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Meio Ambiente

Implantação de Polo de hidrogênio, em Cubatão, é estudado por Brasil e Alemanha

O estudo é para implantar no antigo ‘Vale da Morte’

Implantação de Polo de hidrogênio é estudado por Brasil e Alemanha - Imagem: Divulgação/ Agência Petrobras
Implantação de Polo de hidrogênio é estudado por Brasil e Alemanha - Imagem: Divulgação/ Agência Petrobras

Maria Clara Campanini Publicado em 01/09/2024, às 17h18


Estudos para a criação de um ‘hub’ de hidrogênio verde, em Cubatão, Baixada Santista, está sendo feito pelos governos do Brasil e Alemanha. Cubatão já foi a cidade mais poluída do mundo, sendo chamada de ‘Vale da Morte’. A ideia é articular ações juntas com as indústrias locais e produção de insumos ecológicos, abastecidos por energia renovável.

Nos anos 80, Cubatão ficou conhecido como ‘Vale da Morte’, pois lançava aproximadamente mil toneladas atmosfera por dia. O historiador Wellington Ribeiro Borges diz, que a quantidade de poluição foi o que gerou o apelido da cidade, além, de ser considerada a cidade mais poluída do mundo pela ONU.

Na época, a poluição do ar, água e solo, junto com a falta de legislação, gerou muitas mortes por doenças respiratórias e anencefalia – quando o cérebro e o crânio não se desenvolvem. A condição só mudou quando um incêndio matou 93 pessoas na Vila Socó, em 1984.

HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X

Para manter Cubatão como símbolo de recuperação ambiental algumas iniciativas estão sendo propostas, como o projeto H2Brasil, uma parceria com a Sociedade Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) e o Ministério de Minas e Energia brasileiro.

Desde junho, é feito uma consultoria para ver viabilidade do “HUB de Hidrogênio Verde e Power-to-X”. É avaliado pela empresa Pieracciani, a idealização, operação e formas de financiamento.

Valter Pieracciani, CEO da consultoria, explicou que a produção de hidrogênio é uma possibilidade, mas existem outros insumos sustentáveis, como aço e fertilizantes verdes, que podem garantir também a competitividade às indústrias regionais.

Pieracciani diz, que a ideia é remodelar o Parque Industrial de Cubatão para a cidade se tornar um exemplo de exportação, além de contribuir com a preservação ambiental.

Caso a viabilidade seja possível, é provável que laboratório e centros de inovação qie já existem sejam reutilizados.

E, com este cenário, as empresas locais ajudem a contribuir com uma nova operação conjunta, aproveitando a nova estrutura e estratégia.

O pioneirismo desse hub está sendo conceitual. E no que ele é pioneiro? No conceito de repensar um parque industrial de forma sistêmica e não mais de forma individual”, disse Pieracciani ao g1.

A GIZ informou em nota, que quando os estudo terminar os envolvidos poderão engajar no financiamento, incluindo governos locais, estaduais ou federal, associações de indústrias e fundos como o Invest SP.

O primero workshop com representantes das indústrias foi no dia 14 de agosto. O próximo evento está marcado para 7 de novembro, quando o relatório de estudo será publicado.

Importância ambiental

Antônio Mazza, engenheiro ambiental, disse que a produção de hidrogênio pode ser a partir de matérias-primas renováveis, como água (H20), biomassa e biocombustíveis. A conversão da água acontece com a quebra de moléculas para a criação de hidrogênio.

Atualmente, o hidrogênio já é utilizado em processos produtivos, [como] na produção de amônia, combustíveis sintéticos, construção e transporte, mas a matriz energética e custos da energia eólica, hidrelétrica, e solar fazem com que a pesquisa do hidrogênio seja uma saída para o futuro”, disse.

Antônio vê potencial nessa alternativa para a redução da emissão de gases de efeito estufa, mas a transição da matriz energética pode ser difícil, pois representa uma “quebra de paradigmas”.

A nossa economia está baseada em petroquímica. Quando você desloca o investimento para outros combustíveis, pode ter uma pressão nas petroquímicas. Então, toda a matriz energética precisa ficar adaptada ao novo modelo”, afirmou.

O engenheiro ambiental diz que o Brasil tem a distribuição de energia mais equilibrada do que a maioria dos países "À medida que for colocando esse combustível na matriz energética, você vai ter a redução direta de gases do efeito estufa”, concluiu.

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