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Pablo reforça preferência pelo Corinthians, mas vê clubes brasileiros “perdendo o timing”

Pablo tem vínculo com o Bordeaux até o meio do ano e já pode assinar um pré-contrato com qualquer equipe. Em entrevista ao ge, ele declarou que os clubes

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Redação Publicado em 06/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 13h31


Zagueiro já pode assinar pré-contrato e afirma que só tem negociação com clubes da Europa

Já faz três anos que o zagueiro Pablo deixou o Corinthians, mas o carinho pelo ex-clube, no qual foi campeão paulista e brasileiro, ainda persiste. Em fim de contrato com o Bordeaux, da França, o jogador reforça que o Timão tem prioridade caso ele volte ao Brasil, mas afirma não ter recebido nenhum contato da diretoria alvinegra.

Pablo tem vínculo com o Bordeaux até o meio do ano e já pode assinar um pré-contrato com qualquer equipe. Em entrevista ao ge, ele declarou que os clubes brasileiros estão “perdendo o timing” para contratá-lo:

– Se eu fosse um diretor alguma coisa desse tipo… Não tem como um jogador que está com seis meses do contrato ficar esperando, não tem como saber o que vai acontecer. O que aparecer e for bom, você vai se agarrar e vamos “simbora”.

Nesta entrevista, o zagueiro de 29 anos também fala da cirurgia que passou no joelho, explica que a troca de empresários pode ajudar numa reaproximação com o Corinthians e detalha o que planeja para o futuro. Confira abaixo:

Pablo disputou 51 jogos e fez dois gols pelo Corinthians em 2017 — Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Pablo disputou 51 jogos e fez dois gols pelo Corinthians em 2017 — Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

O que você planeja para este 2021?
– Começo de ano a gente sempre pensa no futuro, como vai ser o ano, para bater metas, objetivos, e o meu pensamento é sempre grande, bem positivo. Com meu contrato acabando, tem várias opções, até da parte do Bordeaux, de renovação, ou ir para outro clube, tem um leque positivo para minha carreira.

Você vem de uma temporada difícil, não é?
– Posso dizer que 2020 foi o ano mais difícil da minha carreira. Tive uma lesão de ligamento cruzado (do joelho esquerdo), que me deixou fora sete meses. Por incrível que pareça, eu tive benefícios com a pandemia, pois só perdi três jogos. O campeonato parou, parou praticamente tudo no mundo. A recuperação foi muito boa, me recuperei no Brasil, não tive nenhum problema. Estou zero, zero, zero, já fiz 12 jogos.

Quem machuca o joelho costuma dizer que nunca volta igual. Como está sendo para você?
– É claro que você precisa ter um cuidado muito grande, porque é como se fosse um joelho novo, você precisa deixá-lo sempre equilibrado. Tem um trabalho de fortalecimento e prevenção (de lesões) muito grande. É verdade que o joelho não é igual como antes, mas a sensação que eu tenho é como se fosse, devido a todo trabalho e empenho que eu tive nesses meses e estou tendo durante o campeonato. Agora estou 250%. Super bem, não tenho nenhum problema. O pessoal do Bordeaux está muito contente com a minha recuperação, a forma que foi, super rápida. Muitas vezes, quando você tem uma lesão desse porte, passa a ter outros problemas, como desequilíbrio muscular, isso gera machucados. Mas eu não tive. Isso me dá uma parte positiva, de dizer que estou no caminho certo por ter me recuperado rápido e, mesmo assim, não ter tido nenhum problema.

Logo na primeira resposta você falou sobre o fim do seu contrato. Ele acaba em junho e você já pode assinar com outro time, certo?
– Isso aí é verdade. Já posso assinar um pré-contrato. Isso é muito positivo se você está bem, confiante. Até falando nisso, eu estou trabalhando com uma outra empresa hoje, quem está à frente da minha carreira é a GR2 do Rafa Felix e o Gustavo Tablino, com a ASJ Consultoria cuidando do marketing e da assessoria. E está acabando meu contrato, muita, muita coisa acontecendo, isso é muito bom. Estou trabalhando para que apareçam coisas bem positivas para mim e minha família.

Você quer voltar ao Brasil ou está bem na França?
– Eu me adaptei. Demorei a adaptar, posso dizer que demorei um ano e seis meses. Hoje falo francês, estou adaptado à cultura, ao jeito das pessoas, ao clima. Hoje, por exemplo, está -1ºC. Treinamos debaixo de chuva, neve… É óbvio que sou um cara muito brasileiro, o Brasil sempre vai estar no meu coração, é meu país, minha cultura, minha língua, onde vivem meus pais, meus irmãos e meus amigos. O Brasil sempre vai estar no meu coração, entende? Não tem como eu dizer que não sinto falta do Brasil.

Você tem preferência por voltar ao Brasil ou seguir na Europa?
– Não dá para dizer, até porque não tenho nada concreto. Primeiro: eu não tenho nenhum contato de time do Brasil. Na Europa, as coisas estão bem mais aceleradas que alguma coisa no Brasil. Não tem como eu falar que vou voltar para o Brasil ou voltar para a Europa. O que posso dizer é que as coisas aqui estão mais aceleradas do que uma possível volta, porque nenhum time do Brasil entrou em contato. Meu pensamento tem de ser de acordo com o que tenho, o que está acontecendo. Como eu falei, o Brasil sempre vai estar no meu pensamento, mas eu não tenho nada, nada. As coisas aqui estão mais aceleradas, o mercado abriu e, de um mês para cá, as coisas estão bem aceleradas. Isso é muito bom, significa que, mesmo com a minha lesão, o pessoal viu que eu consegui me recuperar bem e mantive minha regularidade. Estou aguardando as coisas acontecerem. E isso pode acontecer no Bordeaux, que é meu clube hoje, clube que aprendi a gostar. Sou brasileiro, vindo de uma cultura diferente, a adaptação é difícil, mas já estou há quatro anos aqui. É o clube no qual eu permaneci mais tempo. Tem um sentimento, um carinho… e também interesse da parte deles, isso é muito legal. Estamos conversando também.

