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Passageiras relatam ‘sensação de morte’ e trauma após turbulência severa em voo: ‘Eu realmente achei que o avião ia cair’

Terror em terra e terror no céu. Durante o temporal que atingiu o Oeste Paulista na noite do último sábado (23), passageiros de um avião que pousaria no

Passageiras relatam ‘sensação de morte’ e trauma após turbulência severa em voo: ‘Eu realmente achei que o avião ia cair’
Passageiras relatam ‘sensação de morte’ e trauma após turbulência severa em voo: ‘Eu realmente achei que o avião ia cair’

Redação Publicado em 26/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 06h58


Terror em terra e terror no céu. Durante o temporal que atingiu o Oeste Paulista na noite do último sábado (23), passageiros de um avião que pousaria no Aeroporto Estadual de Presidente Prudente (SP) tiveram cerca de 1h30 de tensão devido a uma turbulência severa.

Quem estava no voo AD5069, da companhia Azul Linhas Aéreas, considerou traumatizante a tentativa da aeronave de passar pela camada de tempestade.

O avião, que havia saído do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), não conseguiu desembarcar no destino final da rota, em Presidente Prudente, e precisou fazer um desvio para descer em São José do Rio Preto (SP). Os passageiros tiveram de enfrentar uma viagem rodoviária de quase 300km de distância, em ônibus, entre as duas cidades.

Apesar do sustoturbulências, mesmo as mais intensas, não costumam causar maiores prejuízos ao avião.

g1 solicitou nesta segunda-feira (25) um posicionamento à Azul Linhas Aéreas sobre o assunto e sobre os relatos apresentados pelas passageiras ouvidas pela reportagem, mas ainda não obteve resposta.

No domingo (24), a companhia divulgou uma nota oficial na qual disse que os seus clientes e tripulantes “receberam todo o atendimento necessário” (veja a íntegra no fim da reportagem).

Passageiras relatam pavor

O avião decolou às 22h17, no Aeroporto de Viracopos, em Campinas, com horário de pouso em Presidente Prudente estimado para as 23h40, mas a rota virou um “zigue-zague” para tentar contornar as condições meteorológicas, e foi tomada por “angústia e pânico”.

Ainda tentando relaxar, uma passageira de 32 anos, que pediu para não ser identificada, afirmou ao g1 que foi “muito assustador, muito pesado” o período que viveu no voo. A mulher, que, inclusive, já atuou como piloto comercial, também questionou as atitudes da companhia aérea.

Ela mostrou as voltas realizadas no voo e afirmou que os procedimentos duraram cerca de 1h30, com “turbulências severas”.

“Eu realmente achei que o avião ia cair. A comissária que estava em pé distribuindo água bateu a cabeça no teto e caiu no chão. Logo se levantou com a ajuda dos passageiros e sentou em um banco”, disse.

Ainda segundo relato da passageira, havia crianças, idosos e gestantes no voo, e o piloto só deu um recado para os passageiros:

“Estamos passando por uma área de turbulência, fiquem com os cintos afivelados, vamos tentar passar essa camada e pousar”.

Ela ressaltou que a tentativa de perfurar a camada de turbulência estendeu-se por 1h30. “No aeroporto de Presidente Prudente, a chuva estava fraca, o aeroporto estava sem vento, mas, pra chegar nesse momento de descida, ele tinha que passar por essa tempestade”, relatou.

No dia 20 de outubro, o Globocop flagrou uma arremetida no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio. Assista abaixo:

De acordo com a passageira, durante o “filme de terror”, ela só pedia para Deus dar força e discernimento ao piloto, para que ele conseguisse sair da situação em que estavam.

“Eu vi um pai debruçado em cima do filho, segurando o filho dele, e, de repente, o avião inteiro, todos os passageiros juntos começaram a orar. Essa oração deu força e um pouco de acalento a todos. Ficamos rezando sem parar durante essa 1h30″, contou.

Rota virou um 'zigue-zague' para tentar contornar as condições meteorológicas — Foto: Reprodução/Flightradar24
Rota virou um ‘zigue-zague’ para tentar contornar as condições meteorológicas — Foto: Reprodução/Flightradar24

Segundo a passageira, o piloto pediu desculpas e mudou a rota.

“Enfim, ele não conseguiu pousar em Presidente Prudente e decidiu alternar para São José do Rio Preto. Aí ele, o piloto, nos fez um comunicado falando que era uma tempestade muito severa, que ele tentou por inúmeras vezes perfurar aquela camada e não conseguiu. Pediu desculpas pela turbulência severa que passamos e que iríamos alternar para São José do Rio Preto”, disse.

A rota de São José do Rio Preto até o pouso foi calma, conforme a passageira, porém, todos ainda estavam muito assustados. “Os comissários e mais ninguém se levantou. Foram passando água de trás para frente até chegar nas primeiras poltronas, pelos próprios passageiros. O pouso em São José do Rio Preto foi à 0h57”, contou.

Uma senhora falou que foi a fé que segurou o avião e a oração que os passageiros fizeram juntos, contou ainda.

“Quando o avião pousou, todos os passageiros estavam sem força, mas foi uma alegria muito grande quando o avião pousou e a gente estava seguro no chão. Foi 1h30 de voo muito tenso, turbulência muito pesada”, afirmou.

Segundo a passageira, os funcionários não sabiam o que fazer, não havia preparo para a situação no aeroporto de São José do Rio Preto. Integrantes do Corpo de Bombeiros estiveram no local para prestar socorro aos que passaram mal.

“Alguns passageiros foram encaminhados diretamente para o hospital, muitas pessoas ficaram ali no chão respirando, tomando ar. A Azul não ofereceu água para nós em momento nenhum, eu estava com muita sede porque eu fiquei uma hora e meia rezando sem parar, minha boca estava seca. Eu pedi água e um segurança do aeroporto falou onde tinha um bebedouro”, declarou.

De acordo com a mulher, não tinha lanchonete aberta e a companhia Azul “não tinha nada pra oferecer”. “Os passageiros fizeram fila nesse bebedouro, todos traumatizados para tomarem água”, lembrou.

Então, foi citado pela companhia que um ônibus seria disponibilizado para o transporte rodoviário de São José do Rio Preto a Presidente Prudente.

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G1
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