Diário de São Paulo
Siga-nos

PM acusado de matar com tiro na nuca adolescente que ia comprar bolachas no ABC vai a júri em 2022

A Justiça marcou para as 13h30 do dia 29 de março de 2022 o julgamento do policial militar acusado de balear e matar com um tiro na nuca um adolescente que ia

PM acusado de matar com tiro na nuca adolescente que ia comprar bolachas no ABC vai a júri em 2022
PM acusado de matar com tiro na nuca adolescente que ia comprar bolachas no ABC vai a júri em 2022

Redação Publicado em 27/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 07h27


A Justiça marcou para as 13h30 do dia 29 de março de 2022 o julgamento do policial militar acusado de balear e matar com um tiro na nuca um adolescente que ia ao mercado comprar bolachas em Santo André, no ABC Paulista. O estudante Luan Gabriel Nogueira de Souza tinha 14 anos quando foi morto pelo cabo Alécio José de Souza, em 5 de outubro de 2017.

O agente da Polícia Militar (PM) alegou à época que estava com outro colega a corporação numa viatura a procura de ladrões de moto na região. E que atirou diversas vezes contra os criminosos para se defender deles, depois de terem sido recebidos a tiros.

Desde então o policial militar Alécio foi afastado dos patrulhamentos de rua e responde ao crime de homicídio em liberdade. O júri popular será conduzido pela juíza Milena Dias. Caberá a magistrada dar a sentença ao réu a partir da decisão dos jurados. Eles poderão absolver ou condenar o acusado.

O policial chegou a ser preso preventivamente em agosto de 2018, por determinação da Justiça. Mas foi solto em outubro daquele mesmo ano após nova decisão judicial dessa vez favorável a um pedido de liberdade feito por sua defesa.

“O acusado confessou na delegacia e na Justiça que efetuou os disparos, mas diz que agiu em legitima defesa. No entanto, os laudos técnicos do Instituto de Criminalística [IC], as testemunhas ouvidas na delegacia e na Vara do Júri e as investigações da Polícia Civil demonstraram que não houve nenhum confronto no local”, disse o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, que acompanha o caso.

Segundo a Polícia Civil, nunca ficou comprovado nas investigações de que criminosos estavam roubando motos na região. De acordo com a perícia, Luan e os demais adolescentes que estavam com ele não estavam armados quando os PMs começaram a atirar.

“De fato, as provas e testemunhas atestaram que foi uma execução praticada por quem deveria proteger, e não matar”, disse Alves.

Acusação

De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP), o policial militar Alécio atirou a esmo contra um grupo de suspeitos de roubarem motos na Travessa 7 da Rua Paraúna, no Parque João Ramalho. O outro PM não atirou.

No boletim de ocorrência do caso, os dois agentes da PM haviam alegado que foram recebidos a tiros por um ladrão de motos que empunhava um revólver calibre 38 e depois fugiu com a arma.

No revide de Alécio, a bala feriu Luan, instantes antes de ele chegar ao mercado comprar bolachas com o troco que tinha ganhado da mãe de um amigo.

Testemunhas contaram ter visto o cabo se aproximar do corpo do adolescente e dar disparos em direção ao local onde estava anteriormente, na tentativa de forjar um tiroteio que não existiu.

.

.

.

.

G1

Compartilhe  

últimas notícias