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Obesidade atinge um em cada 5 brasileiros

Atualmente, mais da metade dos brasileiros, ou especificamente 57%, sofre com sobrepeso. Outros 21% são considerados obesos, segundo levantamento do

Obesidade atinge um em cada 5 brasileiros
Obesidade atinge um em cada 5 brasileiros

Redação Publicado em 21/09/2016, às 00h00 - Atualizado às 09h10


Problema é fator de risco para doenças crônicas como hipertensão, diabetes, cardiopatia e câncer

Por: Ana Paula Bimbati
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Atualmente, mais da metade dos brasileiros, ou especificamente 57%, sofre com sobrepeso. Outros 21% são considerados obesos, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Os números deveriam chamar atenção da sociedade e de autoridades para um problema de saúde pública enfrentado no país, mas não é o que ocorre.

Normalmente ligada à estética, a obesidade impõe riscos às pessoas que vão muito além do que é visível. A doença crônica está relacionada com outros males graves como cardiopatia, hipertensão e diabetes – estas responsáveis por mais de 70% do total de mortes no país. Ou seja, quando o peso aumenta, a possibilidade de adquirir um desses problemas de saúde também cresce.

Profissionais tentam mostrar a importância de se encarar o assunto. “A obesidade é mundialmente conhecida como uma doença crônica. Além disso, é grave, recorrente e agressiva”, ressaltou o endocrinologista Marcio Mancini, chefe do grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Outra questão ligada à obesidade é a redução na expectativa de vida. “Uma pessoa com IMC (índice de massa corporal) normal tem 80% de chances de viver até os 70 anos”, explicou Mancini. “Enquanto isso, uma mulher de 20 anos, com IMC maior que 45, pode sofrer uma redução de 12 anos nesta expectativa”. (Veja como calcular o seu IMC ao lado).

Não é estética

Pensando na importância de destacar esse assunto, a Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica) lançou a campanha “Obesidade é o que você não vê”. Para a presidente da entidade, Cintia Cercato, a sociedade costuma considerar a obesidade algo apenas da aparência.

“É preciso enxergar o problema como uma doença e não como escolha individual.”

O endocrinologista Roccio Riatto concorda: “A maioria das pessoas acha que a pessoa com obesidade é a culpada. Precisamos parar de rotular e buscar uma solução para o problema”.

Jornalista perdeu 80 kg em um ano

Um dia, ao caminhar por 10 minutos e se sentir cansado, o jornalista Jorge Bentes, de 34 anos, resolveu mudar. Na época, com 30 anos, ele trocou hábitos alimentares e passou a fazer exercícios. “Ia morrer e o medo me fez cansar de ser gordo. Me reinventei aos 31 anos”, contou. Após um ano, Bentes comemorou a perda de 80 kg, ele pesava 150 kg. Hoje são 70.

Para ele, o mais difícil foi a academia e o lado psicológico. “Mas valeu a pena, porque escolhi fazer por mim, por me amar e para ter saúde”, relembrou.

Hoje, ele tem o blog Cansei de Ser Gordo, onde inspira outras pessoas com sua mudança.

No mesmo caminho, a blogueira Jéssica Lopes, 23, mudou ao perceber que havia perdido qualidade de vida.  “Agora, tudo mudou. Minha disposição, humor, cabelo e até pele”, contou.

A blogueira perdeu 16 kg e deseja eliminar mais 10 kg. “A maior dificuldade para mim sempre será não retomar os antigos hábitos”, admitiu Jéssica.

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Médicos afirmam que o ‘pior’ é a manutenção

Emagrecer é difícil, requer esforço, determinação. No entanto,  para os profissionais da saúde, a maior dificuldade é a “manutenção” após a  perda de peso.

Segundo o endocrinologista Marcio Mancini,  chefe do grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas, depois de um ano do emagrecimento, a fome do paciente não diminui, pelo contrário, aumenta.

“O corpo não se ajusta e isso foi provado em estudos, inclusive daquelas pessoas que passaram por reality shows de perda de peso”, destacou. Ele afirma que o paciente precisa ainda mais de determinação após o processo.

Para Cintia Cercato, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica), a “manutenção”  precisa e deve ser acompanhada também por profissionais da saúde. “Não existe um resposta milagrosa, mas uma mudança de hábitos.”

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