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Novas palavras para um velho dicionário

Por Fernanda Trigueiro

Fernanda Trigueiro
Fernanda Trigueiro

Redação Publicado em 14/01/2022, às 00h00 - Atualizado às 06h40


Por Fernanda Trigueiro

Novas palavras para um velho dicionário

Vivendo e aprendendo. Este é o lema. Palavras sábias e verdadeiras, mas que não funcionam para todo mundo. Talvez você conheça alguém que pense ou tenha certeza que sabe de tudo. Não há nada mais chato. O sujeito pode não ter domínio do assunto e até não conhecer nada sobre o tema, mas nunca dá o braço a torcer.  Para ele não existe “não sei”. Uma expressão tão comum, mas desconhecida no dicionário dos sabichões.

“Não” e “sei”, as duas palavras conectadas receberam o rótulo de ignorância e burrice. Mas no fundo não é verdade. Juntas, significam “renovação”. Afinal só cresce e aprende quem não tem medo de dizer que não sabe. Não saber não te fará menos que ninguém. Ao contrário, quando você humildemente diz “não sei” tem a oportunidade de aprender e crescer.

O sabe-tudo não sabe nada, assim como aquele que sempre tem algo a contar. Este é um outro tipo de gente difícil de conviver.  Um exemplo típico é quando você quer desabafar sobre sua dor ou sobre uma situação triste em que está enfrentando. O indivíduo não consegue apenas ouvir, precisa rebater. Vai te contar uma história cheia de julgamentos e até um fato “pior” pra te consolar. Só que dor não se coloca na balança e um “sinto muito” nestas horas cai muito bem. É a melhor resposta para quem precisa ser acolhido. Ouvir uma “lição de moral” não vai ajudar e nem aliviar a agonia de quem sofre.

Já a empatia é capaz de transformar. Pode não trazer a solução, mas é como aquele abraço que a pessoa tanto precisava ou como aquele “confia, vai dar certo, estou aqui para você”.

“Sinto muito” é a mais pura demonstração de amor e o “não sei”, a frase mais inteligente que existe. Já tinha pensado nisso? Caso não, que a partir de agora ambas sejam mais presentes no seu vocabulário e nas suas relações. Jamais tenha vergonha de dizer que não sabe e crie o hábito de ouvir uma história sem aquela necessidade de “dizer algo”.

Acolha, ofereça o ombro e se solidarize com quem está ao seu lado. Você foi escolhido. Sinta-se privilegiado por ser um ouvinte. E não se esqueça nunca é tarde. Só paramos de aprender quando deixamos de viver.

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*Fernanda Trigueiro é uma jornalista apaixonada por pessoas e suas histórias.
Repórter de TV por opção, mas uma escritora por vocação. Vê a notícia além da manchete e dos números.
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