A Polícia Federal e a Prefeitura de Jales (SP) investigam se há outros servidores envolvidos no esquema de desvio de verba pública da saúde e da educação no
Redação Publicado em 02/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h20
A Polícia Federal e a Prefeitura de Jales (SP) investigam se há outros servidores envolvidos no esquema de desvio de verba pública da saúde e da educação no esquema investigado na operação Farra do Tesouro. Cinco pessoas foram presas pela PF, na terça-feira (31), suspeitas de desviar mais de R$ 5 milhões.
A prefeitura exonerou a secretária de Saúde, Maria Aparecida Martins, e a diretora financeira, Érica Cristina Carpi Oliveira, após elas serem presas pela PF. Além das duas, foram presos o marido de Érica, Roberto Santos Oliveira, a irmã Simone Carpi Brandt e o cunhado dela, Marlon Brandt.
As prisões temporárias têm validade de cinco dias. Após prestar esclarecimentos, a Justiça revogou a prisão de Maria Aparecida, que alegou ser negligente ao assinar cheques em branco e deixá-los sob os cuidados da tesoureira.
“Queremos saber se tinha mais alguém envolvido e de que forma o desvio do dinheiro era feito”, afirmou o prefeito de Jales, Flávio Prandi (DEM).
Nesta quarta-feira (1º), outros servidores da prefeitura prestaram depoimentos aos policiais federais. “Nós também determinamos ao nosso Departamento Jurídico que preceda as ações de bloqueio de bens da prefeitura, como contas e senhas”, acrescentou o prefeito.
“Assinar cheques em branco não é uma prática comum em nenhuma das secretarias. Isso também queremos identificar porque a secretária foi ouvida, liberada e vamos aguardar a investigação da PF para nos posicionarmos”, disse Flávio Prandi.
A TV TEM conversou com o marido de Érica e ele disse que não teve acesso ao inquérito e, por isso, não poderia se posicionar sobre o caso. Os advogados dos demais acusados disseram que se posicionariam após a confirmação de que eles cuidariam da defesa dos envolvidos.
Segundo a PF, Érica era responsável por realizar todos os pagamentos da prefeitura. A tesoureira emitia cheques da prefeitura, pagava boletos bancários das empresas do marido, e até transferia valores diretamente das contas públicas, principalmente da área da saúde, em benefício próprio, de seus familiares, fornecedores pessoais e de empresas.
“Ela criava as contas com recursos de saúde. Para que os cheques fossem emitidos, precisava da assinatura da tesoureira e da secretária. Em depoimento, a secretária não exime a responsabilidade de negligência, mas não identificamos que ela foi beneficiada. Então, pedi que fosse revogada a prisão temporária apenas dela”, diz o delegado.
Os valores desviados eram ocultados em bens móveis e imóveis, além de financiar as empresas que foram abertas nas cidades de Jales e Santa Fé do Sul (SP).
As investigações da PF começaram no início deste ano. Segundo a PF, há vários anos, a tesoureira seria a mentora do esquema de desvios. Ela foi contratada em 2005 para trabalhar na prefeitura sem concurso público. Ela e vários parentes seriam os principais beneficiários dos recursos desviados.
A polícia localizou cheques emitidos da conta do setor de Saúde da prefeitura, assinados pela tesoureira e pela secretária da Saúde, tendo como beneficiários boutiques de grife, lojas de joias e decoração, salões de beleza, salões de festas, arquitetos, clínicas estéticas, móveis planejados.
As investigações apontaram que, somente nos últimos dois anos, ela teria desviado aproximadamente R$ 2 milhões. Os 13 mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências dos presos, nas empresas do marido da tesoureira e também nas residências dos secretários da Fazenda e Saúde.
O casal preso pela PF é suspeita de pagar até buffet com dinheiro público, conforme divulgou a polícia. Segundo a investigação da PF, foram localizados cheques emitidos da conta da Saúde da prefeitura, assinados pela tesoureira e pela secretária da Saúde, tendo como beneficiários boutiques de grife, lojas de joias e decoração, salões de beleza, salões de festas, arquitetos, clínicas estéticas, móveis planejados.
“Uma vida de luxo bancada pelo contribuinte, pela população. Em pouco tempo, eles tinham um patrimônio imenso, e algumas diligências mostraram que o patrimônio cresceu muito rápido”, afirma o delegado da PF Cristiano Pádua.
Na internet, a família da tesoureira exibia uma vida de luxo. Festas, aniversários com camisetas personalizadas e fins de semana em uma chácara na Zona Rural de Jales que, segundo a PF, é avaliada em R$ 1,5 milhão e teria sido construída com dinheiro desviado dos cofres públicos. Durante a operação, a PF encontrou cerca de R$ 16 mil em dinheiro no quarto da irmã de Érica.
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