Uma pesquisa inédita sobre os impactos da pandemia da covid-19 na vida das famílias e a qualidade das informações veiculadas sobre a doença na comunidade de
Redação Publicado em 05/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 15h55
Uma pesquisa inédita sobre os impactos da pandemia da covid-19 na vida das famílias e a qualidade das informações veiculadas sobre a doença na comunidade de Heliópolis, na zona Sul da cidade de São Paulo, mostrou que 5% das famílias apontam a necessidade de mais dados sobre os casos e a situação dos hospitais da região. A meta do estudo é compreender as necessidades da população e prover informações consistentes para a tomada de ações.
Segundo o levantamento – feito pela União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região (UNAS), por meio do Observatório de Olho na Quebrada – a qualidade das informações que estão sendo veiculadas gera preocupação.
Atribuindo uma nota de zero a dez, a pesquisa indicou que as pessoas não se sentem bem informadas sobre a real situação da pandemia em Heliópolis, sendo 5,6 a nota média apontada nas respostas. A média de quanto as pessoas se sentem bem informadas sobre como se prevenir foi de 8,5.
O estudo observou também que 49% dos moradores utilizam muito os aplicativos de mensagem como fonte de conhecimento, e a desinformação e a disseminação de notícias falsas representam uma preocupação. Segundo os organizadores do projeto, os pesquisadores estão monitorando grupos locais de whatsapp e já identificaram, por exemplo, a divulgação de fake news (notícias falsas) referentes aos casos de covid-19.
“Percebemos que o nosso território não é bem representado pela mídia e pelos dados oficiais. Isso ficou ainda mais claro com a pandemia do novo coronavírus. Não há dados oficiais sobre o avanço e os impactos do coronavírus em nossa favela, bem como nos outros territórios periféricos. Com isso, as pessoas estão ainda mais vulneráveis, não apenas ao vírus, mas também a notícias falsas, compartilhadas principalmente em grupos deWhatsApp” disse o coordenador do projeto, Reginaldo José.
Segundo os dados, 63% das famílias têm renda de até dois salários mínimos e 68% já tiveram perdas no rendimento mensal desde a adoção das medidas de isolamento social impostas pela pandemia. Destas, 20% afirmam não contar com mais nenhuma renda. Mais 65% disseram ter parado de trabalhar ou estudar devido às medidas de isolamento social.
O questionário indicou, ainda, que 3% dos entrevistados tiveram algum parente com sintomas da covid-19, sendo que 14% disseram que alguém da família precisou ir ao hospital. Sobre o atendimento nas unidades de saúde, 5% contaram que não foram atendidos, 18% não consideraram o atendimento bom e 47% afirmaram que foi bom.
Dinheiro e trabalho (19%), seguido de alimentos (15%), são as principais necessidades levantadas pelas famílias. Insumos de higiene e proteção (álcool em gel e máscaras) somam 11%. Pelo menos 29% vivem em domicílios onde moram quatro pessoas.
A pesquisa foi realizada via formulário online entre os dias 27 e 29 de março, com 514 dos formulários enviados respondidos, o que corresponde a 79%.
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Agência Brasil
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