em treino na praia do Leblon, Rio de Janeiro — Foto: Winne Fernandes

E se o episódio durante a pandemia fortaleceu os valores de Carol, a relação com o vírus, o confinamento com a família e depois a retomada dos torneios no formato de bolha deram a ela uma nova percepção sobre o futuro e a forma de traçar objetivos. Sobre planos, ela e Bárbara Seixas querem viver um dia de cada vez.

– Eu acho que essa pandemia realmente ensinou isso pra gente, que no momento a gente tem que viver pensando no próximo torneio, no dia a dia, se cuidando. A gente não sabe nem se vai ter Circuito Mundial esse ano, se vai ter algumas etapas do brasileiro. A gente está se preparando para essa, mas pode ser que a pandemia do jeito que está… Ainda dá uma insegurança. Não tem como a gente se planejar a longo prazo. Então quando a gente sentou para conversar foi “vamos pensar torneio a torneio, em ir melhorando e vamos ver no que vai dar, curtindo esse processo”, sabe?! – disse.

– Acho que a Carol ela colocou muito bem, assim a gente está conversando que nós duas sabemos que nós temos muitas ambições, eu acho que quando a gente forma um time que é competitivo, que a gente acredita, a gente automaticamente vislumbra várias outras coisas. Mas, primeiro a gente está mesmo aguardando o calendário pra gente ver como vai se desdobrar esse ano. E pensando mais a curto prazo mesmo. E jogo a jogo, vamos nos entrosar, vamos buscar esse ritmo com uma leveza também que é importante pra depois a gente poder trilhar voos mais altos – concluiu Bárbara.

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GE – Globo Esporte.

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