Diário de São Paulo
Siga-nos

NBA, NFL, MLB… ligas seguem programação apesar dos números alarmantes da Covid-19 nos EUA

Quando em 11 de março de 2020 a NBA suspendeu por tempo indeterminado todas as partidas da temporada, as demais ligas esportivas profissionais dos EUA e do

NBA
NBA

Redação Publicado em 25/01/2021, às 00h00 - Atualizado às 16h21


Principais ligas esportivas iniciam 2021 sem maiores modificações nos calendários e com público reduzido. Mais de 3 mil pessoas morreram por dia na última semana no país

Quando em 11 de março de 2020 a NBA suspendeu por tempo indeterminado todas as partidas da temporada, as demais ligas esportivas profissionais dos EUA e do mundo seguiram o exemplo e também pararam. À época, o que era uma epidemia passou a ser classificada como pandemia global. A prioridade naquele momento era preservar a saúde de atletas, público e demais profissionais envolvidos nos eventos, além de passar uma mensagem de responsabilidade ao planeta.

Aos poucos, cada organização criou seus próprios protocolos de segurança. A maior liga de basquete do mundo criou a já histórica “Bolha da NBA”, na Flórida. O UFC desenvolveu uma enorme estrutura, a “Ilha da Luta”, no Oriente Médio, e as demais modalidades ajustaram calendários, protocolos de testes da Covid-19 e logística de viagens para seguir em frente.

O esporte voltou, mas a pandemia em nenhum momento foi controlada nos EUA. O país já ultrapassa 420 mil mortes por decorrência do vírus e conta com a tenebrosa média de 3.076 mortes por dia na última semana. A despeito do crescimento de casos e mortes no país, NBA e NFL seguem com atividades normais, e a MLB (Major League Baseball) planeja uma temporada regular completa, com 162 partidas para cada equipe neste ano.

A campanha de vacinação nos EUA começou em dezembro, mas sofre com desorganização, falta de seringas e volume de produção que responda com agilidade à força do vírus. Enquanto isso, cada grande liga esportiva americana encara seus desafios para dar sequência ao planejado, mesmo que o caminho a ser percorrido tenha que desviar de mais de 420 mil corpos vítimas da Covid-19 no país.

NBA

De olho numa das datas mais lucrativas do ano para a NBA, o Natal, a liga abriu a temporada 2020/2021 em 22 de dezembro. O país passava pela chamada segunda onda da Covid-19, e investiu energia na criação de um protocolo rigoroso para atletas e integrantes das comissões de cada equipe. Sem a bolha sanitária, que mantinha os jogadores num ambiente controlado, a NBA proibiu a presença de atletas em bares, restaurantes e festas, e endureceu medidas de segurança: não é apenas por testar positivo para a Covid-19 que o jogador entra em quarentena. Se qualquer um deles tiver contato com alguém infectado pelo vírus, é afastado e cumpre quarentena até voltar às atividades normais.

Ainda assim, um mês depois da abertura da temporada, a NBA passa por questionamentos internos e externos. Sem uma bolha de proteção para os jogadores das 30 equipes, como controlar o vírus?

George Hill, jogador do Oklahoma City Thunder, questionou exigências de se manter sempre isolado — Foto: Katelyn Mulcahy/Getty Images

George Hill, jogador do Oklahoma City Thunder, questionou exigências de se manter sempre isolado — Foto: Katelyn Mulcahy/Getty Images

Até então, 18 partidas já foram adiadas e muitos jogos ocorreram com equipes consideravelmente desfalcadas por atletas que precisaram cumprir quarentena. A liga chegou a se reunir com o sindicato dos atletas para rediscutir medidas de segurança e novo protocolo foi anunciado, mais rígido, mas tal rigor divide a opinião das estrelas do espetáculo.

– Sou um homem adulto, então vou fazer o que eu quiser. Se quiser ver a minha família, irei ver minha família. Eles não podem me dizer que tenho que ficar no quarto 24 horas por dia, 7 dias por semana. Se o problema é tão sério, então talvez não devêssemos jogar. É a vida. Ninguém vai conseguir cancelar a vida inteira por causa deste jogo. É assim que penso sobre isso – disse o armador do Oklahoma City Thunder, George Hill.

NFL

O futebol americano também segue em frente. Mesmo com a situação alarmante desde o ano passado, a liga esportiva mais rica do planeta não mudou nada em seu calendário de jogos da temporada 2020/2021. Recursos tecnológicos e logísticos foram desenvolvidos para que os numerosos elencos das 32 equipes da NFL pudessem disputar a temporada com segurança. Ainda assim, surtos de Covid-19 não foram evitados e partidas foram adiadas, modificando o andamento normal do calendário.

