O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, poderá ser conduzido de forma coercitiva à próxima sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o
Redação Publicado em 07/02/2020, às 00h00 - Atualizado às 23h10
O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, poderá ser conduzido de forma coercitiva à próxima sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o incêndio no Ninho do Urubu, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). No incêndio, ocorrido há um ano, morreram 10 adolescentes das categorias de base do clube e três ficaram feridos.
Landim faltou à sessão desta sexta-feira (7), para a qual estava convocado, e o presidente da CPI, deputado Alexandre Knoploch (PSL), determinou que, se ele ou o vice-presidente jurídico do clube, Rodrigo Dunshee, não comparecerem, Landim será trazido sob força policial.
“Se eles não estiverem aqui no primeiro horário, às 11h da próxima sexta-feira [14], aí uma viatura da Polícia Civil irá buscá-los para poder prestar aqui os esclarecimentos devidos. Estamos respeitando entendimento do STF [Supremo Tribunal Federal], de que só poderia haver condução coercitiva em uma segunda chamada. Tivemos um entendimento com o Flamengo [de] que eles virão espontaneamente – aqui não é um tribunal de inquisição”, disse Knoploch.
A deputada Renata Souza (PSOL), integrante da CPI e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, mostrou-se decepcionada com a atitude do Flamengo, por não enviar seu presidente à comissão. “O Flamengo está sendo negligente nesta questão. Recebi com muita preocupação a ausência dos dirigentes na CPI, diante da necessidade de um debate público. Muitas das famílias não moram no Rio de Janeiro. É uma oportunidade para o clube dar um respaldo minimamente transparente às suas ações com relação à reparação a essas famílias”, disse Renata.
O ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello compareceu à audiência e, na saída, falou rapidamente com os jornalistas. Ele foi indiciado em inquérito da Polícia Civil como um dos responsáveis pela tragédia, que deixou 10 adolescentes mortos e três feridos, no incêndio que consumiu o alojamento, dentro de um contêiner, onde eles dormiam, no dia 8 de janeiro de 2019. Bandeira negou que tenha responsabilidade sobre as mortes: “De jeito nenhum. Eu fiquei seis anos lá. Quando eu saí, estava todo mundo vivo e com saúde.”
A advogada da família do atleta Pablo Henrique, Mariju Maciel, afirmou que o Flamengo não estava sendo justo na questão. “Uma vez o Flamengo fez contato comigo para botar o teto [de indenização] dele, não estabelecendo uma negociação, dizendo que o teto era aquele e que, se a família aceitasse, sim, se não, não estavam abertas negociações. Isso foi uns seis meses atrás, o único contato. E, com a família que eu represento nenhum contato, nem na entrega do caixão. Um total desrespeito e uma total falta de carinho”, disse a advogada.
O pai de Pablo, Wedson Cândido, queixou-se da atitude do clube, que praticamente não demonstrou interesse em manter contato com a família ao longo de um ano.
“É um sentimento de muita frustração, de abandono. O Flamengo nos abandonou. Eu confiei meu filho ao Flamengo, e ele devolveu o meu filho num caixão. O sonho do meu filho era jogar no Maracanã lotado. Eles interromperam 10 sonhos [de jovens] que pensavam em dar um futuro grande para a família”, lamentou Wedson, que estará novamente na CPI, na próxima sexta-feira, quando serão ouvidos outros dirigentes do clube.
Em vídeo publicado no último sábado (2) em suas redes sociais, o Flamengo classifica a tragédia como a maior da história do clube e afirma reconhecer sua responsabilidade, independentemente de culpa.
“Para nós, do Flamengo, nos aparenta ter sido um lamentável acidente, mas temos responsabilidade como guardiões dos adolescentes”, disse o vice-presidente geral e jurídico do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches. Além do ex-presidente Bandeira de Mello, também esteve presente na CPI o diretor executivo (CEO) do clube, Reinaldo Belloti.
AGENCIA BRASIL
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