Diário de São Paulo
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‘Não acreditamos como chegou nesse limite’, diz relator da CPI da Prevent sobre irregularidades em alvarás de hospitais da rede

A CPI da Prevent Senior na Câmara Municipal de São Paulo ouviu nesta quinta-feira (26) fiscais das subprefeituras da capital paulista sobre as irregularidades

‘Não acreditamos como chegou nesse limite’, diz relator da CPI da Prevent sobre irregularidades em alvarás de hospitais da rede
‘Não acreditamos como chegou nesse limite’, diz relator da CPI da Prevent sobre irregularidades em alvarás de hospitais da rede

Redação Publicado em 27/11/2021, às 00h00 - Atualizado às 12h11


Apenas 3 das 13 unidades da operadora na capital paulista estão com permissões em dia, segundo técnicos ouvidos nesta quinta-feira (26) na CPI da Câmara de SP. Fiscalizações foram suspensas após liminares conseguidas pela empresa.

A CPI da Prevent Senior na Câmara Municipal de São Paulo ouviu nesta quinta-feira (26) fiscais das subprefeituras da capital paulista sobre as irregularidades encontradas nos alvarás de funcionamento dos hospitais da operadora de saúde.

Segundo os técnicos, apenas 3 das 13 unidades da Prevent Senior na cidade estão com as licenças prediais de funcionamento regulares. A empresa conseguiu na Justiça liminares para suspender as fiscalizações da prefeitura que poderiam interditar algumas unidades.

“A gente nem acredita como se deixou chegar nesse limite, tamanha a quantidade de irregularidades que encontramos. Falta de alvará de funcionamento, acessibilidade, bombeiros, irregularidade do próprio prédio”, afirmou o relator da CPI, Paulo Frange (PTB).

De acordo com o vereador, as falhas são sanáveis, e o objetivo da CPI não é buscar o fechamento dos hospitais, mas sim cobrar a regularização da situação.

Os documentos apresentados nesta quinta apontam que muitas unidades estão com processos abertos há anos sem conclusão. Em alguns, a empresa ainda está dentro do prazo para apresentar esclarecimentos, mas em outros, os pedidos de regularização já foram indeferidos.

Após repercussão do caso na imprensa em outubro deste ano, a prefeitura realizou novas fiscalizações. O Hospital Sancta Maggiore da Mooca foi multado em R$ 135 mil por operar sem licença de funcionamento. Outras unidades também foram multadas.

“No caso da Prevent, houve uma omissão de vários órgãos: a ANS, o Cremesp. E a prefeitura também foi omissa nesse processo todo. Estamos vendo casos aqui de 20 anos depois, que a subprefeitura só foi tomar uma ação após a publicação de uma notícia. Isso é inadmissível”, disse o vice-presidente da CPI Celso Giannazi (PSOL).

Nos depoimentos, os fiscais da subprefeitura alegaram que a falta de profissionais impede que as fiscalizações sejam realizadas no tempo adequado. Eles afirmaram que as subprefeituras contam com apenas 320 profissionais para atender a demanda de toda a cidade e que há milhares de processos na fila de análise.

Nesta quinta, também foi apontada na CPI a possível irregularidade na cobrança de IPTU em uma das unidades da Prevent, na Marginal Pinheiros. Os parlamentares solicitaram novos documentos para esclarecer a questão.

“A gente verificou que o Hospital Dubai, o mais luxuoso, com 40 mil m² na Marginal Pinheiros, não foi lançado IPTU até hoje. Então consta como um terreno. Está sendo cobrado só imposto territorial e não predial. Isso é uma falha gravíssima”, disse o presidente Antonio Donato (PT).

Em nota, a Prevent Senior afirmou que está tomando todas as medidas para sanar pendências com a prefeitura.

“Importante lembrar que a empresa havia dado entrada, antes das fiscalizações, nos documentos necessários para operar em acordo com a legislação, o que ficou claro nos depoimentos desta sexta-feira (26 de novembro). Outro ponto importante é que os fiscais admitiram dificuldades de trabalho que, em alguns casos, podem atrasar as consultas e análises destes documentos”, diz o texto.

Sobre a questão do IPTU, a assessoria de imprensa da empresa afirmou que, por se tratar de um imóvel alugado, o assunto é de responsabilidade do proprietário.

Fiscalizações em outubro

Em outubro, a gestão municipal afirmou que três unidades da Prevent haviam sido multadas após fiscalizações. Em nota, a Prevent Senior disse, à época, que os esclarecimentos pedidos nas fiscalizações serão prestados às autoridades municipais.

No dia 1º de outubro, a Prefeitura de São Paulo multou em R$ 135 mil o Hospital Sancta Maggiore da Mooca, por operar sem licença de funcionamento.

Na mesma data, segundo a gestão municipal, os estabelecimentos localizados nas Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 4.312, e Rua Cristiano Viana, 890, foram autuados pela Subprefeitura Pinheiros por não possuírem os autos de licença pra funcionamento, com multas nos valores de R$ 33.771,23 e R$ 91.664,76 respectivamente.

Os estabelecimentos deveriam ser regularizados ou as atividades seriam suspensas no prazo máximo de 30 dias. A empresa, no entanto, entrou na Justiça e conseguiu decisões liminares para impedir os fechamentos.

Investigações

Além da Câmara Municipal de São Paulo, a operadora de saúde é alvo de investigações em vários âmbitos: na CPI da Covid, no Congresso Federal; do Ministério Público de São Paulo; do Ministério Público do Trabalho; da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de órgãos de vigilância por falha na prestação de serviços e até por negligência e omissão de mortes de pacientes com Covid-19 durante a pandemia.

No começo do ano, médicos denunciaram à GloboNews que a diretoria da operadora os obrigou a trabalhar infectados com Covid-19 e a receitar medicamentos sem eficácia para pacientes.

Depois disso, um dos médicos registrou um boletim de ocorrência em que relata ter sofrido ameaças do diretor-executivo da operadora de saúde, Pedro Benedito Batista Júnior.

A CPI da Covid-19 também investigou um dossiê que aponta que a Prevent ocultou mortes em um estudo com hidroxicloroquina, remédio que não funciona contra Covid.

Os indícios da fraude aparecem em documentos e áudios e, segundo os documentos, houve pelo menos o dobro de mortes entre os pacientes tratados com cloroquina analisados pelo estudo.

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G1
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