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Nobel 2020 é o 2º da História que mais premiou mulheres, com 4 de 11 escolhidos

Com quatro mulheres entre os 11 laureados neste ano, 2020 teve o segundo maior número de pessoas do sexo feminino já premiadas com o Nobel na História .

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Redação Publicado em 12/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 21h21


Em 76 dos 116 anos de premiação apenas pessoas do sexo masculino foram agraciadas

Com quatro mulheres entre os 11 laureados neste ano, 2020 teve o segundo maior número de pessoas do sexo feminino já premiadas com o Nobel na História .

As vencedoras de 2020 foram Andrea Ghez, que dividiu o Nobel de Física com outros dois homens; em Química, levaram Emmauelle Charpentier, do Instituto Max Planck, da Alemanha, e Jennifer Doudna, da Universidade da Califórnia, em Berkeley; e a poeta americana Louise Glück, professora da Universidade Yale.

O ano de 2020 só perde para 2009, quando cinco mulheres e oito homens foram premiados. Ou seja, nunca uma premiação teve mais mulheres escolhidas do que homens. Além disso, em 76 edições do prêmio apenas homens foram laureados. Na última década, isso já aconteceu quatro vezes.

“2020 é um ano para se comemorar . A boa nova é que as pessoas estão pensando em mulheres”, afirma Márcia Barbosa, professora de Física da UFRGS e diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Fundação Nobel concedeu de 1901 até hoje 604 prêmios, compartilhados entre 955 indivíduos ou organizações. Em alguns anos, sobretudo em períodos de guerra, não houve premiação. Alguns ganhadores levaram o prêmio mais de uma vez. Como regra, nenhum prêmio foi compartilhado entre mais de três pessoas ou organizações.

Até agora, entre os premiados , 930 foram indivíduos e 25 foram organizações. Entre os indivíduos 873 (94%) foram homens e 57 (6%) mulheres. Todas as organizações premiadas foram ganhadoras da categoria de Paz.

“À medida que você analisa os postos mais altos das carreiras, o percentual de mulheres decai. E quanto mais requer indicação , que outras pessoas organizadamente façam uma indicação, menor o número de mulheres. Isso acontece com cargos e com o Nobel, por exemplo”, afirma Barbosa.

“É a construção do machismo patriarcal e escravagista que faz com que ninguém lembre nome de mulher. Mas a gente vem trabalhando há muito tempo para isso mudar, provocando que as pessoas pensem nomes de mulheres e ganhando cada vez mais visibilidade.”

Neste ano, ampliou-se a dominação dos Estados Unidos sobre o prêmio, com 6 dos 11 indivíduos vencedores tendo nascido no país. Os EUA têm até agora 281 premiados, seguidos de Reino Unido (95) e Alemanha (84).

Só duas economistas premiadas

O prêmio que menos escolheu mulheres foi o de Economia. Foram apenas duas contra 84 homens. Em Física, foram quatro em 215 premiações.

“A gente precisa atrair mais meninas . E para isso temos que quebrar o estereótipo de cientista como um homem doido de cabelo espigado e arma na parede. Temos que mostrar que as mulheres cientistas são pessoas comuns”, diz Barbosa. “E também precisamos de mecanismos para reter essas mulheres na pesquisa. A pandemia, por exemplo, derrubou a produção acadêmica dessas cientistas porque elas tiveram que carregar o piano da casa e da pesquisa.”

Levantamento realizado pelo Movimento Parent in Science, durante o isolamento social relativo à Covid-19 no Brasil , mostra que apenas 47% das docentes mulheres com filhos conseguiram submeteram artigos científicos como o planejado. Já entre os homens com filhos, esse índice é de 65%.

Literatura foi a área que mais laureou mulheres na história do Prêmio Nobel. No entanto, foram 16 contra 101 homens. Já o Nobel da Paz escolheu mais organizações do que mulheres para premiar: 25 e 17, respectivamente. Nessa categoria, 89 homens já foram escolhidos.

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IG

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