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‘Parte da população não sabe ler’, diz diretor da Cetesb sobre falta de placa para indicar área contaminada por chumbo

Obviamente isso vai ser colocado, mas parte dessa população, pasme, não tem leitura, não sabe ler", justificou o diretor-presidente da Companhia Ambiental do

‘Parte da população não sabe ler’, diz diretor da Cetesb sobre falta de placa para indicar área contaminada por chumbo
‘Parte da população não sabe ler’, diz diretor da Cetesb sobre falta de placa para indicar área contaminada por chumbo

Redação Publicado em 27/08/2018, às 00h00 - Atualizado às 11h19


Obviamente isso vai ser colocado, mas parte dessa população, pasme, não tem leitura, não sabe ler”, justificou o diretor-presidente da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Carlos Roberto dos Santos, à TV TEM sobre a falta de placas e sinalização na área que funcionava um garimpo ilegal de chumbo em Sorocaba (SP).

Análises laboratoriais requisitadas pela emissora mostram que o solo em torno da antiga fábrica de baterias está contaminado. A situação era de conhecimento da Cetesb desde 2011.

A reportagem exibida pelo Fantástico neste domingo (26) mostrou que moradores que vivem perto do local podem estar consumindo alimentos contaminados com metais pesados. Uma horte e um parquinho foram montados perto das casas. Crianças passam o dia brincando no espaço.

O diretor-presidente da Cetesb afirmou que agentes acompanham a situação. “Fazemos vistorias rotineiras nessa fábrica mesmo com as atividades encerradas”, diz.

Diretor-presidente da Cetesb diz que população de área contaminada de Sorocaba não sabe ler  (Foto: TV Globo/Reprodução)

Diretor-presidente da Cetesb diz que população de área contaminada de Sorocaba não sabe ler (Foto: TV Globo/Reprodução)

Na semana passada foram colhidas nove amostras de terra no entorno dos 165 mil metros quadrados da Saturnia, fábrica que parou de funcionar em 2011, e decretou falência em 2016.

Em um dos locais, o parquinho é a diversão das crianças há dois anos. O espaço foi montado pelos moradores por ser uma região arborizada, mas eles não imaginavam que o local escondia um risco.

O toxicologista Fernando Barbosa Júnior, da USP de Ribeirão Preto, analisou o solo do parquinho e encontrou uma concentração de chumbo que pode oferecer risco às crianças.

“As crianças podem vir a estar expostas por inalação de material particulado contendo chumbo ou também poderiam estar expostas com contato manuseando chumbo com as mãos e levando esse solo até a boca”, explica.

Ainda segundo o especialista, o chumbo cai na corrente sanguínea e pode promover vários efeitos nas crianças, principalmente relacionados ao sistema nervoso.

Análises mostram que parquinho de Sorocaba está com o solo contaminado  (Foto: TV Globo/Reprodução)

Análises mostram que parquinho de Sorocaba está com o solo contaminado (Foto: TV Globo/Reprodução)

Ao lado do parquinho, os moradores ainda fizeram uma horta com mandioca, que também está contaminada: mais de seis vezes o nível aceitável.

Das nove amostras, quatro em áreas da empresa e cinco em regiões próximas, em todas foram encontrados metais pesados. “Nós encontramos valores que são valores de potencial risco à saúde humana”, completa.

Garimpo a céu aberto

A área do garimpo continua aberta, mas a Polícia Militar reforçou rondas na região após a repercussão da denúncia. O representante da massa falida, Sadi Montenegro, afirmou em reunião com a prefeitura da cidade que irá instalar placas no local.

A Cetesb também conta que multou a empresa em R$ 250 mil e que vai investigar o tamanho da área contaminada. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi montada na Câmara de Sorocaba para apurar a situação. O Ministério Público e a prefeitura também acompanham o caso.

Garimpo ilegal de chumbo foi descoberto em Sorocaba  (Foto: Reprodução/TV TEM)

Garimpo ilegal de chumbo foi descoberto em Sorocaba (Foto: Reprodução/TV TEM)

A área que abriga restos de baterias e lixo tóxico fica no bairro Iporanga, escondida por um matagal. Há alguns meses, moradores descobriram que as placas de chumbo enterradas no terreno poderiam ser vendidas.

Com câmeras escondidas, os produtores flagraram dezenas de pessoas escavando o terreno. Alguns garimpeiros relataram terem lucrado até R$ 1 milhão com a extração dos metais.

O promotor do meio ambiente de Sorocaba, Jorge Marum, conhece a Saturnia desde os anos 90, quando recebeu uma denúncia de contaminação dos funcionários da empresa.

“A informação que eu tinha era que a fábrica estava desativada, que havia material poluente lá, mas só ultimamente é que as pessoas começaram a entrar no local e a retirar coisas de lá” diz Jorge.

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