Um diretor estreante, uma atriz nada experiente, uma trama manjada e, para completar, esta foto de cartaz aí acima que parece uma capa de caderno dos anos 90.
Redação Publicado em 03/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 16h07
Um diretor estreante, uma atriz nada experiente, uma trama manjada e, para completar, esta foto de cartaz aí acima que parece uma capa de caderno dos anos 90.
“Nasce uma Estrela” tinha chances de causar arrepios pelos motivos errados. Mas quem for ao cinema a partir do dia 11 de outubro provavelmente vai se arrepiar de emoção mesmo.
A primeira vez de Bradley Cooper como diretor é muito certinha: ele não apela para excessos, reviravoltas ou tiques de estreante. O ator de 43 anos comanda um drama musical sem clichês e com temas atuais da cultura pop.
Ele precisa só de três minutos para nos fazer apaixonar pelo casal do filme, com os dois se conhecendo em meio a amizades com drag queens e goles de gin com comprimidos para atenuar dores de ouvido e da depressão.
É uma proeza fazer algo sem clichês, levando em conta que este é o quarto filme com o nome “Nasce uma Estrela”. Os outros (de 1937, 1954 e 1976) também eram baseados em uma ideia dos roteiristas William A. Wellman e Robert Carson.
Desta vez, Ally é uma garçonete aspirante a cantora pop (Lady Gaga) e se torna aposta amorosa e musical de um cantor de country rock decadente (Cooper).
Cooper faz uma performance digna de Oscar e faz lembrar Jeff Bridges em “Coração Louco”. Contido e atormentado, pode ser indicado, assim como ela.
Ela merece uma vaga entre as melhores, mas parece ter menos chance do que o parceiro. A cantora não tem as mesmas chances de brilhar em cenas fora do palco.
Se tudo der errado, o filme levará “apenas” o Oscar de Melhor Canção, com “Shallow”. A boa trilha tem Mark Ronson, o homem que ajudou Amy Winehouse a moldar seu som, entre os produtores.
O filme tem muita quentura nas partes cantadas. Há cenas no festival americano Coachella, no inglês Glastonbury, no Grammy e no programa “Saturday Night Live”. Cooper consegue botar o espectador no palco e no backstage.
O roteiro é escrito pelo diretor com apoio de Will Fetters (“Lembranças”) e do veterano Eric Roth. O roteirista de 73 anos, perito em melodramas, ganhou o Oscar por “Forrest Gump”.
É como um conto de fadas realista, porque a premissa hollywoodiana igual a dos os outros filmes homônimos ganha muitas doses de realidade. Quantas histórias de popstars depressivos e dependentes químicos você já leu aqui no G1 nos últimos anos?
O único senão de “Nasce uma Estrela” é a parte do meio, com sobras que poderiam ter sido tiradas das 2 horas e 15 minutos de filme. O dilema musical da personagem de Gaga, por exemplo, não instiga tanto quanto deveria.
Mesmo assim, a impressão final é de que não só uma estrela nasceu, mas duas: um ator que virou diretor e uma cantora que provou ser atriz.
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