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Rede de livrarias Saraiva faz pedido de recuperação judicial

A rede de livrarias Saraiva, maior do país, fez nesta sexta-feira (23) pedido de recuperação judicial depois de não conseguir acordo com fornecedores para

Rede de livrarias Saraiva faz pedido de recuperação judicial
Rede de livrarias Saraiva faz pedido de recuperação judicial

Redação Publicado em 23/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h37


Empresa listou no pedido dívidas no valor de R$ 675 milhões.

A rede de livrarias Saraiva, maior do país, fez nesta sexta-feira (23) pedido de recuperação judicial depois de não conseguir acordo com fornecedores para renegociação de dívidas. A empresa listou no pedido débitos de R$ 675 milhões, de acordo com a Reuters.

Fundada há 104 anos, a Saraiva tem 85 lojas em 17 Estados do país e uma relevante operação de comércio eletrônico.

A empresa afirmou em comunicado ao mercado que “a recuperação judicial não altera, de forma alguma, o funcionamento da (área de) varejo, que segue, na data de hoje, com 85 lojas físicas em todo o Brasil e com sua operação de comércio eletrônico”.

No final de outubro, a Saraiva anunciou o fechamento de 20 lojas em todo o país. Segundo a companhia, cerca de 700 colaboradores foram desligados em todas as unidades de negócios da empresa.

Em nota divulgada ao mercado, a empresa diz que tem tomado “diversas medidas para readequar seu negócio a uma nova realidade de mercado, com quedas constatnes no preço de seu principal produto, o livro, e aumento da inflação”.

“Em decorrência do agravamento de sua situação, a Companhia julga que a apresentação do pedido de Recuperação Judicial é a medida mais adequada nesse momento, no contexto da crise no mercado editorial, reflexo do atual cenário econômico do país”, afirma a companhia.

Resultados negativos

No segundo trimestre deste ano, a Saraiva teve prejuízo de R$ 37,6 milhões. No mesmo período de 2017, o prejuízo foi de R$ 16,6 milhões.

Entre abril e junho, a receita líquida da companhia somou R$ 364,5 milhões, uma queda de 1,6% na comparação com o segundo trimestre de 2017. A receita com lojas foi de R$ 227,9 milhões, queda da 4,1% no período, e com o e-commerce chegou a R$ 136,5 milhões, crescimento de 2,9%.

A companhia acumula de janeiro ao final de setembro prejuízo líquido de R$ 103 milhões, mais que o dobro em relação ao resultado negativo de R$ 50 milhões de um ano antes.

Histórico

A Saraiva foi fundada em 1914 em São Paulo pelo imigrante português Joaquim Ignácio da Fonseca Saraiva. Funcionando próxima à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em 1917, passou a editar livros jurídicos.

A expansão da rede começou na década de 1970, com a abertura da segunda loja, na Praça da Sé. Na década seguinte, lojas foram abertas em shoppings e em outros estados do país.

Segundo a companhia, os negócios começaram a perder ritmo em 2014, com a estagnação da economia do país. A Saraiva diz ainda que o faturamento foi impactado no passado recente pela greve dos caminhoneiros e pela Copa do Mundo, pelo desabastecimento de fornecedores de telefonia e tecnologia, e por problemas na implementação do novo sistema interno de gestão.

Setor em crise

O setor de livrarias enfrenta uma crise severa. No mês passado, a Cultura entrou com pedido de recuperação judicial. Em nota, a empresa justificou a decisão pelo cenário econômico nacional adverso e pela crise no mercado editorial.

Segundo a companhia, o setor encolheu 40% desde 2014.

A Cultura acumula dívidas de R$ 285,4 milhões – a maior parte com fornecedores e bancos.

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