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O que é a febre do Nilo Ocidental, doença que já matou mais de 100 na Europa neste ano

Até pouco tempo atrás, não se tratava de uma doença com presença significativa na Europa, mas a escalada vertiginosa de casos fez acender a luz amarela.

O que é a febre do Nilo Ocidental, doença que já matou mais de 100 na Europa neste ano
O que é a febre do Nilo Ocidental, doença que já matou mais de 100 na Europa neste ano

Redação Publicado em 27/09/2018, às 00h00 - Atualizado às 17h33


a OMS alertou para um preocupante aumento dos casos de febre do Nilo na Europa, que já é cinco vezes maior do que o número registrado no ano passado.

Até pouco tempo atrás, não se tratava de uma doença com presença significativa na Europa, mas a escalada vertiginosa de casos fez acender a luz amarela.

As autoridades europeias monitoram de perto o dramático aumento no número de pessoas contagiadas pela “febre do Nilo Ocidental”, em meio ao que já está sendo considerado o surto mais mortífero do vírus na região nos últimos anos.

Segundo dados do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças, esta febre, geralmente transmitida por mosquitos, já afetou 1.505 pessoas e causou 115 mortes neste ano.

A Itália, com 35 mortes pelo vírus, é o país onde a febre do Nilo está sendo mais letal. Em seguida, aparecem a Sérvia, com 29 vítimas, a Romênia (25), a Grécia (24), a Hungria (1) e Kosovo (1).

Já há quatro vezes mais mortos que os 26 contabilizados em 2017. O número de infectados, por sua vez, se multiplicou por cinco em relação aos 288 casos relatados no ano passado.

No fim de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que o número de casos em países do sul da Europa e da Europa central estava crescendo “pronunciadamente” em comparação com os anos anteriores, e o Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Enfermidades classificou o aumento de casos de “dramático”.

No Brasil, a febre do Nilo não é comum. Mas, em junho, o Espírito Santo registrou o primeiro caso contágio de cavalos com o vírus e passou a ficar em estado de atenção para a possível contaminação de humanos.

O Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica, que é vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), informou que os cavalos foram contaminados em abril de 2018, no Norte do estado, e depois morreram vítimas da doença.

Amostras coletadas dos animais foram analisadas pelo Instituto Evandro Chagas e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O resultado foi positivo para febre do Nilo Ocidental.

Por que esse aumento na Europa?

Especialistas apontam as condições climáticas como a causa principal do repentino aumento de casos da doença e da antecipação da temporada de transmissão na Europa, que normalmente dura de junho a novembro.

“A temporada deste ano se caracterizou por altas temperaturas e períodos de chuvas prolongadas, seguidos por tempo seco. Essas condições climáticas propiciaram a reprodução e propagação do mosquito que transmite o vírus”, indicou um comunicado da OMS.

Os especialistas ainda alertam para o risco de que o aquecimento global provoque a chegada de vetores tropicais à Europa, propagando doenças pouco comuns em regiões mais frias.

Segundo Jan Semenza, diretor do Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Enfermidades, “em temperaturas elevadas, os mosquitos se reproduzem mais rapidamente. Com maior população de mosquitos, o potencial epidêmico do vírus é maior”.

“Estamos vendo mais e mais episódios climáticos extremos”, disse ele ao jornal britânico The Guardian.

Os especialistas temem que as mudanças de temperatura provoquem a chegada de doenças como dengue, zika e chikungunya.

Além das condições climáticas, há outros fatores que influenciam a propagação de vírus, como o aumento do turismo e viagens internacionais, que podem levar doenças tropicais a áreas onde elas normalmente não existiriam.

“Isso significa que devemos tomar mais cuidados. Se alguém retorna do exterior à Europa e tem o vírus no sangue, o mosquito pode picá-la e transmitir a doença a outras pessoas”, disse Semenza.

Como se proteger?

A febre do Nilo Ocidental é transmitida aos humanos principalmente por mosquitos infectados após picar aves que carregam o vírus. Não existe vacina contra a doença, que é causada por um vírus do gênero flavivírus.

O vírus foi identificado pela primeira vez em 1937, quando uma mulher foi infectada em Uganda. Atualmente, ele predomina na África, Europa, Oriente Médio, América do Norte e Ásia ocidental.

Ainda que possa causar a morte, afetando o sistema nervoso, quase 80% das pessoas infectadas não apresentam sintomas, que incluem febre, dor de cabeça, cansaço, dor no corpo, náuseas, vômitos e, às vezes, erupções cutâneas no tronco e inflamação dos gânglios linfáticos.

A OMS calcula que uma em cada 150 pessoas infectadas acabam padecendo de uma infecção mais grave que pode gerar tremores, convulsões, paralisias e até coma.

O efeito mais agressivo da doença pode ocorrer a pessoas de qualquer idade, ainda que o risco maior seja para os que têm mais de 50 anos e sistema imunológico fraco, como pacientes que tenham passado por transplantes.

Como não há vacina, a principal medida de prevenção é a proteção contra mosquitos – usar repelentes, mosquiteiros, roupas claras e de manga comprida.

Também é importante descartar recipientes que possam acumular água. Nas áreas mais afetadas pela doença, é recomendável implementar exames adicionais aos doadores de sangue para evitar novos casos de infecção.

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