A produção de aço bruto brasileira caiu 17,9% no primeiro semestre deste ano, alcançando 14,219 milhões de toneladas, contra 17,324 milhões de toneladas em
Redação Publicado em 27/07/2020, às 00h00 - Atualizado às 20h47
A produção de aço bruto brasileira caiu 17,9% no primeiro semestre deste ano, alcançando 14,219 milhões de toneladas, contra 17,324 milhões de toneladas em igual período do ano passado. A queda foi atribuída aos 13 altos-fornos paralisados em função da pandemia do novo coronavírus, dos quais três retornaram à atividade, disse hoje (27), em coletiva virtual à imprensa, o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes. Foram paralisadas, também por conta da crise, oito aciarias e três laminações.
Nos seis primeiros meses de 2020, as vendas internas caíram 10,5%, com maior retração observada nos produtos planos (-14,5%), que envolvem chapas e bobinas para as indústrias automotiva e de transformação. Nos produtos longos, direcionados à construção civil, a queda foi 5%.
As exportações em volume somaram 6,147 milhões de toneladas, redução de 8,1% em comparação ao primeiro semestre do ano passado, enquanto as importações, com total de 1,044 milhão de toneladas, sofreram queda de 17%. O consumo aparente somou 9,316 milhões de toneladas, diminuição de 10,5% no período analisado.
Os dados apresentados pelo Instituto Aço Brasil revelam que a indústria do aço do Brasil se acha atualmente em patamar similar ao de 15 anos atrás. Devido ao processo recessivo, as variações acumuladas entre 2013 e 2019 são negativas em 22,9% nas vendas internas e em 25,1% no consumo aparente. Mello Lopes chamou a atenção que a análise de 2019 também evidencia queda em relação ao ano anterior de 8% na produção de aço bruto, 0,6% nas vendas internas, 8,2% nas exportações, 1,7% nas importações e 1,1% no consumo aparente.
O presidente executivo do Instituto Aço Brasil se mostrou otimista em relação ao futuro. “O sentimento do setor é que o pior já passou. O fundo do poço foi abril e agora estamos em trajetória de recuperação”. Mello Lopes salientou que essa é a visão também da indústria de transformação e da Coalizão Indústria, que reúne 13 setores industriais.
Porém, Mello Lopes disse que, devido à pandemia, a utilização da capacidade instalada do setor siderúrgico, que começou o ano com 62,8% e deveria ter operado acima de 80%, se encontra atualmente em 48,5%, o que implica um grau de ociosidade em torno de 51%.
Para 2020, as perspectivas são de produção de 28,22 milhões de toneladas, queda de 13,4%, vinculada à parada dos altos-fornos; vendas internas de 16,521 milhões de toneladas (-12,1%); exportações de 10,957 milhões de toneladas (-14,4%), importações de 1,541 milhão de toneladas (-34,8%) e consumo aparente de 17,960 milhões de toneladas (-14,4%).
“Precisamos tomar as providências necessárias para que os setores industriais consigam utilizar melhor sua capacidade instalada, porque a ociosidade provoca demissões”, disse Mello Lopes. De março a maio deste ano, foram fechados 315.940 postos de trabalho nos setores da Coalizão Indústria. “A grande dificuldade da siderurgia mundial é o grau de utilização da capacidade instalada” . Ele avaliou que a recuperação será gradual e lenta.
Para garantir a retomada do desenvolvimento no setor do aço, Mello Lopes defendeu a adoção de medidas de estímulo à exportação, entre elas a aprovação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para Empresas Exportadoras (Reintegra) para ressarcimento de resíduos tributários às companhias. O presidente-executivo disse que o Reintegra, com elevação da alíquota de 3%, criaria mais de 663 mil novos empregos no país e representaria crescimento das exportações da indústria manufatureira de 5,3%.
Mello Lopes defendeu também a defesa emergencial de mercado para livrar o aço nacional de uma concorrência predatória. Segundo ele, devido à pandemia do novo coronavírus, o mundo está colocando medidas de salvaguarda e proteção, à exceção da América Latina e do Brasil.
O presidente-executivo disse que China e Coreia detêm mais da metade do excedente de capacidade mundial, que soma 395 milhões de toneladas, e o maior número de processos de defesa comercial movidos pelos demais países, com um total de 156 milhões de toneladas e 56 milhões de toneladas, respectivamente. A produção anual de aço brasileira corresponde a 11 dias de produção na China.
Mello Lopes acrescentou que o Brasil está enfrentando, no momento, uma situação difícil com os Estados Unidos, cujo órgão responsável pelo comércio norte-americano faz pressão para prejudicar o Brasil no fluxo do comércio bilateral. Para ele, a retirada das restrições impostas ao aço brasileiro pelos Estados Unidos é condição vital para a retomada das exportações siderúrgicas nacionais.
O Brasil importa US$ 1 bilhão de carvão metalúrgico dos Estados Unidos e US$ 4,3 bilhões de máquinas e equipamentos e exporta para aquele mercado US$ 2,3 bilhões de produtos siderúrgicos. Os Estados Unidos são o principal mercado de aço brasileiro. Os produtos semiacabados, que concentram a divergência do momento, representam 85% das exportações brasileiras.
Agência Brasil
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