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O fenômeno Rony: entenda como atacante passou a decidir jogos com frequência no Palmeiras

Depois de um início conturbado no Palmeiras, o atacante Rony se consolida como o principal nome do ataque comandado por Abel Ferreira. De criticado, passou a

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Redação Publicado em 18/05/2021, às 00h00 - Atualizado às 11h46


Camisa 7, hoje, entrega a Abel o que qualquer treinador gostaria: polivalência, gols e dedicação.

Depois de um início conturbado no Palmeiras, o atacante Rony se consolida como o principal nome do ataque comandado por Abel Ferreira. De criticado, passou a decidir jogos com frequência e ganhar apelidos: “Cristiano Ronyelson”, “homem Libertadores”… Mas quais motivos levaram Rony a ter esse destaque?

ge pediu a ajuda de Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, e de Casagrande, ex-atacante da seleção brasileira e comentarista da Globo, para entender como o camisa 7 do Palmeiras passou de questionado a indispensável.

O “hype” em cima de Rony pode ser percebido a cada jogo do Palmeiras, ou olhando apenas os números do atacante na Libertadores. Em 15 jogos pela competição, somando as edições de 2020 e 2021, são nove gols e nove assistências

Veja abaixo os números detalhados de Rony no Verdão:

Números de Rony pelo Palmeiras

JogosGolsMédia de golsAssistênciasMinutos em campo (aprox.)
Paulista 2021410,331222
Libertadores 20214411347
Mundial 2021200180
Recopa Sul-Americana 2021210,51210
Supercopa 202110190
Libertadores 20201150,458853
Copa do Brasil 2020710,141554
Brasileiro 20202350,2111.292
Paulista 2020900430
Total60160,28144.065

Analisando os números dos 60 jogos de Rony pelo Palmeiras, é possível notar um equilíbrio entre gols e assistências. O atacante faz um gol a cada 3,8 jogos e dá uma assistência a cada 4,3 partidas. Na Libertadores, claro, esse número é melhor.

Mas para absorver as estatísticas de Rony, é necessário entender o contexto desde que ele chegou ao Palmeiras, quando Vanderlei Luxemburgo era o treinador. Na época, Luxa utilizou o camisa 7 mais pelo lado direito do campo. Com o ex-treinador e a pressão da torcida, ele não fez gols.

– Rony chegou do Athletico como um típico ponta, aquele jogador que fica aberto, recebe o passe e tem que partir para cima de um defensor, normalmente o lateral. Na passagem de Luxa, Rony mostrou bastante iniciativa: recebia o passe e ia para frente. Mas acabava perdendo muitas jogadas, até pela dificuldade de criação do Palmeiras – explica Leonardo Miranda.

Depois da chegada de Abel Ferreira, Rony conseguiu desencantar e passou a ser o curinga do técnico português no ataque. O camisa 7 virou ponta-esquerda, ponta-direita, segundo-atacante e até mesmo centroavante. Mas foi mais próximo ao gol que Rony se destacou.

– Abel logo percebeu que ele poderia jogar mais perto dos zagueiros adversários. Assim, aproveitaria a coragem de ir para cima, mas agora mais próximo do gol adversário. E como é veloz, se começasse a correr antes da defesa adversária, teria espaço para finalizar com mais calma – completa Leonardo.

Leonardo Miranda destaca a mudança de posicionamento do atacante, usando como exemplo um lance da vitória por 3 a 0 contra o Libertad, no Allianz Parque. Veja nas imagens abaixo:

Com Abel, Rony passou a correr de frente para o gol adversário, não mais em diagonal — Foto: Blog Painel Tático

Com Abel, Rony passou a correr de frente para o gol adversário, não mais em diagonal — Foto: Blog Painel Tático

– Quando Raphael Veiga dá o passe, Rony já está posicionado num espaço livre. E como é rápido, o zagueiro – que tende a ser menos veloz – não conseguiria alcançá-lo. Esse movimento tem um nome: infiltração. É o movimento que o jogador faz quando não tem a bola para dar uma opção de passe à frente ao companheiro – explica o jornalista.

