A grande lição que o Palmeiras tem que tirar da derrota justa e merecida para o Tigres é de que o time ficou esperando pela glória, não saiu em seu encalce.
Redação Publicado em 07/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 19h34
O futebol conta histórias improváveis, mas costuma ser relativamente simples e coerente. Ganha-se na sorte, ganha-se jogando pior que o adversário. Mas na maioria das vezes ganha quem joga melhor e é mais corajoso. Nem sempre um jogo estéril será salvo por gols no último minuto ou atuações gloriosas de grandes goleiros. Embora aconteça, não é o padrão.
A grande lição que o Palmeiras tem que tirar da derrota justa e merecida para o Tigres é de que o time ficou esperando pela glória, não saiu em seu encalce. Parecia contar com que um predestinado saísse do banco mais uma vez.
Claro que o Palmeiras teve muitos méritos ao ganhar a Libertadores. Foi o melhor time ao longo da competição e festejou uma linda conquista, com uma vitória sobre o River na Argentina que entrou para a História.
Mas no Catar já entrou em campo especulando, dando o recado ao adversário de que não sairia para se impor. Não fosse Weverton um goleiraço, o Tigres teria virado o primeiro tempo vencendo por pelo menos 2 a 0.
O treinador e os jogadores da equipe mexicana perceberam a falta de ousadia do Palmeiras numa partida sem jogo de volta, sem resultado a administrar. Em um jogo destes não tem espaço para especulação, projeções. É jogo tipo raiz, só sai um inteiro. Quando não existe uma superioridade técnica gritante, a atitude e a coragem dão o tom.
Gignac e Quiñonez colocaram a defesa alviverde no bolso. Tuca Ferretti, lendo a vulnerabilidade da marcação palmeirense pelo lado direito, mandou Gignac jogar por ali para tirar um jogador da marcação em volta da área e criar espaço pelos lados.
O futebol mexicano é rico e tem um modelo de negócios muito diferente do brasileiro. As maiores equipes são propriedade de grupos empresariais poderosos e orçamentos parrudos. Circula muito dinheiro. O futebol brasileiro de clubes é nivelado com o mexicano. Covid-19 tem no Brasil e no México. O calendário mexicano tem suas confusões como o nosso. Fuso horário atrapalha times daqui e de lá.
Ante o jogo apático de Zé Rafael, Veiga e Menino, Abel Ferreira não quis mexer no intervalo e deixou de chacoalhar o time, que se recusava a criar e dava chutões na busca de uma correria isolada de Rony. Fosse um treinador brasileiro e suas orelhas estariam queimando. O Tigres sacou que o rival não viria para cima e partiu para resolver o jogo.
O Palmeiras ainda tentou um sufoco no final, mas desorganizado, desesperado, sem explorar os fartos espaços que o bom time mexicano oferecia entre suas linhas de defesa e meio-campo.
Derrota dolorida, mas não inédita. Os sul-americanos caem com certa frequência na semifinal do Mundial de Clubes. Os europeus não caíram até agora.
O Palmeiras teve uma temporada espetacular no ano da pandemia e isso não será apagado pela derrota. Tem chance de fechar o ano com três títulos.
Mas tanto os jogadores como o jovem treinador português precisam entender que a coragem ainda é o melhor combustível na busca pela glória. Fé, esperança e pedidos aos céus são iguais para todo mundo.
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Fonte: GE – Globo Esporte.
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