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Pescadores informais do Rio Doce são beneficiados por projeto-piloto

A Fundação Renova, entidade criada para reparar os prejuízos decorrentes do rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), concluiu em dezembro

Pescadores informais do Rio Doce são beneficiados por projeto-piloto
Pescadores informais do Rio Doce são beneficiados por projeto-piloto

Redação Publicado em 12/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 17h23


Na 1ª etapa, 150 receberam indenização por danos da barragem de Fundão

A Fundação Renova, entidade criada para reparar os prejuízos decorrentes do rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), concluiu em dezembro passado o projeto-piloto Pescador de Fato, criado para identificar pescadores comerciais artesanais que não conseguem comprovar o exercício da profissão.

Muitos dos pescadores atingidos em toda a bacia do Rio Doce não conseguiram receber indenização pelo impacto causado pela tragédia, em novembro de 2015, por causa da elevada informalidade na atividade.

A aplicação de uma metodologia desenvolvida pela Renova reconheceu nesta primeira etapa 150 pescadores, dos quais 14 são mulheres, que trabalhavam sem o documento de ofício ativo e se tornaram aptos a receber indenização da fundação pelos danos do rompimento da barragem de Fundão.

O coordenador de Políticas Sociais e de Indenização da fundação, André Vasconcelos, informou que quase todas as indenizações já foram pagas a esses 150 pescadores. “As evidências coletadas a partir das falas das pessoas e do que a comunidade trouxe para a gente nos levou a obter 150 pessoas elegíveis em um total de 276 [participantes]”.

Na avaliação do coordenador, os resultados foram considerados bastante consistentes e a Renova vai estender o projeto para demais comunidades ao longo do Rio Doce. Segundo Vasconcelos, a fundação já está na fase de contratação de equipes e capacitação dos profissionais para dar continuidade ao Pescador de Fato.

Projeto-piloto

Segundo a fundação, o Pescador de Fato surgiu a partir da demanda das comunidades da foz do Rio Doce para o reconhecimento do pescador artesanal que exercia a atividade de forma comercial, mas sem Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP, cédula de identificação profissional) ativo junto ao governo. Iniciado em dezembro de 2018, o projeto-piloto foi feito nas comunidades de Regência e Povoação, distritos de Linhares (ES), e em Conselheiro Pena (MG).

O reconhecimento dos pescadores artesanais envolveu oficinas comunitárias para levantamento das especificidades da pesca local, atendimento individual para que contassem a sua rotina na atividade, além de um parecer quanto à elegibilidade e encaminhamento aos escritórios de indenização para os casos aplicáveis.

Durante as oficinas comunitárias, foi desenvolvida a Cartografia da Pesca, que traçou um retrato da atividade no local, por meio de mapas, desenhos e narrativas coletivas dos pescadores que contaram como funciona a rotina em cada comunidade pesqueira artesanal.

Para quem não tinha como apresentar documentos oficiais secundários que pudessem comprovar a atividade pesqueira, como uma certidão de casamento em que constasse a profissão de pescador, a pessoa precisou narrar como se dá a vida dela no contexto da pesca para confirmar se a atividade era seu principal meio de vida.

Durante o processo, os pescadores informais também precisaram entregar uma declaração na qual mais dois pescadores confirmavam suas atividades.

Segundo a Renova, cerca de 11 mil pescadores no Espírito Santo e em Minas Gerais foram reconhecidos como tendo direito ao auxílio financeiro emergencial e ao programa de indenização mediada. Ao todo, foram desembolsados R$ 1,4 bilhão entre indenizações e auxílio financeiro para esta categoria. No Espírito Santo, 6,2 mil pescadores foram indenizados. Em Minas Gerais, foram 5,3 mil.

ABr

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