Com Abel, Rony passou a buscar mais infiltrações nas defesas adversárias — Foto: Blog Painel Tático

Com Abel, Rony passou a buscar mais infiltrações nas defesas adversárias — Foto: Blog Painel Tático

Analisando as escalações dos 60 jogos de Rony pelo Palmeiras (tendo em conta que dentro de um jogo ocorrem diversas mudanças de posicionamento), vemos que o aproveitamento do Verdão foi maior quando ele começou atuando como ponta-esquerda ou segundo atacante.

aproveitamento de gols e assistências de Rony, porém, é maior jogando como centroavante e segundo atacante.

Confira o comparativo:

Como Rony se sai em cada posição que já atuou?

JogosGolsMédia de golsAssistênciasAproveitamento do Palmeiras
Ponta-direita1940,21271,9%
Ponta-esquerda1210,08475%
Segundo atacante950,62274%
Centroavante750,71466,6%
Começando no banco1420,14157,1%

Casagrande, ex-jogador, vê como coincidência o fato de Rony ter mais gols na Libertadores, já que o atacante tem decidido em todas as competições. Para o comentarista, o atacante evoluiu ao lado de Abel Ferreira.

– Tem todo o mérito do Abel. Ele começou a conhecer seu elenco e viu a possibilidade de usar um jogador, que foi comprado por determinada característica, em outra função. O Rony como segundo atacante no 3-5-2 ao lado do Luiz Adriano ou ele aberto na esquerda com três atacantes. A fase é boa, e o Abel percebeu que ele pode fazer outras funções – comentou Casão.

– O Rony cresceu nas mãos de Abel Ferreira – afirma Casagrande.

Três zagueiros e dupla com Luiz Adriano

Jogando ao lado de Luiz Adriano, Rony deixou para trás o estigma de fazer poucos gols, que acompanhava o jogador desde seu começo no clube. Na Libertadores, sob o comando de Abel Ferreira, Rony atuou uma vez como ponta-esquerda, três como centroavante e seis como segundo atacante.

Na competição internacional, o atacante precisa de um jogo e meio para marcar um gol ou dar uma assistência. Leonardo Miranda também fala da importância do time no crescimento de Rony. Com Abel, o Palmeiras joga de maneira mais direta e rápida.

– O Luiz Adriano faz jus ao número da camisa e cada vez mais sai da área e cria jogadas, quase que como um camisa 10. E Rony aproveita e faz uma espécie de troca: quando Luiz recua, Rony fica entre os zagueiros para receber como um típico 9, sempre em velocidade. O gol contra o Defensa y Justicia é um exemplo, além do tento contra o Bragantino no Paulistão – comenta o jornalista.

Luiz Adriano é peça-chave na evolução de Rony no Palmeiras — Foto: Blog Painel Tático/ge

Luiz Adriano é peça-chave na evolução de Rony no Palmeiras — Foto: Blog Painel Tático/ge

– A diferença (de 2020 para 2021) é que o Rony já não volta tanto para ajudar a marcação, e assim, pode ficar ainda mais próximo do miolo de zaga. Isso torna o contra-ataque do Palmeiras ainda mais mortal, porque Rony é o principal acionado a cada roubada de bola lá atrás. E permite que os alas possam jogar mais à frente, ocupando os lados e dando assistências – completou.

Veja na imagem abaixo:

Formação do Palmeiras com três zagueiros aproxima Rony da área adversária — Foto: Blog Painel Tático/ge

Formação do Palmeiras com três zagueiros aproxima Rony da área adversária — Foto: Blog Painel Tático/ge

E se o número de gols aumenta quando Rony joga mais próximo ao gol, o de assistências não diminui. Jogando em ambas as pontas, o atacante soma seis passes para gol. Como centroavante e segundo atacante, também são seis passes.

Foi de uma tabela entre Rony e Luiz Adriano, inclusive, que saiu o segundo gol do Palmeiras na vitória sobre o Corinthians, que deu ao Verdão a vaga na final do Paulistão.

Agora classificado para a final do Campeonato Paulista, o Palmeiras encara o Defensa y Justicia nesta terça-feira, no Allianz Parque, pela quinta rodada da fase de grupos da Libertadores.

O primeiro jogo da final do Campeonato Paulista acontece nesta quinta-feira, às 22h, no Allianz Parque. E a partida de volta será no Morumbi, neste domingo, às 16h.

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Fonte: Ge- Globo esporte.

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