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Ministro busca verbas para montar novo módulo científico na Antártica

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse hoje (16) que continua buscando recursos para construir um segundo módulo científico

Ministro busca verbas para montar novo módulo científico na Antártica
Ministro busca verbas para montar novo módulo científico na Antártica

Redação Publicado em 16/10/2020, às 00h00 - Atualizado às 17h54


O projeto da Criosfera 2 está orçado em US$ 450 mil

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse hoje (16) que continua buscando recursos para construir um segundo módulo científico brasileiro na Antártica, semelhante à plataforma já existente no interior do continente gelado, a chamada Criosfera 1.Ministro busca verbas para montar novo módulo científico na AntárticaMinistro busca verbas para montar novo módulo científico na Antártica

“Estou buscando orçamentos para a criação do Criosfera 2, em local a ser determinado pelos cientistas”, afirmou, ao participar nesta manhã de um simpósio digital sobre a importância, os desafios e as perspectivas da pesquisa científica na Antártica. Consultado, o ministério informou, por meio de sua assessoria, que o projeto está orçado em US$ 450 mil, ou seja, cerca de R$ 2,52 bilhões.

O módulo científico nacional Criosfera 1 foi inaugurada em janeiro de 2012. Desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a estrutura de 6,30 metros de comprimento por 2,60m de largura e 2,5m de altura está instalada a cerca de 2.500 quilômetros de distância da Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz, e permitiu a expansão do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar) de pesquisas, recolhendo e transmitindo, contínua e automaticamente, dados meteorológicos e atmosféricos do continente. Pouco após entrar em operação, surgiram vozes favoráveis à construção de uma segunda plataforma.

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Telecomunicações, Marcos Pontes, durante apresentação do o projeto de conectividade nas áreas rurais brasileiras.

Ministro Marcos Pontes, quer construir a novo módulo na Antártica José Cruz/Agência Brasil

A Criosfera 1 possui painéis solares e geradores eólicos e seu funcionamento automático dispensa a presença humana, sendo acompanhado por meio de comunicação por satélite. As informações coletadas, como as medidas de dióxido de carbono, a amostragem de particulados atmosféricos e os dados de monitoração meteorológica permitem que cientistas analisem, entre outras coisas, os efeitos das mudanças climáticas globais e da poluição sobre o continente, complementando pesquisas desenvolvidas a partir da estação Comandante Ferraz – em funcionamento desde 1984 e reinaugurada em janeiro deste ano, após ter sido destruída por um incêndio, em 2012.

Pesquisas

Durante a abertura do simpósio, Pontes falou sobre a importância dos investimentos públicos em pesquisa científica. O ministro citou, como exemplos, os reflexos geopolíticos dos estudos que o Brasil realiza na Antártica e, de forma mais ampla, os resultados de estudos financiados com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

“Eu brinco muito com o ministro [da Economia] Paulo Guedes que é minha função pedir este negócio [dinheiro para custear as bolsas concedidas pelo CNPQ] o tempo todo. Que ele pode até negar, mas nunca poderá dizer que eu não falei que preciso [dos recursos]”, acrescentou Pontes, mencionando a luta contra o novo coronavírus como outro exemplo da importância do investimento em pesquisas. “A única arma que temos para vencer o covid é a ciência.”

Participando do evento ao lado do ministro, o secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar, almirante Antonio Cesar da Rocha Martins lembrou que, em 2048, o Protocolo ao Tratado da Antártida sobre Proteção ao Meio Ambiente (Protocolo de Madri) será rediscutido. Em vigor desde 1998, o tratado estabelece, entre outros aspectos, ações de proteção e preservação do meio ambiente na Antártica, proibindo inclusive a exploração de recursos minerais no continente.

“Será possível rever todo o sistema do tratado antártico. Não por unanimidade, mas por maioria dos membros consultivos. Aqui entra a importância de nossas pesquisas. Só é membro consultivo, com direito a voz e voto, aqueles [países] que demonstram substancial interesse na Antártica e substancial trabalho de pesquisa científica de qualidade, incluindo a instalação de estações científicas e a realização de expedições científicas”, disse.

O almirante destacou também a importância de verbas para a manutenção da Estação Antártica Brasileira Comandante Ferraz e de toda a estrutura necessária para o desenvolvimento de pesquisas no continente – o que, além da estação e do módulo Criosfera 1, envolve o uso de dois navios polares, como o Almirante Maximiano e o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel) e aeronaves de apoio aos pesquisadores que passam temporadas alojados na estação.

Logística

Além dos recursos materiais e humanos, o desenvolvimento de pesquisa científica na Antártica impõe enormes desafios logísticos às instituições envolvidas, ressaltou o subsecretário da Marinha para o Proantar, capitão Marcelo Cristiano Gomes da Silva. Segundo ele, ao longo de todo o ano, são realizados ao menos dez voos (seis durante o verão antártico, quatro no inverno) para transportar pesquisadores e abastecer a estação de pesquisa.

“Em condições normais, no verão tentamos trocar o máximo de pesquisadores para atendermos o máximo de pedidos de realização de pesquisas. Já no inverno, o máximo que conseguimos é sobrevoar a estação e lançar suprimentos”, disse.

Silva já está a bordo do navio Almirante Maximiano, na companhia do grupo de militares e de pesquisadores, prestes a partir em direção à Antártica. “Este ano foi atípico por conta da covid-19, mas todas as medidas estão sendo adotadas para garantir que o vírus não ingresse no continente”, destacou o militar, ao falar sobre os desafios da missão.

“A dependência das condições climáticas nos impõe um grande desafio, pois são elas que determinam o que faremos. Nestas condições, é preciso buscar autossuficiência logística. Precisamos planejar tudo, levar tudo aquilo de que vamos precisar, pois não há como eu ligar de lá para meus chefes e dizer que esqueci um parafuso ou o que quer que seja e esperar que me enviem por Sedex”, afirmou.

De acordo com o militar, após ter sido reconstruída, a estação antártica brasileira tem se mostrado bastante eficiente. “Muito mais eficiente do que o planejado, tanto em termos de consumo de combustível, quanto de utilização dos equipamentos.”

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AGENCIA BRASIL

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