Você ficará até o fim do contrato no Bordeaux ou pode sair já nessa janela?
– Acho que isso pode, sim, existir. Se algum clube oferece algum valor que o Bordeaux acha interessante e também o clube que ter interesse queira me contratar já, ter urgência, já que pode esperar seis meses e me ter de graça.

Parte da torcida do Corinthians pede a sua contratação nas redes sociais e você costuma ser especulado no clube. Há chance de voltar?
– A minha relação com o Corinthians é bem especial para mim. Eu vivi um ano que talvez muitos jogadores demoraram cinco ou seis anos para viver. Fui campeão paulista, brasileiro, considerado um dos melhores defensores daquela época, e esse carinho da torcida do Corinthians comigo é especial. Mas não temos nenhum contato hoje nesse sentido, apesar de eu poder já fazer um pré-contrato com clubes do Brasil ou da Europa. Isso é muito da parte da torcida do Corinthians. Qualquer atleta se sente privilegiado por isso, já faz três anos (que saí) e ainda se fala da minha volta. Estou trabalhando. Isso só vai valer se eu estiver bem, em alto nível, para, no futuro, quem sabe, eu voltar. Eu sou um cara correto. Se for voltar, quero voltar bem, em alto nível, não mal ou velho. Quero voltar para dar um gás e mostrar a minha qualidade daquela época.

Além de você estar adaptado no exterior, o Euro está muito valorizado frente ao Real e você é jovem, pode seguir mais um tempo na Europa e só voltar depois ao Brasil. Isso tudo pesa para você seguir fora do País?
– Minha prioridade é estar bem comigo e minha família. Lógico que a parte financeira seduz, faz pensar realmente, mas a minha prioridade é estar bem, feliz, num time que eu acho que mereço estar. Uma volta ao Brasil não seria uma coisa descartada jamais, mas não posso falar do que não tenho, só das possibilidades que estão acontecendo agora. Os clubes do Brasil estão perdendo o timing na minha visão. Se eu fosse um diretor alguma coisa desse tipo… Não tem como um jogador que está com seis meses do contrato ficar esperando, não tem como saber o que vai acontecer. O que aparecer e for bom, você vai se agarrar e vamos “simbora”.

No Brasil a prioridade segue sendo do Corinthians?
– Nunca escondi isso. Desde que saí do Corinthians, em todas as entrevistas eu falei isso, a minha prioridade vai ser o Corinthians, 100%. Isso só vai mudar se realmente o Corinthians não tiver interesse no Pablo. As duas partes têm que estar em acordo, com interesses mútuos. Não adianta eu estar interessado e o Corinthians, não. Ou não precisando. Às vezes o clube está bem, não precisa, e você vai procurar outra coisa. Se eu não tiver nada acertado e vier outro clube interessado, sem nada do Corinthians, vou procurar um lugar para ir junto com minha família. Mas minha prioridade é o Corinthians quando voltar para o Brasil.

Pablo foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians — Foto: Reprodução

Pablo foi campeão paulista e brasileiro pelo Corinthians — Foto: Reprodução

Você mencionou a mudança de empresário. Isso facilita a volta ao Corinthians, visto que houve um desgaste em relação ao seu antigo agente, Fernando César, na saída do clube, em 2017?
– Acredito que sim. As coisas hoje são totalmente diferentes daquela época também. Toda negociação gera… Não sei se desconforto, mas um puxa para um lado, um puxa para o outro, às vezes você toma decisões precipitadas. É difícil eu falar isso. Mas posso dizer que as coisas são totalmente diferentes da que tinha naquela época, que o Corinthians precisava desembolsar um bom dinheiro. Hoje as coisas são totalmente diferentes.

Ainda tem contato com alguém do Corinthians?
– Tenho, sim. Gabrielzinho é meu parceiro, Gabrielzinho é meu irmão. Estava em São Paulo, me recuperando. Eu ia me recuperar no Corinthians, mas, devido à pandemia, tudo mudou, ninguém podia ter contato com pessoas de fora. Então fiz minha preparação na minha casa, e o Gabrielzinho estava sempre comigo. Estávamos no mesmo condomínio. Fazíamos churrasco junto, com a esposa dele, familiares. Waltão também, queixudo (risos). São duas pessoas do Corinthians com quem converso, mas também Balbuena, com quem sempre troco mensagem. São relações que ficaram eternizadas por tudo o que vivemos, além da parte profissional, ficou a amizade, o carinho, o respeito, que é o mais importante.

Você iria se operar com os médicos do Corinthians?
– Sim, doutor Joaquim (Grava) e o Ivan, seu filho. Eu tentei fazer a cirurgia com eles, mas o Bordeaux não autorizou, então tive que fazer com um médico de Paris muito bom.

Deixe um recado para a Fiel torcida, em especial aqueles que costumam pedir a sua volta ao clube.
– Sou um cara muito verdadeiro, falo o que está no meu coração e só agradeço pelo carinho até hoje, três anos depois a torcida ainda fala no meu nome. Quero agradecer o carinho, as mensagens para eu voltar, isso é muito bom. Lógico que gera uma responsabilidade muito grande se isso um dia acontecer, mas quando você joga no Corinthians e sabe da responsabilidade você tira de letra. Da mesma forma como as pessoas vão te jogar lá para cima, se está mal a pressão é muito grande. A mensagem é: obrigado pelo carinho e quem sabe no futuro a gente pode estar junto.

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GE – Globo Esporte.

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