Assim que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede da Olimpíada, autoridades públicas celebraram o que chamavam de legado olímpico como a mais
Redação Publicado em 06/10/2017, às 00h00 - Atualizado às 08h17
Assim que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede da Olimpíada, autoridades públicas celebraram o que chamavam de legado olímpico como a mais sedutora vantagem aos cariocas para realizar os Jogos. Agora, o Ministério Público Federal (MPF) desmonta a tese. Diz que a “avalanche” de dinheiro foi desviada em obras públicas para o benefício privado de poucos — a quem os procuradores chamam de “amigos da corte” do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
A acusação mais recente mostra também que a escolha da sede não teria sido propriamente democrática: “a todo custo”, nas palavras dos procuradores, em alusão à investigação de compra de votos em bloco. Por ela, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, determinou a prisão de duas pessoas.
Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e seu braço direito, Leonardo Gryner, teriam pago mais de U$ 2,7 milhões a membros africanos do Comitê Olímpico Internacional (COI) em troca da escolha da Rio-2016.
A ordem teria partido de Cabral num “contexto de ganha-ganha do esquema criminoso, envolvendo contratos e pagamento de propinas e lavagem de dinheiro”.
A quadrilha, como denominam os procuradores, buscou meios para atrair investimentos para o Rio e “beneficiar os ‘amigos da Corte’ com contratos públicos vantajosos”.
“Diversas obras, anunciadas como “legado” das Olimpíadas de 2016 renderam milhões em pagamento de vantagens indevidas (propina) a Sérgio Cabral e demais membros da organização criminosa”, escrevem os procuradores.
O órgão lista as intervenções urbanísticas relacionadas à Olimpíada e o longo elenco de denunciados. São citados como exemplos o Arco Metropolitano, Maracanã, Linha 4 do Metrô, Transcarioca e Recuperação Ambiental da Bacia de Jacarepaguá.
São 44 denunciados, alguns deles mais de uma vez — como o próprio ex-governador, a esposa dele, Adriana Ancelmo, e operadores como Hudson Braga e Carlos Miranda.
“Nesta grande ‘jogada’, o planejamento e execução da vinda dos Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro – a todo custo – foi uma das melhores estratégias de capitalização financeira e política para a organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral, que pôde multiplicar as possibilidades de ganhos ilícitos com a realização de obras e com os contratos de serviços firmados com outros membros da organização, sempre mediante pagamento de expressivas quantias de propinas aos agentes políticos”.
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