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Nordeste teve maior índice de sindicalização no ano passado

O número de trabalhadores sindicalizados caiu em 2019 em relação a 2018. No ano passado das 94,64 milhões de pessoas ocupadas, 11,2% ou 10,56 milhões, eram

Nordeste teve maior índice de sindicalização no ano passado
Nordeste teve maior índice de sindicalização no ano passado

Redação Publicado em 26/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h29


Número de trabalhadores sindicalizados no país caiu em 2019

O número de trabalhadores sindicalizados caiu em 2019 em relação a 2018. No ano passado das 94,64 milhões de pessoas ocupadas, 11,2% ou 10,56 milhões, eram associados a sindicatos. Em 2018, eram 11,51 milhões. Os maiores números continuaram sendo no Nordeste (12,8%) e no Sul (12.3%) do país. No Sudeste foram 10,8% e os índices mais baixos ficaram com o Norte (8,9%) e o Centro-Oeste (8,6%).Nordeste teve maior índice de sindicalização no ano passadoNordeste teve maior índice de sindicalização no ano passado

Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua): Características Adicionais do Mercado de Trabalho 2019, divulgada hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A analista da pesquisa, Adriana Beringuy, disse que o Nordeste, de modo geral, sempre exibe os maiores percentuais, mas em 2019, pela primeira vez, a Região Sul perde o lugar de maior sindicalização. “O Sul teve grande perda de população sindicalizada nos últimos anos, perdendo o posto de região mais sindicalizada do país, que cedeu em 2019 para o Nordeste. Apesar de não ser uma diferença muito grande, quebra um pouco esse histórico da Região Sul de ser a maior”, observou.

Os homens, com 11,4%, são a maior parte dos sindicalizados, enquanto as mulheres respondem por 10,9%. Esse é o padrão observado desde 2012, embora tenha ocorrido redução gradativa na diferença. “Esse panorama de taxas de sindicalização de homens e mulheres é mais ou menos igual para as demais regiões, ou seja, homens com taxa de sindicalização ligeiramente maior do que as mulheres. A maior diferença é no Sudeste, com participação de 11,5% de homens 11,5% de mulheres. A única exceção é na Região Nordeste, onde a taxa de mulheres é maior do que a dos homens”, disse Adriana.

A pesquisa indicou que no período, apenas em 2013 houve expansão no número de população ocupada associada a sindicatos. Naquele ano, o crescimento atingiu 212 mil pessoas. “A população ocupada havia expandido em 1,5 milhão, enquanto a população sindicalizada tinha sido 212 mil pessoas, ou seja, um crescimento muito menor da população sindicalizada em relação à população ocupada como um todo. Em dezembro de 2016, houve queda queda nas duas áreas – a ocupada como um todo e a sindicalizada. Em 2017, começou uma reversão de queda da população ocupada, mas a sindicalizada, ainda que tenha perdido menos, continuou perdendo” disse a analista. Ela destacou que no ano passado houve houve ganho na população ocupada, mas o recuo da sindicalizada se aprofundou.

“O que a gente percebe nesse intervalo de 2016, e mais marcadamente de 2017 para cá, é que há uma tendência de recuperação da população ocupada, no entanto, a população sindicalizada não acompanha a expansão. Pelo contrário, ano a ano ela vem perdendo contingente. Sua maior queda foi em 2018. Em 2019 perde menos. A queda tinha sido de 1,5 milhão e agora de 951 mil, mas, ainda assim, continuou perdendo. Teve uma suavização da perda, mas ela persiste”.

Entre as atividades, a agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com 19,4%, foram as que tiveram a maior taxa de sindicalização. Conforme o IBGE, essa atividade tem participação importante de sindicatos de trabalhadores rurais, grande parte de pequeno porte da agricultura familiar, o que reforça a cobertura sindical da atividade, com destaque no Nordeste e no Sul.

Já o comércio, a reparação de veículos automotores e motocicletas teve taxa (7,4%) de sindicalização abaixo da média observada na população ocupada total (11,2%).

“Essas perdas que ocorreram na agricultura, na indústria e na construção, como a gente está trabalhando em termos de distribuição de trabalhadores dentro dos grupamentos das atividades serão compensadas por outras áreas. Alojamento e alimentação, nos últimos anos, vêm absorvendo muita ocupação”, observou.

A pesquisadora destacou que a retração de sindicalizados no Sul teve influência da participação desses trabalhadores na indústria, que tem peso importante na região. “A indústria é uma atividade importante e bastante sindicalizadas, mas na região é uma das que mais caem, o que vai, obviamente, causar impacto no perfil sindical, uma vez que essa atividade perdendo ocupação, acaba perdendo a reboque pessoas sindicalizadas”..

Nos grupamentos de atividades, a maioria manteve o movimento de queda registrado em 2018, apesar de ser com menos intensidade. A principal exceção, segundo a pesquisa, foi a administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais que recuaram em 531 mil pessoas, a maior desaceleração anual de toda a série histórica. A taxa de sindicalização ficou em 18,4% e, pela primeira vez, foi abaixo dos índices da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, que marcou 19,4%. Os dois grupamentos são os que apresentaram os maiores percentuais na série desde 2012.

“O que a gente percebe é que, do ponto de vista da série histórica, há uma tendência geral em todas as atividades de redução da sindicalização. Até mesmo na agricultura, que é uma atividade bastante sindicalizada, vimos uma taxa que já foi 23,2 % em 2012 e chega em 2019 com 19,4%”, completou.

Nível de instrução

Em 2019, entre os 10,6 milhões de sindicalizados, a maioria – 67,3% ou 7,1 milhões – tinha pelo menos o ensino médio completo e 31,7% ou 3,4 milhões, o ensino superior. Dentro da população ocupada total, foram estimados 60,1% para os de ensino médio e 20,4 % com ensino superior. A menor taxa de sindicalização (7,1%) ficou entre os ocupados com ensino fundamental completo e médio incompleto. No ensino superior completo, a estimativa é de 17,3%. Na comparação com 2018, apenas a taxa de sindicalização dos trabalhadores sem instrução e fundamental incompleto continuou estável em 10,4%.

Segundo Adriana Beringuy, a sindicalização vem diminuindo em todos os níveis de instrução, desde o mais elementar até o nível superior. Nesse último, a analista informou que houve crescimento na população ocupada como um todo. Mais pessoas passaram a ter nível superior ao longo dos últimos anos, mas o crescimento da escolaridade da população ocupada não veio acompanhado do mesmo ritmo na população sindicalizada.

“A taxa de sindicalização do nível superior é a que mais cai, porque é justamente esse nível de instrução que mais cresce na população, e esse crescimento não é acompanhado pela expansão de pessoas sindicalizadas, disse Adriana. Ela acrescentou que apesar da perda, a sindicalização no nível superior ainda é a de maior cobertura entre os níveis de instrução entre 2012 e 2019.

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EBC

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