O guarda civil municipal que usou uma arma de choque para tentar impedir uma mulher de usar o celular para gravar a demora no atendimento no Pronto
Redação Publicado em 05/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 07h46
O guarda civil municipal que usou uma arma de choque para tentar impedir uma mulher de usar o celular para gravar a demora no atendimento no Pronto Atendimento (UPA) do bairro Laranjeiras, em Sorocaba (SP), foi afastado por 30 dias do cargo.
De acordo com o prefeito José Crespo (DEM), que se reuniu com o secretariado neste domingo (4), o oficial exercerá atividades administrativas até que o caso seja apurado pela Corregedoria Municipal. Um procedimento interno foi aberto para investigar a conduta do guarda.
As imagens da paciente Célia Ramos, de 42 anos, reclamando da falta de médicos e da demora o atendimento foram transmitidas ao vivo pelo Facebook e viralizaram nas redes sociais.
No vídeo, Célia afirma que estava esperando para ser atendida há muito tempo e, por isso, resolveu mostrar todas as salas da UPA para provar que não havia médicos nos consultórios.
Em determinado momento, um médico aparece pedindo para o guarda municipal controlar a paciente e a chama de descontrolada. Célia passa a discutir com o profissional, que depois se afasta do campo de visão da câmera do celular.
O guarda se aproxima e pede para que a mulher “por gentileza, desligue o telefone” e procure a prefeitura para reclamar sobre a situação. A paciente se nega e os dois discutem. A transmissão é interrompida e, em seguida, Célia aparece caída no chão da unidade de saúde pedindo por socorro.
“Socorro, o cara atirou em mim, na minha hérnia. Pelo amor de Deus, olha isso”, grita no vídeo. A imagem mostra ele guardando a arma na cintura. Em seguida, a mulher se levanta com a ajuda do marido, que, segundos depois, é agarrado pelo guarda. A confusão dentro da UPA durou cerca de meia hora.
Célia foi atendida por um médico no pronto-atendimento. Depois do procedimento, a paciente, o médico e o guarda foram para o plantão da zona norte, onde foi registrado um boletim de ocorrência. Todos prestaram depoimento ao delegado.
Após a reunião entre os secretários municipais, a prefeitura divulgou imagens de uma câmera de segurança da UPA que mostram parte da confusão.
A prefeitura diz que nas imagens, quando o guarda está em uma área onde a câmera não alcança, a mulher teria tentado pegar a arma de fogo dele. Depois de um empurra-empurra, a mulher cai após ser atingida pela arma de choque do guarda.
De acordo com a secretária de Saúde, Marina Elaine Pereira, a paciente aguardava atendimento há 15 minutos, tempo que não é considerado excessivo em unidades de pronto atendimento. Ainda segundo a secretária, outras quatro pessoas aguardavam serem atendidas pelos médicos.
Marcos Mariano, comandante da GCM, ressaltou que a conduta do guarda será investigada. “Tudo vai ser apurado agora pelo inquérito da Polícia Judiciária, da Polícia Civil, e por um procedimento administrativo instaurado pela Corregedoria da Guarda Civil Municipal.”
Segundo o secretário de Segurança, Jeferson Gonzaga, o guarda agiu em legítima defesa. “A informação que inclusive ele fez constar no termo de ocorrência é que a municípe, em tese, teria tentado tirar a arma de fogo do cinturão dele.”
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