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“O problema não é a economia. É faltar caixão”, disse o prefeito de BH

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se diz um defensor radical do isolamento social e é mais um a integrar o coro de críticas contra as ações

“O problema não é a economia. É faltar caixão”, disse o prefeito de BH
“O problema não é a economia. É faltar caixão”, disse o prefeito de BH

Redação Publicado em 31/03/2020, às 00h00 - Atualizado às 14h52


Alexandre Kalil defendeu a quarentena radical e declarou que o presidente da república está desalinhado com o mundo

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), se diz um defensor radical do isolamento social e é mais um a integrar o coro de críticas contra as ações do presidente Jair Bolsonaro .

Para o prefeito de BH , o Bolsonaro prejudica a união do País ao participar de atos na rua durante a pandemia. Empresário, Kalil ainda considera que hoje a saúde está acima da economia e que o presidente precisa ouvir orientações de médicos.

“Agora é hora de se unir, de os infectologistas rodearem o presidente da república e tentarem explicar o que está acontecendo nesse país. Precisamos de todo mundo dando as mãos para ver se a gente mata menos brasileiros. O problema não é economia. Não é faltar comida. É faltar caixão”, disse Kalil.

“Com todo respeito, eu lamento os dois atos de rua em que o presidente foi protagonista. Ele está completamente desalinhado com o resto do mundo. Isso é um fato. E prejudica a união do país e o brilho do nosso patriotismo, essa necessidade de que todos se sacrifiquem nesse momento”, continuou o mandatário.

Kalil aproveitou a situação para cobrar por pedidos de recursos para a saúde de Belo Horizonte em meio à pandemia de Covid-19. “Os meus pleitos para a saúde em Brasília estão todos parados lá. Coisa que não acontecia na época do Michel Temer. Foram feitos diretamente ao ministro Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde”, dissertou.

O prefeito de BH também afirmou que estuda medidas para apreender veículos em carreata como a que desfilou no último domingo, para pedir a reabertura do comércio na capital mineira. Esses atos foram registrados em várias cidades por apoiadores de Bolsonaro.

No dia 17, Kalil decretou a suspensão das aulas em Belo Horizonte, assim como também ocorreu em São Paulo na mesma data. No dia seguinte, o prefeito determinou o fechamento de bares, restaurantes e shoppings. Medidas semelhantes foram tomadas em outras capitais para evitar aglomeração de pessoas.

Para Kalil, no entanto, Belo Horizonte saiu na frente de todas as outras cidades do país e até mesmo de Londres, no Reino Unido, onde o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, determinou quarentena oficial no dia 23.

“Fechamos comércio e parques primeiro. Estabelecemos benefícios para quem tinha comércio primeiro. Londres fechou os parques ontem. Os de Belo Horizonte estão fechados há 11 dias. Temos essa vantagem por ter dado um pulinho na frente de uma semana. Vamos rezar pra dar tudo certo”.

O prefeito de Belo Horizonte diz que não tem prazo para rever as medidas de isolamento social e acredita que elas têm surtido efeito: “Agora é endurecer, endurecer e endurecer”, afirma ele, que completa: “Como nós fomos muito radicais e muito rápidos na quarentena, a curva de crescimento do coronavírus não está geométrica, está quase aritmética ( progressão matemática cujo crescimento é menor do que a geométrica)”.

A primeira morte por coronavírus em Belo Horizonte, de uma mulher de 82 anos, foi confirmada nesta segunda-feira. No estado de Minas Gerais, já são 261 casos confirmados de Covid-19 no estado. Ao todo, 23 óbitos estão em investigação.

Na segunda-feira, a prefeitura de Belo Horizonte anunciou a suspensão de velórios em quatro cemitérios por causa de coronavírus. Trata-se de uma medida da Prefeitura e vai durar enquanto a cidade estiver em estado de emergência por conta da pandemia. A justificativa é que a medida visa a diminuir a permanência de vários indivíduos num mesmo espaço fechado por certo período de tempo.

iG

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