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Parque aquático que ‘inaugurou’ turismo em Olímpia atrai dois milhões de visitantes por ano

A Estância Turística de Olímpia, a 430 quilômetros de São Paulo, é hoje um dos principais destinos turísticos para quem gosta de se divertir em águas quentes.

Parque aquático que ‘inaugurou’ turismo em Olímpia atrai dois milhões de visitantes por ano
Parque aquático que ‘inaugurou’ turismo em Olímpia atrai dois milhões de visitantes por ano

Redação Publicado em 25/06/2017, às 00h00 - Atualizado às 11h40


A Estância Turística de Olímpia, a 430 quilômetros de São Paulo, é hoje um dos principais destinos turísticos para quem gosta de se divertir em águas quentes. Grande parte disso se deve à instalação do primeiro parque aquático da cidade, o Thermas dos Laranjais, inaugurado em 1987 e considerado um dos principais complexos turísticos da América Latina.

Atraídos pelo parque, mais de dois milhões de turistas visitam a cidade por ano, número 40 vezes maior do que o de moradores, que era de 53 mil em 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para acomodar tanta gente, a cidade passou por uma transformação radical. Terrenos vazios deram lugar a grandes canteiros de obras que viraram pousadas, hotéis e resorts. O número de leitos saltou de 700, em 2009, para 14,7 mil, distribuídos da seguinte forma:

  • 51 pousadas
  • 21 hotéis
  • 2 hotéis fazenda
  • 4 resorts
  • 370 casas para temporada

Segundo a prefeitura, há ainda outros quatro resorts em construção, que devem fazer o número de leitos se aproximar de 17 mil. O parque também rendeu ao município, em 2014, o status de estância turística, que permite o recebimento de verbas específicas para o incentivo ao turismo.

Foi de olho no potencial econômico do parque que o Tuti Resort foi inaugurado, em 2008. O empreendimento foi pioneiro em oferecer acesso exclusivo ao parque para os hóspedes. Por esse benefício, o resort paga uma taxa de 2% do seu faturamento em forma de royalties ao Thermas, e fica com 20% do valor dos ingressos que vende aos hóspedes. “O resort foi construído já com foco no número de visitantes recebidos pelo clube à época, que ainda era de um milhão de pessoas por ano”, diz o diretor presidente do resort, Caia Piton.

De laranja a água quente

O local, que é o quarto parque aquático mais visitado do mundo – segundo ranking da TEA/AECOM de 2016 –, começou com a plantação de laranjas. Produtores usavam as águas quentes do Aquífero Guarani na indústria da laranja.

Quando o setor entrou em crise, o empresário Benito Benatti reuniu sócios e criou o clube que usaria a água quente para lazer. De 1987 até 2002, o Thermas funcionou como um espaço privado.

Por causa da procura cada vez maior, os associados resolveram investir em atrações diversas e abriram os portões para turistas. No começo, a maior parte dos visitantes era do Estado de São Paulo, mas atualmente recebe pessoas de todo o país.

Em 2016, o parque conseguiu alcançar o melhor índice de crescimento, 11,2%, em número de visitantes entre os 10 parques aquáticos mais visitados do mundo, de acordo com o ranking da TEA/AECOM. 2

Até 2002, clube era frequentado só por associados (Foto: Divulgação)

Até 2002, clube era frequentado só por associados (Foto: Divulgação)

A reportagem do G1 visitou o local no último fim de semana de maio e encontrou o parque cheio. “É a quarta vez que venho com a família. A gente se diverte e relaxa. O fato de a água ser quente faz com que fique ainda melhor”, diz a telefonista Kátia Ribeiro Fractucello, de 46 anos, moradora de Santo André.

Opinião compartilhada por Dalila Santos, de 20 anos, que é de Campinas e também visitava o parque pela quarta vez. Ela foi com as filhas gêmeas, Isadora e Isabella, de 4 anos. “Não tem como comparar este parque com nenhum outro. Além de ter preço bom, as meninas gostam e nos divertimos muito.”

