Em uma foto que repercutiu internacionalmente após a confusão na fronteira do México com os Estados Unidos no último domingo, Maria Meza, hondurenha de 39
Redação Publicado em 28/11/2018, às 00h00 - Atualizado às 09h22
Em uma foto que repercutiu internacionalmente após a confusão na fronteira do México com os Estados Unidos no último domingo, Maria Meza, hondurenha de 39 anos, é vista com uma camiseta do desenho animado Frozen da Disney segurando duas filhas pelo braço, com a expressão facial apreensiva e fugindo de uma bomba de gás lacrimogêneo.
Maria é mãe de 9 filhos, de 5 a 16 anos. Saiu de Villanueva, em Honduras, e foi ao México com cinco deles na caravana de milhares de migrantes com o objetivo de atravessar aos EUA e procurar um emprego que lhe dê condições de sustentá-los. Em Honduras, ganhava o equivalente a R$ 126 por semana.
“O salário não era suficiente para sustentá-los. Me disseram que os Estados Unidos era um país de oportunidades onde se pode trabalhar. Foi por isso que vim, para ver se consigo sustentar meus filhos”, disse em entrevista ao ABC News.
No último domingo, tentou atravessar a fronteira com seus filhos, perto da passagem de San Ysidro, que liga Tijuana a San Diego, com um grupo de 500 migrantes. Segundo ela, havia diversas outras mães com crianças.
As bombas de gás lacrimogêneo foram disparadas por tropas americanas, enviadas à fronteira pelo presidente Donald Trump, que tenta impedir a entrada de imigrantes ilegais no país. Trump também lançou outras medidas, como uma ordem que impede a concessão de refúgio para quem entrar ilegalmente em território americano. Seu desejo é construir um muro no local, para barrar a passagem fisicamente.
“Eu não conseguia ver nada por causa da fumaça”, disse Maria, que chorou ao segurar as filhas gêmeas de cinco anos. “Estava asfixiada. Estava com medo com elas. Naquele momento, fiquei assustada e achei que fosse morrer”.
Dentre os outros 4 filhos de Maria, um mora há dois anos em Louisiana, nos EUA, e três ficaram em Honduras. O mais velho, de 16 anos, acabou envolvido em drogas e uma gangue local.
Segundo o depoimento de Maria, membros da gangue apareceram em sua casa e recrutaram o menino. “Ele me disse: ‘mãe, eles estão me forçando a entrar para a Mara e vender drogas”, contou ela, que implorou para que o filho não se envolvesse no crime.
“Eles me disseram que ele não era mais meu filho – que eu o tinha perdido”, disse a hondurenha.
Maria pensou que seu filho de 14 anos poderia ser o próximo a ser recrutado, e esse foi mais um motivo para que decidisse partir com a caravana.
Milhares de migrantes da caravana estão esperando em Tijuana e áreas dos arredores para fazer um pedido de refúgio nos EUA.
Depois da confusão na fronteira, a polícia americana prendeu 42 imigrantes. O México deportou outros 98 migrantes.
A fronteira foi fechada e reaberta mais tarde. Mas o presidente Trump ameaçou fechá-la de novo “por um longo período” se imigrantes “atacarem” a barreira.
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