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Nacional da Amazônia é, muitas vezes, forma de se conectar com o mundo

O rádio de ondas curtas ainda é dos meios mais eficientes para levar informação aos lugares mais distantes e nem sempre acessíveis. Nos povoados ribeirinhos,

Nacional da Amazônia é, muitas vezes, forma de se conectar com o mundo
Nacional da Amazônia é, muitas vezes, forma de se conectar com o mundo

Redação Publicado em 05/04/2020, às 00h00 - Atualizado às 13h49


Emissora de ondas curtas leva informações a lugares distantes

O rádio de ondas curtas ainda é dos meios mais eficientes para levar informação aos lugares mais distantes e nem sempre acessíveis. Nos povoados ribeirinhos, no meio da Floresta Amazônica, horas e às vezes dias de barco da cidade mais próxima, a única forma de se conectar com o mundo ainda é por meio do rádio. A equipe do programa Caminhos da Reportagem foi até a Terra do Meio, no Pará, conhecer essa realidade vivida por vários ouvintes da Rádio Nacional da Amazônia, uma das poucas emissoras de ondas curtas do país.

Em Porto Maribel, o rádio é um companheiro desde a infância para os irmãos Melânia Gonçalves e José Moreira, conhecido por Zé “Simbereba”, ambos pescadores e extrativistas. Melânia conta que só por meio do aparelho eles conseguem saber tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo de forma a não se sentirem tão isolados. José afirma que tudo o que sabe aprendeu pela rádio: “às vezes, eu fico falando de São Paulo ou outro lugar e as pessoas me perguntam se eu conheço lá. Eu conheço, mas pelo rádio”, diz.

Por meio da emissora, muitas pessoas sabem dizer que horas são, de acordo com os programas. Distante dois dias de barco de Altamira, no Pará, na Comunidade de Manelito, os extrativistas Maria do Socorro e seu cunhado Manoel de Souza contam que às 5h da manhã já estavam de pé para trabalhar e ouviam o programa do apresentador Frank Silva, na Rádio Nacional da Amazônia. E se localizavam no tempo durante o dia pelos programas. “Tinha o  programa da Sula, que era no horário de 9h, programa bom também, tinha muita informação”,  lembra Manoel.

A ligação dos ouvintes com a Rádio Nacional da Amazônia é tão grande que o seringueiro Reginaldo Pereira do Nascimento, o seu Reginho, quis fazer uma homenagem a uma de suas apresentadoras preferidas. “Quando minha filha nasceu, minha mulher perguntou pra mim: como é que nós vamos botar o nome dessa menina? Aí eu disse: nós vamos botar o nome de Mara Régia. Era uma homenagem e deu certinho”, conta.

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A apresentadora Mara Régia, da Rádio Nacional da Amazônia – Divulgação Rádio Nacional da Amazônia

A troca de experiências é rica também para os apresentadores da Rádio Nacional da Amazônia. Mara Régia Di Perna observa que o poder que o rádio tem sobre as pessoas é crucial para deixá-las melhor informadas. A apresentadora cita alguns casos de cartas que já chegaram até ela com dúvidas e lembra que conseguiu ir atrás da informação correta para passar a essas pessoas. “Foram muitas as cartas dizendo ‘ah Mara Régia, será que se eu fizer um chá de barbatimão vou voltar a ser virgem?’ E aí a gente vai desconstruindo essas lendas por meio do rádio”, diz.

O rádio também muda a vida das pessoas. Foi por contatos com a Rádio Nacional da Amazônia que a agricultora Cleonice “Tomateira”, como é conhecida, encontrou seu marido, Ademilson. “Faz 23 anos que a gente está casado, ele veio de lá para cá me procurando e aí foi aquele encontro, aquela coisa maravilhosa”. Cleonice, além do marido, também encontrou, anunciando pelo rádio, os parentes de sua mãe, que havia saído do Paraná e perdeu o contato com a família. Ela conta que sempre ligava e contava a história no programa Ponto de Encontro, que era apresentado por Sula Sevillis. “Até que um dia alguém ouviu do outro lado e falou ‘essa pessoa tá procurando a sogra do meu genro, vou ligar pra ela’  e me ligou”, lembra Cleonice que conseguiu reunir a família toda depois do contato.

O programa Caminhos da Reportagem vai ao ar na TV Brasil com episódios inéditos aos domingos, às 20h, com reprise na quinta-feira, às 23h.

AGENCIA BRASIL 

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