Em algumas arenas, a presença de público foi permitida com disponibilidade de até 20% da capacidade total. E para o evento mais tradicional do esporte americano, a organização da liga também planeja contar com o público. O Super Bowl 55, marcado para Tampa, na Flórida, no dia 7 de fevereiro, espera ter até 7.500 profissionais da saúde já vacinados na plateia. E a organização, ainda disponibilizará mais 14.500 ingressos para compra pela internet, chegando a 22 mil torcedores.

Torcida presente no jogo entre Tampa Bay e Green Bay no fim de semana — Foto: Dylan Buell/Getty Images

Torcida presente no jogo entre Tampa Bay e Green Bay no fim de semana — Foto: Dylan Buell/Getty Images

Enquanto Tampa Buccaners e Kansas City Chiefs ainda comemoram classificação para a grande final da NFL, o SuperBowl, o desafio da organização procura o tom ideal do que historicamente representa a grande celebração do esporte e do mercado publicitário americano. O clima de festa deve ser evitado em um momento de dor e quando mais de 3 mil mortes diárias assolam o país por conta da pandemia. O clima de incertezas se transfere para o momento da compra do ingresso.

O site oficial de troca de ingressos da NFL inclui orientações sobre o que acontecerá se a liga tiver que mudar sua política de participação no Super Bowl. Ao tentar comprar um bilhete, o torcedor se depara com a seguinte mensagem.

– Por favor, note que, devido às circunstâncias em torno da COVID-19, o agendamento deste jogo pode ser afetado e a NFL, as equipes ou locais podem cancelar, reagendar ou adiar o evento. Reembolsos totais estarão disponíveis se a NFL ou o time cancelarem um jogo e este não puder ser realizado posteriormente, ou se for jogado em condições que proíbem os fãs de assistir. Se um jogo for adiado ou remarcado, seus ingressos podem ser válidos para a nova data, então guarde-os e nós o manteremos informado.

A considerar o número alarmante de mortes nos EUA, fatores externos às equipes não parecem relevantes na decisão de possível adiamento para o Super Bowl. Apenas um surto da Covid-19 entre os jogadores relacionados para a final da NFL pode impedir a realização do evento mais importante do esporte americano.

Tom Brady estará no Super Bowl após ser campeão da NFC com o Tampa Bay Buccanneers — Foto: Dylan Buell/Getty Images

Tom Brady estará no Super Bowl após ser campeão da NFC com o Tampa Bay Buccanneers — Foto: Dylan Buell/Getty Images

MLB

Apesar da intensificação da pandemia no país, a Major League Baseball parece considerar o ano que se iniciou diferente do já histórico 2020, quando o calendário foi reduzido a apenas 60 partidas disputadas por equipe na temporada regular. Normalmente são 162 jogos por ano, o que está previsto para ocorrer neste 2021, a partir de 1° de abril. E não é mentira.

– Vimos citações anônimas atribuídas a fontes de clubes que lançaram dúvidas sobre a data de início e duração da temporada. Para ser claro, e como deixamos claro para a liga, os jogadores estão planejando comparecer ao treinamento de primavera a tempo para uma temporada completa de 162 jogos, conforme descrito no acordo coletivo de trabalho e na programação previamente emitida pela liga – Bruce Meyer, diretor sênior de negociação coletiva e jurídico da MLBPA no mês passado.

MLB estuda receber público vacinado ou com resultado negativo de exame da Covid-19 — Foto: Alex Trautwig/MLB Photos via Getty Images

MLB estuda receber público vacinado ou com resultado negativo de exame da Covid-19 — Foto: Alex Trautwig/MLB Photos via Getty Images

A principal liga americana de beisebol planeja fazer uma pré-temporada mais curta, em março, repetindo o modelo de preparação que ocorreu no passado. E de olho nas demais modalidades que já contam com público de forma reduzida, a MLB estuda abrir as partidas para fãs que apresentem comprovação de vacinação ou teste negativo da Covid-19. A empresa que administra o sistema de venda de ingressos já se prepara para organizar os procedimentos de compra que considerem tais medidas de segurança.

O esporte americano, em 2021, busca ajustes, tenta inovações para combater os desafios do vírus, mas não esconde que a última opção é paralisar novamente as atividades. No fatídico dia 11 de março de 2020, quando a NBA foi a primeira grande liga a parar no mundo, seis pessoas morreram de Covid-19 nos EUA. Nesta última semana, quase 4 mil vidas ficaram para trás a cada 24 horas. Enquanto isso, a cestas, homeruns e touchdowns são celebrados ao redor do país.

.

.

.

GE – Globo Esporte.

Compartilhe  

últimas notícias