Dalila Santos e as filhas gêmeas, Isadora e Isabella, no Thermas dos Laranjais (Foto: Renata Fernandes/G1)

Dalila Santos e as filhas gêmeas, Isadora e Isabella, no Thermas dos Laranjais (Foto: Renata Fernandes/G1)

Nem o acidente que deixou tetraplégico o empresário Carlos Alberto Magon, em julho de 2015, pareceu afastar os visitantes. Foram quase dois milhões em 2016, número que o parque quer aumentar em pelo menos 10%, em 2017, com a inauguração de novas atrações.

“Teremos em breve a montanha-russa aquática, a maior da América Latina, e a intenção é inaugurar ainda no segundo semestre o Lago Encantado, que reunirá várias atrações”, afirma o supervisor de marketing, Marcos Bittencourt.

Além disso, um toboágua com cinco pistas está sendo construído por uma empresa no Canadá com previsão de estreia para 2018.

Projeto que abrigará várias atrações em um só local está em construção (Foto: Renata Fernandes/G1)

Projeto que abrigará várias atrações em um só local está em construção (Foto: Renata Fernandes/G1)

Economia aquecida

O parque não transformou apenas a paisagem de Olímpia. Hoje, o turismo responde por quase metade dos empregos da cidade. “Cerca de 40% da população economicamente ativa do município trabalha direta ou indiretamente no setor de turismo, que é o maior gerador de empregos e renda local”, afirma o prefeito, Fernando Cunha (PR).

O potencial aparentemente inesgotável de renda atraiu investidores dispostos a confrontar a hegemonia do Thermas dos Laranjais. Após construir três resorts na cidade, o Grupo Ferrasa abriu as portas do parque aquático Hot Beach. O local já recebe o público em sistema de “soft opening” (operação parcial) desde o final de abril e deve estar em pleno funcionamento antes das férias escolares de julho.

Hot Beach também fica em Olímpia e abriga brinquedos nacionais e importados (Foto: Divulgação)

Hot Beach também fica em Olímpia e abriga brinquedos nacionais e importados (Foto: Divulgação)

Comerciantes também tiram proveito da economia aquecida pelas águas termais. Há três anos, o autônomo Augusto Franco, de 64 anos, vende artigos para piscina, como boias e coletes salva-vidas. “Por causa do Thermas de Olímpia muitos empresários têm investido na cidade e a gente cresce junto. Comecei vendendo capinha de celular na avenida central e, já faz um tempo, me instalei perto do parque. Os turistas olham meus produtos expostos no muro e vêm comprar”, diz.

Há 12 anos, o empresário Paulo César De Pra, de 35 anos, largou o emprego de garçom e abriu a própria churrascaria no centro da cidade. O empreendimento deu tão certo que ele inaugurou uma segunda unidade, estrategicamente localizada entre os dois parques aquáticos. “Resolvi construir a nova unidade mesmo nesse período de crise, porque se não fosse agora eu perderia o ‘boom’ que acredito ainda vai acontecer na cidade. Olímpia está em plena ascensão e quero crescer junto”, afirma o ex-garçom.

Augusto Franco vende artigos nas proximidades do parque (Foto: Renata Fernandes/G1)

Augusto Franco vende artigos nas proximidades do parque (Foto: Renata Fernandes/G1)

E o Playcenter?

O Playcenter fechou as portas na capital em julho de 2012, após 39 anos de funcionamento. Mas o público que ficou órfão do parque, um ícone dos anos 80 e 90, ainda sonha com seu retorno. No ano passado surgiu uma informação – não confirmada, mas amplamente compartilhada nas redes sociais – de que o novo Playcenter seria erguido em Olímpia.

A prefeitura confirma que representantes do grupo já foram até a cidade para estudar a viabilidade do empreendimento. Infelizmente, para os saudosistas de plantão, a ideia não saiu do papel.

“As negociações ocorreram com a antiga administração, que recebeu a visita de diretores do empreendimento. Neste ano, a atual gestão não teve qualquer contato com a direção do grupo sobre a instalação do parque na cidade”, afirma a prefeitura.

* Com Geraldo Jr.

Thermas dos Laranjais  (Foto: Renata Fernandes/G1)

Thermas dos Laranjais (Foto: Renata Fernandes/G1)

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