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Profissionais sem especialização em trânsito julgam recursos de multas aplicadas em Rio Preto

Profissionais sem especialização na área do trânsito estão sendo responsáveis por julgar recursos de multas aplicadas em São José do Rio Preto (SP). Nas três

Profissionais sem especialização em trânsito julgam recursos de multas aplicadas em Rio Preto
Profissionais sem especialização em trânsito julgam recursos de multas aplicadas em Rio Preto

Redação Publicado em 28/07/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h54


Cada membro das unidades da Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI) pode receber até R$ 4,5 mil mensais, mas eles não têm qualificação exigida pelo Contran.

Profissionais sem especialização na área do trânsito estão sendo responsáveis por julgar recursos de multas aplicadas em São José do Rio Preto (SP). Nas três unidades da Junta Administrativa de Recursos de Infrações (JARI), os membros não têm experiência no setor, o que é exigido de acordo com a resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A denúncia foi feita pela TV TEM na quinta-feira (26).

Os julgamentos são feitos em reuniões e cada membro da JARI recebe cerca de R$ 500 por reunião. Em Rio Preto, são realizados até nove encontros em um único mês, que totaliza até R$ 4,5 mil mensais para cada membro da junta. No entanto, na cidade os profissionais não preenchem o critério do Contran.

Um deles é Sérgio Pursino, que é tesoureiro do Partido da República (PR). Em outras duas juntas, as vagas foram preenchidas em agosto de 2017. Na segunda JARI, o especialista em trânsito nomeado é Aldenis Borim, Secretário de Saúde de Rio Preto, e só neste ano ele recebeu quase R$ 13 mil nas reuniões da junta.

Na terceira junta, o cargo é de Pedro Nimer Filho, que também é subprefeito do distrito de Talhado e presidente do MDB, mesmo partido do prefeito Edinho Araújo. Além dos quase R$ 7 mil do cargo de subprefeito, ele já recebeu pelas reuniões na JARI mais de R$ 35 mil neste ano.

Um dos membros da JARI de Rio Preto (SP) chegou a receber mais de R$ 35 mil neste ano (Foto: Reprodução/TV TEM)

Um dos membros da JARI de Rio Preto (SP) chegou a receber mais de R$ 35 mil neste ano (Foto: Reprodução/TV TEM)

Ainda de acordo com a investigação realizada pela TV TEM, o presidente de uma das juntas, Igor Carlos Gonçalves, também é chefe de gabinete do vice-prefeito de Rio Preto. No entanto, o vice Eleuses Paiva pediu afastamento do cargo e ele também recebe quase R$ 5 mil para exercer a função no gabinete.

Em nota, a prefeitura de Rio Preto disse que o vice-prefeito apresentou licença por tempo determinado e, por isso, a estrutura do gabinete permanece em funcionamento. Afirmou também que Igor foi indicado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano do Interior do Estado de São Paulo para o cargo de presidente de uma das JARI.

TV TEM não obteve o posicionamento dos membros das três juntas, mas o secretário de Trânsito Amaury Hernandes foi autorizado pela prefeitura a falar sobre o assunto. “A pessoa tem que ler, analisar e dar um parecer. Basta que ela tenha um bom conhecimento para que tenha um relato correto. A pessoa tem que ter capacidade de interpretação, não precisa ter doutorado em trânsito.”

Já o Ministério Público disse que vai cobrar explicações da prefeitura sobre a suspeita de nomeações políticas para compor as JARIS.

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