Jorge Sampaoli no Santos é uma ótima ideia. A maneira como o técnico argentino pensa futebol – o ataque como prioridade, o ritmo sempre frenético – tem tudo a
Redação Publicado em 14/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h34
Jorge Sampaoli no Santos é uma ótima ideia. A maneira como o técnico argentino pensa futebol – o ataque como prioridade, o ritmo sempre frenético – tem tudo a ver com a história do clube e deve agradar em cheio à exigente torcida santista, especialmente depois da passagem de Jair Ventura pela Vila Belmiro.
Mas, para dar certo, esse casamento vai exigir uma grande dose de paciência de todos os lados. Sampaoli é cultor de uma maneira elaborada de jogar futebol. Pode até acontecer, mas é improvável que o Santos se mostre uma máquina azeitada já no Campeonato Paulista. Para dar certo, será preciso tempo.
Do outro lado, o técnico argentino também vai ter que se adaptar. O Santos tem uma administração confusa – até outro dia, o vice queria derrubar o presidente. Nem todos os reforços prometidos serão contratados, certamente alguns pedidos não serão atendidos. Sampaoli terá que ser mais tolerante com os problemas típicos do futebol brasileiro.
+ Uma opinião oposta: veja por que Sampaoli corre risco de dar (muito) errado no Santos
Como todos os técnicos, Sampaoli construiu uma carreira com altos e baixos. No caso dele, com picos extremamente altos e depressões bastante profundas. Seu fracasso à frente da seleção argentina na última Copa do Mundo deve ser visto mais como uma oportunidade do que como um motivo de desconfiança.
Ex-técnico do Sevilla, Sampaoli voltaria à Europa se tivesse triunfado em gramados russos. Como foi mal, seu preço caiu e sua contratação por um clube brasileiro se tornou viável. É ótimo que o Santos, que quase contratou Marcelo Bielsa, agora arrisque e importe Sampaoli. Mas é fundamental que o clube dê ao treinador as condições necessárias para ele repetir os bons trabalhos com a Universidad de Chile e a seleção chilena.
À frente de “La U”, Sampaoli enfileirou um tricampeonato chileno, ganhou o primeiro título internacional da história do clube (a Sul-Americana de 2011) e abriu caminho até a seleção do Chile, com quem ganhou a Copa América de 2015 – a primeira da história do país. Tanto no clube quanto na seleção, Sampaoli venceu e convenceu.
Num ambiente como o futebol brasileiro, que cultua formas mais cuidadosas de jogar, a contratação de Sampaoli é algo a ser comemorado. Não por ser estrangeiro – Diego Aguirre e Edgardo Bauza também eram – mas por ter ideias diferentes da média do futebol.
Os últimos a trilhar esse caminho não duraram muito por causa do ambiente do futebol brasileiro. O colombiano Reinaldo Rueda caiu fora do Flamengo assim que teve uma proposta “mais estável”. O também colombiano Juan Carlos Osorio recebeu mensagens do então presidente do São Paulo dizendo para ele “parar de inventar” – e rumou para o México.
Numa entrevista ao repórter Alexandre Lozetti há um ano, Sampaoli disse que “sempre foi mais reconhecido no Brasil do que na Argentina”, elogiou o futebol brasileiro e citou as várias propostas que recebeu (e recusou) para trabalhar no país. Chegou a hora de provar que essa admiração mútua é para valer.
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