Apesar de não ocupar o noticiário com tanta frequência quanto seus vírus “primos”, o chikungunya matou 173 pessoas em 2017, mais que dengue (141) e muito mais
Redação Publicado em 24/01/2018, às 00h00 - Atualizado às 08h43
Apesar de não ocupar o noticiário com tanta frequência quanto seus vírus “primos”, o chikungunya matou 173 pessoas em 2017, mais que dengue (141) e muito mais que zika (2), levando-se em conta que os dados não contabilizam bebês natimortos ou abortos.
Os dados são do último boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde e se referem ao período entre janeiro e dezembro de 2017 (mais precisamente, até a 52ª semana epidemiológica, que foi até o dia 30/12).
Ainda que o número mude — eles dizem respeito aos óbitos confirmados e há outros em investigação — os dados chamam a atenção para um crescimento de mortes entre as vítimas do chikungunya, ainda mais quando se consideram anos anteriores.
Em 2015, por exemplo, foram confirmadas 14 mortes — com um salto de mais de 1000% para 2016, quando foram registradas 159 mortes.
“A principal questão é a falta de testes que permitam o diagnóstico precoce, e, com isso, o tratamento mais adequado”, diz Expedito Luna, professor do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo.
A Fiocruz possui um teste “tríplice”, que detecta dengue, zika e chikungunya, mas ele ainda não está amplamente disponível, diz o professor.
O professor explica que pacientes que têm outras doenças, como cardíacos, por exemplo, estão mais suscetíveis à evolução grave do vírus e, por isso, poderiam receber atendimento adequado, com menor chance de morte, se houvesse um diagnóstico mais específico com mais frequência.
“O número de óbitos está relacionado à qualidade da assistência e o cuidado apropriado, que reduzem a letalidade”, explica Luna.
Sobre o chikungunya
Transmitido pelo Aedes, o vírus chikungunya foi observado pela primeira vez no Brasil em 2014. |
Pacientes apresentam febre alta e dores de cabeça, mas o sintoma diferencial são as fortes dores articulares que impedem a realização de atividades diárias |
Chikungunya significa “aqueles que se dobram” pela aparência curvada dos primeiros atendidos em surto na Tanzânia em 1952. |
Apesar de ter maior número de óbitos, o número de casos de chikungunya é menor que a dengue– e isso significa que a doença tem maior letalidade.
Em saúde pública, a letalidade é um indicador usado para medir a gravidade de uma doença — e é calculado pela proporção do número de óbitos em relação a quantidade de infectados.
Em 2017, a dengue teve 252.054 casos provavéis, contra 185.737 casos de chikungunya. Isso dá um indicativo de que chikungunya teve maior letalidade, embora não seja possível, com esses números, calcular a taxa de letalidade com segurança.
Isso ocorre, segundo Luna, porque nem todos os casos de infecção são confirmados laboratorialmente, o que é diferente dos óbitos. “Em casos mais graves, os municípios têm uma tendência de pedir uma confirmação”, explica.
Um outro ponto é que mesmo os casos classificados como confirmados no boletim epidemiológico não passaram necessariamente por teste laboratorial.
“Nas cidades que apresentavam 300 casos confirmados por 100 mil habitantes, o Ministério passou a determinar que todos os outros casos suspeitos sejam considerados automaticamente como confirmados”, explica Luna.
“Isso foi adotado na dengue e passou a ser estendido para zika e chikungunya”, diz.
Segundo o boletim, foram registrados menos casos prováveis de dengue em 2017. Foram 252.054 casos — contra 1.483.623 em 2016.
Já o chikungunya, teve o seu pico em 2016: 38.499 casos em 2015, 277.882 casos em 2016; e 185.737 casos em 2017.
Os casos prováveis de zika diminuíram ao longo do tempo: em 2016 (início dos registros), foram registrados 216.07 casos prováveis; em 2017, esse número caiu para 17.452.
A febre amarela, cujo aumento de casos também tem ocupado o noticiário, não é transmitida pelo Aedes em seu ciclo silvestre — quando o risco de transmissão está constrito a regiões próximas à matas.
A doença, no entanto, já foi transmitida pelo Aedesem vários momentos da história do Brasil e a vacinação também vai no sentido de tentar evitar o ciclo urbano — que não ocorre desde 1942.
No último boletim sobre a doença, o Ministério da Saúde confirmou 53 óbitos entre julho de 2017 e 23 de janeiro de 2018. Nesse período, foram confirmados 130 casos.
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