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Mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que de roubos, aponta pesquisa

Importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança das mulheres ao se deslocarem pelas cidades brasileiras, segundo uma pesquisa realizada

Mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que de roubos, aponta pesquisa
Mulheres foram mais alvo de assédio sexual do que de roubos, aponta pesquisa

Redação Publicado em 15/10/2021, às 00h00 - Atualizado às 10h26


Importunação e assédio sexual são os principais motivos de insegurança das mulheres ao se deslocarem pelas cidades brasileiras, segundo uma pesquisa realizada pelos institutos Locomotiva e Patrícia Galvão com apoio técnico e institucional da ONU Mulheres.

O levantamento ouviu mais de 2 mil pessoas de todo o país, entre 30 de julho a 10 de agosto, e concluiu que o público feminino é o grupo mais vulnerável quanto às violências que ocorrem nos diversos meios de transporte, seguidas de pessoas LGBTQIA+, negras, de baixo poder aquisitivo e com alguma deficiência.

Sete em cada 10 entrevistadas afirmaram já ter recebido olhares insistentes e cantadas inconvenientes enquanto se deslocavam nas cidades em que vivem. Disseram ter passado por episódios de importunação e/ou assédio sexual 36% das mulheres, número superior aos 34% que já foram vítimas de assalto, furto e/ou sequestro-relâmpago.

“Embora haja uma sensação geral de insegurança urbana, a pesquisa comprova que as mulheres sentem muito mais medo do que os homens em seus deslocamentos e que esse medo tem uma razão concreta: as experiências das mulheres com situações de violência, em especial de importunação e assédio”, afirma Jacira Melo, diretora do Instituto Patrícia Galvão.

No final de setembro, uma jovem caiu da bicicleta após o carona de um carro passar a mão em seu corpo sem consentimento. O caso, que ocorreu no Paraná, reflete o fato de a maioria das mulheres que citaram assédio como um motivo de insegurança, também o classificarem como uma preocupação constante.

De acordo com os dados, 83% das entrevistadas já foram vítimas de episódios violentos enquanto se deslocavam. Dessas, 24% não contaram a amigos e familiares53% disseram ter ficado abaladas psicologicamente e 67% acabaram mudando alguns hábitos e comportamentos. Apenas 27% afirmaram já ter reagido a alguma situação do tipo.

O meio de locomoção mais citado pelas entrevistadas como cenário de importunações e assédios sexuais foi o ônibus. Atrás dele, está o deslocamento a pé, que se destaca neste e em outros tipos de violência, como assaltos, atos racistas, agressões físicas e estupro.

Outro dado alarmante é o da porcentagem de mulheres que se privam de utilizar determinadas roupas e acessórios por medo de serem vítimas de alguma forma de violência: 83% de todas as que responderam à pesquisa.

Dentre os principais fatores de insegurança destacados pelas entrevistadas estão a falta de iluminação pública, ausência de policiamento, ruas desertas e a grande quantidade de espaços públicos abandonados, questões que podem ser solucionadas com a implementação de políticas de segurança efetivas, além de ações de zeladoria mais frequentes.

Sensação de insegurança x gênero do entrevistado

Homens também fizeram parte do público entrevistado, para que fosse possível comparar os resultados e analisar a forma como o quesito insegurança é influenciado pelo gênero de quem respondeu às perguntas.

  • 72% do público masculino concordou que espaços públicos são mais perigosos para mulheres do que para homens;
  • 24% dos homens não se sentem seguros ao se deslocar pela cidade onde vivem. No caso das mulheres, são 34%;
  • 44% dos homens concordaram que têm medo de sair sozinhos à noite no próprio bairro. Já entre as mulheres, a afirmação foi válida para 68%;
  • 89% dos entrevistados disseram que se sentiriam menos seguros se fossem mulheres.

De acordo com Jacira Melo, o levantamento confirma a hipótese de que a sensação de insegurança está diretamente relacionada ao gênero da pessoa, comprometendo a autonomia das mulheres em seus deslocamentos.

O levantamento também mostra que a sensação de segurança nos descolamentos é menor entre os negros do que entre não negros e também menor entre a população LGBTQIA+.

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G1

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