Por Fernanda Trigueiro*
Redação Publicado em 06/02/2022, às 00h00 - Atualizado às 07h40
Por Fernanda Trigueiro*
Os dias parecem mais longos e as noites sem fim. A luz incomoda e o escuro traz pânico. Pior do que todo esse sofrimento é ter que esconder e viver fingindo que está tudo bem.
Todos os dias milhares de pessoas recebem o diagnóstico de doença mental, mas são poucas as que falam abertamente sobre isso. Coragem ou exaustão? O que faz as pessoas assumirem estar em um momento difícil?
Estar exposto e mostrar fraqueza abre brecha aos julgamentos. Pessoas que se sentem no direito de fazer uma análise do outro e nunca acham motivos ou justificativa pra dor alheia. Um estudo feito pela USP comparou a situação psicológica da população de onze países. E o Brasil é onde mais casos de depressão e ansiedade foram registrados. Hoje, 63% dos brasileiros sofrem de uma ansiedade patológica, a chamada TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizada. Mas as doenças vão além. São transtornos mentais, de humor, de atenção e de personalidade.
Se você não se enquadra em nenhum destes diagnósticos, com certeza conhece alguém que sofra deste mal. Se não conhece, é porque provavelmente não sabe. As doenças psiquiátricas ainda são tabus. Pode ser um vizinho ou o humorista que cansou de fazer espectadores rirem, porque no fundo chorava. Um colega de trabalho ou um atleta que teve a saúde física e performance abaladas pelo estado emocional. Um amigo, um parente ou mesmo você. Por que não?
No Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 50 milhões de pessoas têm algum tipo de doença mental. É muita gente! E falar abertamente é importante para combater a desinformação e o preconceito, que para estes casos tem até nome específico – a psicofobia.
Se você nunca se sentiu abalado psicologicamente e emocionalmente, agradeça e respeite a dor de quem sente. Ninguém está livre disso. Ninguém é mais forte que o outro e nunca sabemos o dia de amanhã. Se conhece alguém, acolha. A saúde mental não é frescura e nem mimimi. É grave. Negligenciar qualquer transtorno é pior. Alguns não têm cura, mas têm controle. E é isso que importa. Com o acompanhamento devido, é possível ter de volta qualidade de vida e vontade de viver.
Assumir a doença é o começo e buscar ajuda é primordial. Como qualquer doença é preciso tratamento e uma rede de apoio. Médico, remédios, apoio psicológico, atividade física, fé, amigos, família, paciência e aceitação. Ninguém neste mundo merece viver sem esperança. Chico Anysio, que passou anos lutando contra a depressão, sabiamente disse “Quanto mais pessoas me ouvirem falar sobre a depressão mais pessoas vão deixar de ter vergonha de ser deprimidos.” Tudo passa e a vida tem graça!
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