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Projeto da Justiça de SP recebe, em um ano, mais de 1.600 pedidos de ajuda de mulheres vítimas de violência

Uma das vítimas relatou ao SP1 que o companheiro era "uma pessoa muito intimidadora, muito agressiva verbalmente", a ponto de "me ameaçar, ameaçar a minha

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Redação Publicado em 11/04/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h48


A maior parte dos casos relata situações de abuso psicológico e moral. Após o envio do formulário pela internet, as vítimas recebem orientações em no máximo 48 horas sobre o que fazer.

Em um ano, o projeto “Cartas de Mulheres”, do Tribunal de Justiça de São Paulo, recebeu pela internet 1682 cartas de mulheres de todo o brasil e até de outros países pedindo ajuda sobre como proceder em casos de violência doméstica. A maior parte dos casos relata situações de abuso psicológico e moral.

O projeto, criado em março de 2020, no início da pandemia de coronavírus, recebe, pela internet, relatos de mulheres vítimas de violência buscando orientação e relatando pedidos de socorro.

As cartas são confidenciais e sigilosas, mas trazem relatos como “ele me deprecia física e moralmente”, “quebrou alguns objetos da casa”, “ele não me deixa ver meus filhos”, “cortou meu cabelo”, “ele ameaça me agredir com faca e martelo”, dentre outros.

Os relatos são de pessoas que, cansadas de sofrer, resolveram pedir ajuda, contando o que vem acontecendo em suas vidas, em busca de informações sobre como romper esse ciclo da violência.

Após o envio do formulário pela internet, as vítimas recebem orientações em no máximo 48 horas sobre o que fazer.

“A gente informa não só sobre a situação de violência – se se enquadra na lei Maria da Penha, por exemplo, ou outro tipo de normativa – e também com relação aos caminhos que podem ser seguidos a partir desse relato de violência”, explica a juíza Teresa Cabral.

Uma das vítimas relatou ao SP1 que o companheiro era “uma pessoa muito intimidadora, muito agressiva verbalmente”, a ponto de “me ameaçar, ameaçar a minha vida”. “O medo dele, o maior medo dele, é que eu me relacionasse com outra pessoa”, contou a vítima.

A mulher contou que perdeu a casa, o carro e valores financeiros por causa do relacionamento.

“Perdi tudo que você possa imaginar. Mas eu acho que o mais doloroso que eu perdi nessa história toda é a dignidade, a paz, a sanidade mental. Porque a gente perde”, contou ela.

Existem vários caminhos pra pedir ajuda: o primeiro deles e mais importante é, no momento da agressão, chamar a polícia ou a GCM. Há também serviços como “A casa da mulher brasileira”, que atende todos os dias, por 24 horas e de graça, prestando desde uma assistência psicossocial até um alojamento, se for preciso.

Quando chega à Casa da Mulher Brasileira, a mulher é acolhida pela equipe e encaminhada para os serviços necessários, fazendo boletim de ocorrência, com acesso ao Ministério Público, Defensoria Pública e podendo pedir medida. Há espaço para que os filhos tenham assistência também.

A unidade atende, em média, duas mil mulheres por mês. Mas, segundo Ana Cristina Souza, coordenadora de políticas da Casa da Mulher Brasileira, ainda há muitas vítimas com receio de pedir ajuda, com medo de não ter condições de se sustentarem sozinhas.

Além disso, a cidade de São Paulo oferta programas de transferência de renda para mulheres que estão em situação de violência, como auxílio hospedagem, auxílio aluguel, dentre outros.

A Casa da Mulher Brasileira fica na Rua Viêira Ravasco, 26 – Cambuci, na Zona Sul da capital. Já o projeto “Carta de Mulheres” pode ser acessado pelo site do TJ de SP na internet.

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Fonte: G1 – Globo.

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