Policiais federais prenderam, em caráter preventivo, dois suspeitos de assassinar o professor e coordenador regional da Comissão de Caciques e Lideranças da
Redação Publicado em 23/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h19
Policiais federais prenderam, em caráter preventivo, dois suspeitos de assassinar o professor e coordenador regional da Comissão de Caciques e Lideranças da Terra Indígena Arariboia (Cocalitia), Zezico Rodrigues Guajajara. A identidade deles não foi divulgada.
Militante da luta contra a invasão e a extração ilegal de madeira da reserva indígena, localizada no Maranhão, Zezico foi morto a tiros no dia 31 de março.
Segundo a PF, os suspeitos são dois índios que viviam na mesma terra indígena que Zezico – um deles, na mesma aldeia que o professor, a Zutíua, no município de Arame (MA), a cerca de 270 quilômetros de Imperatriz. O cacique da aldeia, no entanto, afirma que um deles não é indígena, mas vive na reserva por ser casado com uma índia.
Segundo a PF, enquanto cumpriam os mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara da Justiça Federal em São Luís, os policiais não encontraram os dois, que se apresentaram posteriormente na delegacia da PF em Imperatriz, acompanhados por um advogado.
Após serem interrogados, os dois foram encaminhados ao sistema prisional. Eles foram indiciados por homicídio e, se forem considerados culpados, podem ser condenados a penas que variam de seis a 20 anos de prisão. A PF informou que, durante a investigação, encontrou evidências da participação dos indígenas no assassinato.
Apenas um dia após Zezico ser emboscado, a cerca de 3 quilômetros da aldeia Zutiua, quando retornava da cidade de Grajaú, o cacique Paulino Rodrigues Guajajara disse à Agência Brasil que a comunidade indígena suspeitava que o professor tinha sido morto por outro índio da própria região; alguém que, segundo ele, tinha “raiva” e “inveja” da liderança do professor.
O cacique disse hoje (23) à Agência Brasil que os assassinos são cunhados. Ele ressaltou que, embora um deles viva na Terra Indígena Arariboia, casado com uma indía, não é indígena. De acordo com Paulino Guajajara, o “não índio induziu” o indígena a matar Zezico. O crime, segundo Paulino Guajajara, agravou a tensão na região. “A gente está com medo e pedindo segurança para a aldeia porque as coisas aqui estão tão tensas que não conseguimos mais fazer as coisas do dia a dia.”
Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Zezico foi o quinto membro da etnia Guajajara assassinado na região desde meados de novembro de 2019. Entre eles está o líder Paulo Paulino Guajajara, integrante do grupo Guardiões da Floresta, formado pelos próprios indígenas para monitorar e defender seus territórios. Paulino também foi morto a tiros, em novembro.
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