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Professoras de escola acusada de maus-tratos relatam que eram orientadas a amarrar bebês em banheiro para não serem ouvidos da rua

Duas professoras que trabalhavam na Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, suspeita de tortura contra

Professoras de escola acusada de maus-tratos relatam que eram orientadas a amarrar bebês em banheiro para não serem ouvidos da rua
Professoras de escola acusada de maus-tratos relatam que eram orientadas a amarrar bebês em banheiro para não serem ouvidos da rua

Redação Publicado em 17/03/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h22


Duas professoras que trabalhavam na Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo, suspeita de tortura contra crianças, disseram ao g1 que eram orientadas pela diretora a amarrar as crianças em um banheiro para evitar que elas chorassem em sala de aula.

Segundo as professoras, a diretora alegava que queria manter uma “boa impressão”, alegando que “os choros poderiam ser ouvidos pelas pessoas que estivessem passando pela rua da escola ou pais que estivessem visitando o local”, que poderiam imaginar que as crianças estariam sendo maltratadas de alguma maneira.

“Ela mesma levava para o banheiro, até brigava com os professores, questionando o motivo que a criança que estava chorando ainda não tinha sido levada para o banheiro. Quando elas estavam chorando não podiam ficar em sala de aula, porque se alguém estivesse andando na rua e ouvisse a criança chorando ia imaginar que elas podiam estar sendo maltratadas. Ela queria dar a aparência de uma escola perfeita”.

Em nota, as donas da escola citadas pelas mães e pelas professoras, Roberta Regina Rossi Serme e a irmã, Fernanda Carolina Rossi Serme, informaram que, “a Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica ME suspendeu as atividades temporariamente”. “Mais do que ninguém a instituição quer saber o propósito dessas acusações incabíveis, inverídicas e aterrorizantes em que foram expostas”, diz o texto (veja nota completa no final da reportagem)

Polícia apura suspeita de tortura

A Polícia Civil também apura a suspeita de tortura contra crianças na escola. Mães de duas crianças que aparecem em vídeos amarradas e chorando foram ouvidas pela investigação. Elas disseram que seus filhos voltavam para casa feridos e doentes quando saíam do berçário da escola.

Uma professora que prefere não ser identificada, afirmou que sempre que a diretora Roberta Regina Rossi Serme, de 40 anos, ouvia uma criança chorando, ela mesma ia até a sala de aula, reprendia a criança e se ainda assim continuasse chorando, a diretora a levava para o banheiro.

“Ela entrava na sala e mandava a criança calar a boca, quando a criança chorava muito, ela tirava eles da sala de aula e levava até o banheiro e deixava lá trancado no escuro no bebê conforto. Quando era uma [criança] maiorzinha, ela levava para ficar sentado no chão da própria sala por horas, muitas chegavam a dormir sentados de tão cansados”, afirmou a professora que trabalhou no local de novembro até fevereiro no local.

Uma outra professora que trabalhou na escola infantil entre julho e dezembro de 2021, afirmou que assim que começou a trabalhar no local, a própria diretora relatou que costumava “embalar” os bebês para que eles dormissem melhor.

A professora também relatou que com o passar do tempo, além de amarrar os bebês, a diretora também levava eles para o banheiro, apagava a luz e fechava a porta do local. “Ela vinha com a desculpa de que era para evitar que as pessoas da rua ouvissem os choros porque poderiam interpretar isso da maneira errada”.

“Ela se irritava muito com o choro, nós não colocávamos eles no banheiro, sempre tentávamos acalmá-los na sala mesmo. Quando o choro persistia ela entrava nervosa na sala afirmando que não queria criança chorando em sala de aula, nisso ela fazia a amarração e levava a criança para o banheiro, em alguns casos ela pedia para a tia da limpeza ajudar ela”.

Segundo os relatos, cerca de sete professoras trabalhavam no local, uma das professoras ouvidas pelo g1 informou que a equipe tinha medo de repreender ou interferir na prática da diretora. “Ela é a dona, ela dava ordens, porém, eu mesma nunca levaria para o banheiro, muito menos prender eles com lençóis”.

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G1

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