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O efeito Tom Brady: como o astro inspirou Tampa Bay a voltar ao Super Bowl após 18 anos

Devin White estava desolado. O linebacker do Tampa Bay Buccaneers teve uma temporada cintilante e liderou a liga com 97 tackles individuais, no entanto não

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Redação Publicado em 03/02/2021, às 00h00 - Atualizado às 15h41


Presença do quarterback mais campeão da história da NFL atraiu reforços, e dedicação e atenção aos detalhes inspiraram companheiros a renderem mais em campo pelos Bucs

Devin White estava desolado. O linebacker do Tampa Bay Buccaneers teve uma temporada cintilante e liderou a liga com 97 tackles individuais, no entanto não foi selecionado para o Pro Bowl, o “Jogo das Estrelas” da NFL. Tom Brady, então, sentiu que a atuação do companheiro seria muito importante para que a equipe avançasse nos playoffs, e lhe passou uma mensagem de consolo e motivação.

“Eu estava triste por não estar no Pro Bowl, aí o Tom chegou pra mim e disse: ‘Devin, estou na busca por um Bowl maior do que esse. Todos nós estamos'”, contou Devin White

O ge acompanha o Super Bowl LV em tempo real, no domingo, a partir das 19h!

Devin White revelou o diálogo com Tom Brady antes da final da Conferência Nacional (NFC), em que os Bucs venceram o Green Bay Packers, fora de casa, no último fim de semana para carimbar presença no Super Bowl LV, domingo, em Tampa, na Flórida. White teve participação importante, com 15 tackles e um fumble recuperado.

Aos 43 anos, Brady se referia ao Super Bowl, a grande decisão da NFL. Para o quarterback, estar na última partida do campeonato já é rotina – em 21 anos como profissional, ele chegou à final em dez oportunidades – mas, para Tampa Bay, a classificação conquistada com a vitória sobre os Packers é a primeira em 18 anos desde o único título da franquia, em 2002/2003. No espaço de tempo entre as duas ocasiões, “Super Tom” conquistou cinco de seus seis títulos pelo New England Patriots.

A anedota serve para ilustrar o efeito que Tom Brady teve na equipe que abraçou em 2020, após 20 anos vestindo as cores de New England. Embora um homem só não consiga carregar um time inteiro de futebol americano até o Super Bowl, o quarterback mais vencedor da história da NFL foi a principal diferença para uma franquia que nem sequer chegava aos playoffs desde 2007. E sua importância para esta reviravolta se deu mais nos bastidores do que dentro de campo. Logo no primeiro ano na nova casa.

Atraindo craques

A mera presença de Tom Brady no elenco atraiu grandes nomes para Tampa Bay. O time já tinha muito talento em campo – os wide receivers Mike Evans e Chris Godwin já haviam sido selecionados ao Pro Bowl e a defesa foi a melhor contra o jogo corrido em 2019 – mas acrescentou nomes como Rob Gronkowski (um dos melhores tight ends de todos os tempos, que largou a aposentadoria para jogar novamente com Brady, um de seus melhores amigos), LeSean McCoy e Leonard Fournette (dois dos melhores running backs da NFL). Durante a temporada, veio também Antonio Brown, wide receiver selecionado sete vezes para o Pro Bowl.

– É ótimo para mim. Estou feliz em estar aqui com um dos melhores – bem, O melhor – que já jogou. E eu posso aprender com ele também. Nos meus dois primeiros dias aqui, conversei com Tom sobre as defesas – contou Fournette ainda em seus primeiros dias em Tampa, em setembro, ao “Tampa Bay Times”.

A atenção ao detalhe e a orientação aos companheiros são citados por todos como as principais qualidades de Brady que foram absorvidas por seus colegas.

Ele sempre nos puxa de lado e nos dá coisas para ficar de olho, mesmo nos treinos. Nós vemos uma formação, e ele diz, “Esperem isto e aquilo também”. É como se você tivesse outro treinador lá dentro. Nunca é demais ouvir palavras de sabedoria dele
— Ronald Jones II, running back dos Bucs

E não são só os companheiros de ataque que dizem isso. Até os jogadores de defesa se dizem inspirados pelo estilo de trabalho do quarterback.

