A certidão de óbito de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, aponta que ele foi morto por asfixia. A informação é da delegada Nadine Farias Alfor, chefe da
Redação Publicado em 20/11/2020, às 00h00 - Atualizado às 20h54
A certidão de óbito de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, aponta que ele foi morto por asfixia. A informação é da delegada Nadine Farias Alfor, chefe da Polícia do Rio Grande do Sul, que ainda aguarda os laudos que vão detalhar como o homem foi morto nas dependências de uma loja do Carrefour em Porto Alegre . Conhecido como Nego Beto, ele foiespancado por dois seguranças do supermercado por quase 10 minutos.
Segundo Nadine, os dois seguranças foram presos em flagrante e vão responder por homicídio triplamente qualificado, com dolo eventual. A asfixia é uma das três qualificadoras. As outras duas são motivo fútil e uso de recursos que impossibilitaram a defesa da vítima.
A delegada não descarta que o crime tenha sido cometido por racismo, mas afirma que ainda é preciso ouvir todos os envolvidos para que a polícia chegue a uma conclusão.
– Racismo existe, discriminação existe, preconceito existe. Existe o racismo estrutural e o racismo no momento da ação. Temos imagens, mas não temos sons para ouvir o que foi conversado. Não descartamos nenhuma hipótese – diz Nadine, acrescentando que ainda é precipitado tirar conclusões e que o inquérito tem 10 dias para ser concluído.
Os dois seguranças presos não tinham antecedentes criminais. Um deles é policial militar temporário e trabalha na área administrativa. também será ouvida uma mulher que acompanha as agressões a João Alberto e que também é funcionária do Carrefour ou da empresa de segurança terceirizada, a Vector.
– A investigação vai analisar e detalhar a conduta e a participação de cada um – diz ela.
Imagens fortes:
Nadine afirma que algumas imagens mostram que João Alberto teria empurrado ou dado um soco num dos seguranças ao sair do supermercado. Não se sabe, porém, o motivo. Outras imagens mostram que os seguranças usaram joelhos nas costas da vítima para imobilizá-la.
– A apuração vai mostrar a dinâmica dos fatos, mas é fato que houve uma desproporcionalidade na reação dos seguranças – diz a delegada.
Segundo Nadine, a morte de João Alberto não poderá ser em vão e é preciso buscar uma mudança cultural que combata os diversos tipos de intolerância. O Rio Grande do Sul, afirmou, está prestes a inaugurar a primeira delegacia especializada em crimes de intolerância.
– Temos que buscar uma mudança cultural e, ao mesmo tempo, apontar a autoria dos crimes para que possam ser punidos de acordo com a lei – afirma.
Os dois seguranças seguem presos. A Polícia Civil pediu a prisão preventiva, mas a Justiça ainda não se pronunciou.
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IG
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