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O avanço totalitário

Por Rodrigo Constantino

O avanço totalitário
O avanço totalitário

Redação Publicado em 24/12/2021, às 00h00 - Atualizado em 26/12/2021, às 08h36


Por Rodrigo Constantino

O avanço totalitário

2021 chega ao fim, com a sensação de que foi apenas uma continuação de 2020 – este marcado pela pandemia da Covid-19. Não foi a primeira pandemia, nem será a última, mas foi aquela que trouxe uma reação sem precedentes, sob a influência das redes sociais e da imprensa abutre. Espalharam medo, plantaram pânico e colheram obediência. O Ocidente não passou no teste.

Lockdown, uso obrigatório de máscaras, passaporte vacinal, tudo com a promessa de resgate da normalidade – que nunca veio. Em vez de questionar as premissas, demonstrar mais ceticismo com os “profetas” ou desconfiar de conflito de interesses, muitos se submeteram docilmente aos mandos e desmandos das autoridades, sempre em nome da ciência e da saúde coletiva.

A coisa virou uma espécie de culto, de seita. Tem profeta, herege (“negacionista”) que se recusa a absorver a “revelação”, tem os instrumentos de demonstração de fé em público (máscaras até em crianças), e também uma mensagem escatológica, um “juízo final” para aqueles que se recusam a aderir ao clubinho do “bem”.

Tivemos, é verdade, reações pontuais, algumas bem fortes. Mas a tendência é preocupante. Em geral, parcela significativa da população, em especial das elites, gostou da “brincadeira”, e não são poucos os que caçam as “bruxas” nas redes sociais ou nas ruas, apontando dedos, lançando olhar de fúria, tratando os demais como párias da sociedade.

A culpa da permanência da pandemia é dos não vacinados, que terão um inverno de severas doenças e mortes! A mensagem veio diretamente de Joe Biden, supostamente a maior liderança ocidental no momento (o que mostra o abismo em que nos metemos). A variante africana tem transmissibilidade bem maior, e todos passam a focar somente no número de casos, ignorando que ela tem também agressividade bem menor. Nada importa. A seita precisa continuar.

Nunca se viu gente tão vacinada com tanto medo dos que não tomaram a vacina. Quem já partiu para a terceira ou quarta dose encara quem tomou “apenas duas” como um irresponsável, pois é preciso estar na vanguarda da “ciência”. Vejam como sou um crente mais dedicado, já fui correndo tomar meu “booster”. E o conceito de “totalmente imunizado” precisa ser constantemente atualizado para o tal passaporte, que cria cidadãos de segunda categoria. Imunidade natural tampouco é levada em conta, pois é preciso ter o líquido sagrado, caso contrário tudo perde o sentido.

O alvo em 2022 serão as crianças. Já começou. Pouco importa que o risco de morrerem afogadas seja maior. Se você não sai correndo para levar seu filho para tomar vacina produzida às pressas, de preferência cheio de máscara no rostinho, você só pode ser do mal, um insensível inconsequente que não ama de verdade seus filhos. Perderam totalmente o bom senso, o juízo.

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