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O que está, de fato, por trás da possível demissão de Henrique Mandetta?

Com regras não claras, Bolsonaro segue como dono da bola e pode trazer à tona uma tragédia anunciada.

Crédito: Agência Brasil/EBC
Crédito: Agência Brasil/EBC

Redação Publicado em 15/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 15h44


Com regras não claras, Bolsonaro segue como dono da bola e pode trazer à tona uma tragédia anunciada.

Daiani Mistieri

Se o presidente Jair Bolsonaro realmente vai demitir o Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, ele deveria dizer para nação claramente qual é o critério. Se o critério foi apenas por hierarquia ou desobediência, torna-se uma atitude militar e sempre vale lembrar que vivemos em uma democracia.
Ainda que tenha uma cultura hierárquica militar, isso não pode se imposto. Em momentos de crise ao principal papel de um líder de uma nação é fixar o Norte e unir todos nessa direção.
Temos muitos exemplos na história, Cristo, Gandhi, Duque de Caxias, Churchill, Dalai Lama e tantos outros em suas diferentes crenças e momentos. Mas todos eles com uma coisa em comum: o bem estar das pessoas que o seguem. Parece que o Presidente não sabe liderar e tampouco entendeu seu papel nesse momento. Ser um bom líder e gestor de crise.
No momento em que escrevo este artigo temos mais uma vez rumores de todos os tipos sobre a troca do Ministro da Saúde, por não estar alinhado politicamente com as orientações de um Presidente que sempre precisa de Postos Ipiranga, ainda que não os respeite. A Amazônia mais uma vez sofre com desmatamentos recordes, mas o Ministro, Ricardo Salles, continua impávido, ainda que pessoas técnicas sejam oferecidas em sacrifício. O Ministro de Educação, Abraham Weintraub, em perfeita sintonia política, faz declarações racistas contra a China, com motivos infantis, mas sem orientar o que será feito com milhões de crianças fora da escola. Como pode isso`.
Demitir um Ministro que faz uma administração correta, pensando em salvar vidas não valer nada?
O importante é a hierarquia de seguir um líder desorientado e declaradamente incompetentes no assunto? E se estivéssemos em guerra, esse seria o nosso comandante? Alguém que não ouve seus generais e colaboradores?
Como ele não demite o Ministro da Educação, que faz uma gestão incompetente, que cria desgastes internacionais sendo racista, como no caso do post em seu Twitter no caso da China? Estes obedecem às diretrizes ideológicas do presidente que confunde ideologia, partido, voto e eleição com administrar o país, inclusive em um momento de crise como estes que estamos vivendo.
Em momento de crise você só troca comandante de navio se claramente ele for incompetente e não porque ele diz que você está errado. É o contrário disso.
Se o presidente soubesse ouvir e não fosse absolutamente inseguro com o fato de ter alguém melhor que ele próprio, o cenário seria outro.
Além disso, até o momento Jair Bolsonaro nada demonstrou que está liderando esta crise. Nada temos de liderança em nenhum processo e nem sobre ninguém. A liderança dele não atinge sequer a economia.
Meramente um exercício de poder autoritário, tipicamente militar para se fica na caserna e é, por isso que ele saiu de lá porque se obedecesse ordens teria seguido lá até se tornar general, mas foi expulso porque seu objetivo era explodir quartéis.
Humildade é uma qualidade de todos os líderes da história como o exemplo acima. O mais importante não é ser o popular, mas o líder que conduz a nação no caminho correto. Ou salvar vidas não é importante?
Não estamos em guerra, estamos em crise. E preciso liderar com grandeza de espírito e serenidade da razão. Pobre de nós. Brasileiros.

Crédito da imagem: Agência Brasil/EBC

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