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MP-GO deve denunciar João de Deus nesta sexta-feira

O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) deve concluir, nesta sexta-feira (28), a denúncia contra o médium João de Deus, preso suspeito de praticar

MP-GO deve denunciar João de Deus nesta sexta-feira
MP-GO deve denunciar João de Deus nesta sexta-feira

Redação Publicado em 28/12/2018, às 00h00 - Atualizado às 10h32


Promotora havia revelado que médium deve ser denunciado por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude. Preso há 12 dias, líder religioso teve R$ 50 milhões bloqueados pela Justiça.

O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) deve concluir, nesta sexta-feira (28), a denúncia contra o médium João de Deus, preso suspeito de praticar abusos sexuais durante tratamentos espirituais. O órgão tem até domingo (30) para denunciar ou não o religioso, mas, conforme apurou a TV Anhanguera, o documento já está sendo concluído e deve ser submetido à Comarca de Abadiânia antes do fim de semana.

Sobre a denúncia, a defesa do médium explicou que aguarda “serenamente” a apresentação para só então se manifestar.

O Tribunal de Justiça determinou, na quinta-feira (27), o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus. O dinheiro, conforme apurou a TV Anhanguera, será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado pelos crimes. O advogado de defesa, Alberto Toron, disse que não recebeu qualquer informação sobre essa decisão.

Prisão

João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.

A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Portanto, o pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia decidido até esta sexta-feira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.

A Justiça chegou a conceder a prisão domiciliar para o médium João de Deus pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, mas, conforme documento, ele continuará preso por violação sexual. A defesa entrou com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal para esse crime.

Na quinta-feira, a promotora Gabriella Clementino adiantou que o documento deve denunciar o investigado por violação sexual mediante fraude em três casos e por estupro de vulnerável em um por violação sexual mediante fraude. No entanto, as informações do processo são sigilosas e outros detalhes não foram divulgados.

“O MP está trabalhando nesse momento na produção da primeira denúncia que será oferecida. Essa denúncia, além de envolver o fato dessa vítima concluída pela Polícia Civil, abarcará também outras três vítimas que estão incluídas no procedimento de investigação criminal conduzido pelo MP”, explicou.

“Nós já temos trabalhos concretos, que identificaram provas suficientes para oferta de denúncias”, acrescentou.

João de Deus entra em veículo do sistema penitenciário após prestar depoimento ao Ministério Público de Goiás nesta quarta-feira (26) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

João de Deus entra em veículo do sistema penitenciário após prestar depoimento ao Ministério Público de Goiás nesta quarta-feira (26) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Investigações

Nesta quinta-feira (27), uma mulher prestou depoimento ao Ministério Público informando ter sido vítima do médium. Ao todo, a instituição já ouviu 79 mulheres e recebeu mais de 600 notificações de abusos sexuais.

A Polícia Civil pretende ouvir novamente João de Deus, preso suspeito de abuso sexual, após analisar os materiais apreendidos na casa do médium e também no centro onde ele fazia atendimentos espirituais, em Abadiânia. Nos locais foram encontradas documentos, armas, pedras preciosas e R$ 1,2 milhão dinheiro, inclusive estrangeiro. Ele sempre negou as acusações feitas por diversas mulheres.

Segundo o delegado Valdemir Pereira, titular da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), unidade que coordena as investigações sobre esse caso, a corporação ainda faz perícia em todo o material, inclusive plantas dos imóveis e deve questionar o médium sobre esses itens.

“Temos as plantas, mas ainda temos que ver quando esse porão foi construído, se ele que mandou construir já com porão, se comprou a casa já com esses espaços, quais os objetivos, tudo isso vai ser periciado primeiro para então ouvi-lo. Ainda não há uma data para que isso aconteça”, explicou.

O delegado explicou ainda que são investigadas também outras questões, mas disse que não podia dar detalhes para não atrapalhar as investigações.

Até o momento, a polícia já ouviu 16 mulheres que relataram terem sido abusadas pelo médium durante atendimentos espirituais. João de Deus foi indiciado por um dos casos.

João de Deus se entregou à polícia no domingo, 16 de dezembro  — Foto: Reuters

João de Deus se entregou à polícia no domingo, 16 de dezembro — Foto: ReutersSituação atual

  • João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro;
  • Médium é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
  • João de Deus prestou depoimento para a Polícia Civil, quando foi preso, e ao MP-GO, dez dias após sua prisão;
  • Esposa do médium foi ouvida pela Polícia Civil e disse que não sabia de crimes;
  • Defesa teve dois habeas corpus pelos crimes sexuais negados e foi ao STF; Justiça concedeu prisão domiciliar por posse de armas;
  • MP recebeu mais de 600 emails pelo endereço [email protected] e identificou cerca de 260 vítimas em seis países;
  • Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP tinham entre 9 e 67 anos ao serem abusadas, conforme relatos;
  • Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Um inquérito foi concluído e há oito em andamento;
  • Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
  • Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus
  • MP e polícia também querem apurar denúncia de lavagem de dinheiro;
  • Não há pedido para suspensão do funcionamento da Casa Dom Inácio de Loyola, mas laboratório que fazia medicamentos no local foi interditado;
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