– Ele está sempre concentrado, focado. Você pode vê-lo lendo suas chaves, passando por suas progressões, coisas assim. É ótimo de se ver. Quando eu entro em campo, tento fazer a mesma coisa – disse o cornerback Antoine Winfield Jr. ao jornal “Boston Herald”.

Em jogo, a principal contribuição de Tom Brady foi na proteção da bola. Enquanto em 2019 Tampa Bay foi a equipe que mais entregou a bola para o adversário (com 41 desperdícios, incluindo 30 interceptações), este ano o time só perdeu a bola 17 vezes – 12 delas em interceptações. Em um ataque com muitas opções de passe, o quarterback anotou 40 touchdowns, segundo maior total de sua carreira e sete a mais do que Jameis Winston, seu antecessor, teve no ano passado.

Tom Brady deixa o campo em sua última partida pelos Patriots: quarterback se motivou por dúvidas após última temporada irregular em New England — Foto:  Adam Glanzman/Getty Images

Tom Brady deixa o campo em sua última partida pelos Patriots: quarterback se motivou por dúvidas após última temporada irregular em New England — Foto: Adam Glanzman/Getty Images

O excelente desempenho foi motivado por alguns fatores. Os milionários bônus no seu contrato – antes do Super Bowl, Brady conquistou US$ 5,25 milhões (mais de R$ 28,7 milhões) por seis metas atingidas na temporada, e pode somar mais US$ 2,25 milhões (cerca de R$ 12,3 milhões) se vencer a final – foram certamente importantes. Mas outra motivação-chave foi a vontade de calar críticos e fazer algo inédito: levar o time cujo estádio sediará o Super Bowl (sempre disputada em campo neutro selecionado com anos de antecedência) à grande decisão em casa.

Apesar de tudo o que já fez na carreira, ainda pairava uma dúvida sobre Tom Brady: se seu sucesso era mero produto do sistema instalado e bem coordenado por Bill Belichick no New England Patriots. Ainda havia a desconfiança de que, aos 43 anos, o astro estava em declínio e não teria mais condições de liderar um time ao título. Os Patriots não quiseram renovar o contrato com o quarterback a longo prazo.

Em Tampa Bay, Brady não só provou que ainda podia atuar em alto nível, como o fez num sistema bem diferente de New England, com um jogo mais vertical, e com muito mais liberdade. Segundo o treinador Bruce Arians, o quarterback é como um segundo treinador em campo.

Tom Brady entrega o troféu de campeão da NFC ao treinador Bruce Arians — Foto: Stacy Revere/Getty Images

Tom Brady entrega o troféu de campeão da NFC ao treinador Bruce Arians — Foto: Stacy Revere/Getty Images

– (Ele é o) Líder perfeito. Tem sido o ano inteiro. Tem o ar de confiança que permeia nosso time todos os dias. Eu o permito ser ele mesmo. New England não o permitia comandar. Eu o permito comandar. Eu às vezes apenas relaxo e assisto – disse Arians à rede de televisão americana “NBC”.

Resta agora o jogo mais importante da temporada: o Super Bowl LV, que acontece no próximo dia 7 de fevereiro. O Tampa Bay Buccaneers vai enfrentar o Kansas City Chiefs, campeão da Conferência Americana (AFC). Será a terceira década em que Brady jogará um Super Bowl, mas ele faz questão de passar o foco aos seus companheiros.

– Foram precisas muitas pessoas – no ataque, na defesa, nos times especiais – para chegar aqui, e é por isso que ainda estamos aqui. Haverá dois times jogando, seremos um deles. Foi uma jornada incrível e estou orgulhoso em ser parte disso – afirmou Brady.

Se antes a lenda do futebol americano já havia anunciado que pretendia jogar até os 45 anos, nesta semana e em pleno vapor na briga por mais um Super Bowl, Tom Brady já deixa portas abertas para atuar além dos 45. O esporte agradece.

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Fonte: GE – Globo Esporte.
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