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Pai de morto em chacina diz que pedia a Deus que filho fosse preso.

O pai de Kayke Santos Moreira, de 19 anos, um dos mortos durante a chacina ocorrida na madrugada desta quarta-feira (5) na Zona Sul de São Paulo, contou que o

Pai de morto em chacina  diz que pedia a Deus que filho fosse preso.
Pai de morto em chacina diz que pedia a Deus que filho fosse preso.

Redação Publicado em 24/07/2017, às 00h00 - Atualizado às 10h58


Kayke Santos Moreira, de 19 anos, foi um dos mortos na chacina ocorrida nesta quarta, na Zona Sul da capital. Pai contou que filho tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

O pai de Kayke Santos Moreira, de 19 anos, um dos mortos durante a chacina ocorrida na madrugada desta quarta-feira (5) na Zona Sul de São Paulo, contou que o jovem tinha envolvimento com o tráfico de drogas. José Moreira Sobrinho, de 45, disse que “pedia a Deus todos os dias” para que o filho fosse preso: “Prendendo tem mais uma chance, né”.

“Os pais todos [das outras vítimas] eu acho que estão sofrendo a mesma coisa que eu estou sofrendo, porque nós não podemos fazer nada. A gente aconselha a sair do mundo do crime, mas quando se envolve não sai mais, infelizmente”, afirmou. “A má companhia sempre leva nesse destino. O final é esse aí”, acrescentou em entrevista concedida a poucos metros de onde o assassinato ocorreu.

Violência toma conta de São Paulo na madrugada dessa quarta-feira (5)

Violência toma conta de São Paulo na madrugada dessa quarta-feira (5)

Apesar de reconhecer o envolvimento do filho no crime, José diz que, agora, espera que Justiça seja feita. “O pessoal entra com uma moto aqui, dá 12, 13 disparos, entra, sai e ninguém sabe quem é? Sabem sim. Isso sabem. É só investigar direitinho”, disse. “Quero que todas as biqueiras [bocas de fumo] da quebrada [vizinhança] sejam fechadas”, completou.

José e Kayke estavam afastados há quase um ano por desavenças relacionadas à participação do jovem no tráfico. A notícia da morte pegou o pai de surpresa. “Eu não esperava isso. Pedia a Deus todos os dias: ‘por favor, prendam’. Prendendo tem mais uma chance, né. Se recuperar, como eles falam. Preso tinha chance de se recuperar”, lamentou.

Kayke foi um dos três mortos na chacina ocorrida na região do Campo Limpo, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada desta quarta. O jovem estava na Rua Professora Nina Stocco quando foi surpreendido por dois homens que chegaram em uma moto atirando. Ele morreu no local, antes da chegada do socorro. Para o pai, José, o crime tem relação com a disputa pelo controle do tráfico de drogas na região.

Além de Kayke, Vinícius de Paula, de 20 anos, e Johny Felipe Nascimento, de 24, foram atingidos no ataque. O primeiro morreu logo após dar entrada no Hospital do Campo Limpo. O segundo foi ferido na mão e está internado na mesma unidade, fora de risco. Pouco antes, criminosos haviam feito outra vítima próximo dali, na Rua Carualina: Wizmael Dias Correia, de 19 anos, também foi morto por dois homens em uma moto. A polícia ainda investiga se os crimes estão relacionados.

Rua por onde fugiu sobrevivente de chacina na Zona Sul (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Rua por onde fugiu sobrevivente de chacina na Zona Sul (Foto: Kleber Tomaz/G1)

Um amigo de Kayke, que preferiu não se identificar, contesta o que disse o próprio pai do jovem. Ele conta que estava com os jovens pouco antes do ataque e que só não foi mais uma vítima porque saiu para buscar o celular em casa. “Sai um minuto antes”, relata.

De acordo com ele, nenhum dos jovens do grupo era traficante. “Suspeito que tenha sido coisa dos pés de pato”, disse. “Pés de pato”, na gíria popular, são os chamados “justiceiros”. Para o rapaz, a chacina foi promovida por policiais militares.

Outra chacina

O fim da noite de terça-feira (4) foi violento na capital paulista. No Jaçanã, na Zona Norte da cidade, seis pessoas foram mortas em um bar. Outras três ficaram feridas. Assim como na Zona Sul, dois homens chegaram em uma moto e efetuaram diversos disparos.

Parte das vítimas ainda tentou correr e se esconder no banheiro, mas foi perseguida e executada. Os criminosos fugiram sem levar nada. Segundo o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, as duas chacinas têm autores diferentes e o fato de terem ocorrido na mesma data “pode ser só uma coincidência”.

Chacinas deixam nove mortos em SP (Foto: Arte/G1)

Chacinas deixam nove mortos em SP (Foto: Arte/G1)

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