Diário de São Paulo
Siga-nos
COLUNA

O Brasil, os Estados Unidos e a China

O Brasil, os Estados Unidos e a China - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
O Brasil, os Estados Unidos e a China - Imagem: Reprodução | Redes Sociais
Cesário Melantonio Neto

por Cesário Melantonio Neto

Publicado em 04/08/2023, às 06h52


Lamentavelmente o anterior governo reduziu o tamanho do Brasil, ao se transformar numa espécie de parceiro secundário da polícia dos Estados Unidos durante o período Trump.

Há uma crescente rivalidade entre os Estados Unidos e Chinapela hegemonia do sistema internacional.

Os analistas se dividem em dois grupos: aqueles que sustentam que uma competição crescente nos campos da segurança, economia e tecnologia poderia levar a uma guerra no entorno de Taiwan ; e outros que veem o peso da interconexão econômica entre os dois países como um fator a mitigar a rivalidade política dado o alto custo econômico de um eventual conflito.
Correção da política

Com relação a competição sino norte americana não há uma resposta unívoca , ou seja , não há condição de se prever qual fator será a tendência, se a cooperação ou o conflito.
As duas possibilidades estão abertas e dadas.

Por outro lado , e bom lembrar que o establishment americano não tem elevado a importância do Brasil em sua agenda. Percebo que continuamos sendo periféricos em termos prioritários e estratégicos na agenda de Washington, o que posiciona Pequim em uma conjuntura melhor em relação ao Brasil.
O Brasil, pelo seu tamanho e dimensões, pode e deve dialogar com os grandes. De fato é um país que faz parte do tecido internacional, seja pela superfície seja pela economia e população e por ser uma democracia.

Nossa expectativa é que a cooperação venha a triunfar, mas não é possível hoje fazer uma previsão, pelo menos não com os dados de que se dispõe e no contexto da conjuntura geopolítica.

Estive recentemente em seminário da fundação Papandreu sobre o conflito russo-ucraniano e muitos participantes se perguntaram porque essa necessidade de expandir a OTANe, de certa forma, estabelecer um cerco sobre a Rússia. As respostas foram vagas e cheia de contradições. Isso nos coloca de volta sob o risco de uma guerra nuclear. Daí a importância da contribuição brasileira para um processo de cessar-fogo e de paz.

Houve o compromisso de que não haveria expansão da OTAN e o que ocorreu foi o contrário.
As possibilidades de risco de expansão dessa situação e de perda de controle ou derrapagem são enormes. Os Estados Unidos estão cada vez mais deixando de lado a guerra por procuração e se envolvendo diretamente com a questão da guerra com a Rússia.

Uma guerra na Ucrânia no coração da Europa e muito diferente de uma na Ásia ou no oriente médio.

E isso não vai levar a boas perspectivas ou resultado.

A nossa posição de equilíbrio entre as maiores potências deve continuar e faz parte da reinserção brasileira no mundo e da defesa do nosso interesse nacional.

Estamos certamente entre as grandes nações e ao mesmo tempo temos os pés sitiados no hoje chamado Global South o que nos confere uma imensa habilidade de construir determinados consensos , de explorar o multilateralismo, como sempre fizemos, com muita legitimidade e experiência.

O Brasil na próxima cúpula dos Brics e na reunião na Arábia Saudita terá condições de contribuir para a busca de uma solução do conflito entre Rússia e Ucrânia.

Compartilhe  

últimas notícias