O papa Francisco disse que se inspirou em um dos principais clérigos muçulmanos do mundo, o imã Ahmad Al-Tayyeb , ao escrever sua nova encíclica, a "Fratelli
Redação Publicado em 04/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h44
O papa Francisco disse que se inspirou em um dos principais clérigos muçulmanos do mundo, o imã Ahmad Al-Tayyeb , ao escrever sua nova encíclica, a “Fratelli Tutti” (“Todos Irmãos” em italiano). Al-Tayyeb é o grande imã da Mesquita de Al-Azhar e reitor da universidade de mesmo nome, situadas no Cairo, capital do Egito.
Francisco já se encontrou com o líder sunita em diversas ocasiões e assinou com ele, em 2019, um documento sobre a fraternidade humana, um dos temas de sua nova encíclica.
“Se na redação da Laudato si’ [sua segunda encíclica] tive uma fonte de inspiração no meu irmão Bartolomeu, o patriarca ortodoxo que propunha com grande vigor o cuidado da criação, agora senti-me especialmente estimulado pelo grande imã Ahmad Al-Tayyeb, com quem me encontrei, em Abu Dhabi, para lembrar que Deus ‘criou todos os seres humanos iguais nos direitos, nos deveres e na dignidade, e os chamou a conviver entre si como irmãos'”, escreve o Papa logo no início da “Fratelli Tutti”.
A encíclica cita Al-Tayyeb em quatro passagens que falam sobre o “enfraquecimento dos valores espirituais”, o relacionamento entre Ocidente e Oriente, o comprometimento com a tolerância e a incompatibilidade entre religiões e guerra.
“Naquele encontro fraterno [em Abu Dhabi], que recordo jubilosamente, com o grande imã Ahmad Al-Tayyeb declaramos – firmemente – que as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião que abusaram da influência do sentimento religioso sobre os corações dos homens”, escreve o Pontífice.
Em outra passagem, Francisco lembra que ele e Al-Tayyeb pediram aos “artífices da política internacional e da economia mundial para se comprometer seriamente na difusão da tolerância, da convivência e da paz; para intervir, o mais breve possível, a fim de se impedir o derramamento de sangue inocente”.
Como grande imã de Al-Azhar, o clérigo é tido como autoridade máxima no islamismo sunita, que é majoritário entre os muçulmanos.
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IG
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