A investigação da morte do argentino Matias Sebástian Carena, 23 anos, saiu das ruas de Ipanema, na Zona Sul do Rio, onde ele foi espancado por um grupo em
Redação Publicado em 21/08/2017, às 00h00 - Atualizado às 11h00
A investigação da morte do argentino Matias Sebástian Carena, 23 anos, saiu das ruas de Ipanema, na Zona Sul do Rio, onde ele foi espancado por um grupo em março, e chegou aos subúrbios de Paris. Lá, a Polícia do Rio prendeu Tody Cantuária, o homem que deu o golpe fatal em Matias. Depois do crime, ele viajou para São Paulo, passou por Madri, e desde o fim de março era procurado pela interpol. O Fantástico mostrou detalhes e o momento da prisão, na última segunda-feira (14), pela polícia francesa. Ele não ofereceu resistência.
Nas mãos da justiça da França, Cantuária poderá esperar até 40 dias para ser julgado, mas continuará preso até lá. Caberá ao judiciário do país a decisão sobre a extradição.
“Geralmente um processo como esse pode levar até 12 meses, mas é importante frisar que, mesmo durante esse processo na França, ele dificilmente será posto em liberdade. Ele responderá o processo preso, e o eventual período que ele passará preso na França depois será computado como um período de prisão de uma eventual condenação dele pelo crime de homicídio aqui no Brasil”, explicou Valdecy Urquiza, chefe do escritório nacional da Interpol no Brasil.
Em 26 de março, Tody e três amigos provocaram um grupo de argentinos. O motivo teria sido um esbarrão. Tody aparece, em imagens de câmeras de segurança na época, dando o soco que faz Matias Sebástian cair já inconsciente no chão. O titular da Divisão de Homicídios da Capital, Fábio Cardoso, ressaltou esse fato. Carena foi agredido com chutes e muletadas.
“O Tody foi inclusive quem acertou o golpe mais violento, mais mortal deles, que foi um forte soco no rosto, que fez com quem ele caísse, batesse com a cabeça naquele chão de cimento ali, e depois, mesmo já subjugado, desmaiado no chão, o argentino Matias foi agredido ainda por um dos autores”, explicou Cardoso.
O taxista que levou três dos quatro que espancaram Carena para o hospital Miguel Couto, na Gávea, relatou que, antes de Tody entrar no carro, ouviu de uma senhora: ” ‘Foram vocês que mataram aquele rapaz?’, e ele disse: ‘vamos sair daqui’. Ele ficou apavorado”, relata o taxista.
Dois amigos dele saltaram em Copacabana, e Cantuária foi para a Urca. Passou poucos minutos onde estava hospedado com uma amiga francesa, e com malas, voltou para o táxi. O destino? “Direto para o Galeão”, afirmou o taxista.
Em Paris, o pagodeiro que tocou por algum tempo na banda Karametade tinha amigos e um filho com a artista plástica Aurélia Peñafiel.
Valdecy Urquiza explica que Tody ficou muito tempo mais reservado. Porém, quando se sentiu mais seguro, Tody passou a frequentar locais públicos e trabalhar.
“Nós levantamos, inclusive, que ele já estava trabalhando num clube de futebol, numa atividade possivelmente relacionada a treinamento ou agenciamento de jogadores de futebol na cidade de Paris”, afirmou Urquiza.
Dos quatro acusados pelo assassinato de Matias Carena, além de Tody, estão presos Pedro Henrique Marciano, que chutou o argentino já no chão; Thiago Lessa, que bateu nele com uma muleta; e Júlio Cesar Oliveira Godinho.
Na imagem, Godinho tenta acertar um soco em Matias. Ele foi solto em maio passado. A Justiça considerou que ele teve uma participação menor no crime.
O advogado de Cantuária, Daniel Sanchez Borges, diz que foi um momento muito rápido.
“Ele viu o rapaz correndo e esticou o braço, e o soco de fato o atingiu. Ele não tinha intenção de segurar pros outros baterem, ele não tinha intenção de nada, ele só teve intenção de dar um soco, de fato. A questão posterior, ele jamais poderia prever, assim como qualquer pessoa não poderia.”
A promotora Carmen Eliza Bastos, responsável pelo caso, afirmou que vai verificar individualmente a situação de cada acusado.
“Pode ser homicídio qualificado (20 a 30 anos) ou lesão corporal seguida de morte (4 a 12 anos). Essa última não é crime hediondo, então pode ser em regime inicialmente aberto”, afirma Carmen.
A mãe de Tody Cantuária, Sueli Ferreira, diz que não acreditou que seu filho estivesse envolvido no caso.
“Isso foi de fato uma fatalidade que aconteceu. O que eu tenho a falar é pedir perdão para os pais do rapaz”, lamentou mãe de acusado.
Os pais de Carena aceitaram as desculpas, mas esperam que a justiça seja feita.
“O que está feito está feito. A desculpa está aceita, mas não muda a situação”, disse mãe da vítima .
“De qualquer forma, ele vai ter que responder pelo que fez, e pelo que não fez. Ele poderia ter ficaod e ajudado meu filho. Mas o que ele fez foi fugir”, disse, emocionado, o pai de Carena.
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