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Metrô demorou 1 hora para permitir buscas por menino que morreu em túnel, diz relatório

O Metrô de São Paulo demorou uma hora para autorizar as buscas pelo menino Luan, de 3 anos, que foi encontrado morto nos trilhos da Linha 1-Azul em 23 de

Metrô demorou 1 hora para permitir buscas por menino que morreu em túnel, diz relatório
Metrô demorou 1 hora para permitir buscas por menino que morreu em túnel, diz relatório

Redação Publicado em 04/01/2019, às 00h00 - Atualizado às 14h30


Três funcionários da estação Santa Cruz prestaram depoimento nos últimos dias.

O Metrô de São Paulo demorou uma hora para autorizar as buscas pelo menino Luan, de 3 anos, que foi encontrado morto nos trilhos da Linha 1-Azul em 23 de dezembro de 2018. Segundo um relatório do Sindicato dos Metroviários, os seguranças do Metrô tiveram de esperar 61 minutos para entrar entrar no túnel e procurar pela criança.

A investigação está sob sigilo, mas o SP1 apurou que três funcionários prestaram depoimento à polícia. Eles disseram que procuraram por Luan assim que foram informados de que ele tinha se perdido da família e que os seguranças só entraram no túnel depois que a energia elétrica foi desligada num trecho de quatro quilômetros, entre as estações Vila Mariana e Saúde, nos dois sentidos.

Segundo o Sindicato dos Metroviários, o relatório da empresa mostra que a companhia recebeu uma mensagem de texto às 11h07, dizendo que uma criança tinha desembarcado sozinha na estação e que, em um primeiro momento, a procura foi na plataforma, no mezanino e num shopping que fica em cima da estação Santa Cruz.

Veja a cronologia dos fatos, segundo o Sindicato dos Metroviários:

  • 11h07 – A central do Metrô recebeu uma mensagem em SMS de um passageiro, informando que uma criança desembarcou na estação Santa Cruz e a família ficou no trem.
  • 11h08 – Começa a procura pela criança na plataforma, acessos, shopping, e na estação Santa Cruz da linha lilás, mas não encontram a criança.
  • 11h20 – Sem encontra ninguém, funcionários começam a cogitar a ideia de procurar no túnel.
  • 11h28 – É formalizada a necessidade de procurar no túnel.
  • 12h08 – Só neste horário é autorizada a entrada no túnel para fazer buscas.
  • 12h22 – Um funcionário avista um corpo no túnel.
  • 12h46 – O corpo é localizado
  • 12h52 – Tem início a operação de resgate da criança.
  • 12h56 – A criança é levada para a plataforma da estação, e de lá imediatamente para o Hospital São Paulo, da Unifesp.
Menino Luan se soltou da mãe e saiu do trem do Metrô na Estação Santa Cruz — Foto: TV Globo/Reprodução

Menino Luan se soltou da mãe e saiu do trem do Metrô na Estação Santa Cruz — Foto: TV Globo/Reprodução

O relatório ao qual a reportagem teve acesso aponta que a primeira pessoa a ver o garoto nos trilhos foi o maquinista de um trem, que disse ter visto o menino no meio do trilho, em um vão entre os dormentes.

O Sindicato dos Metroviários, ao analisar o caso, afirma que “o Metrô preza a excelência e a eficiência na operação, mas deveria prezar também a possibilidade de a criança estar nos trilhos quando o caso ocorreu”.

Diretores do sindicato relatam que há falta de funcionários de plataforma, e defendem que a portinhola que dá acesso à passarela de emergência, no interior do túnel, deveria tem uma trava que a mantivesse fechada (ou sensor com alarme sonoro, por exemplo) para chamar a atenção de funcionários e mesmo de usuários para o fato de que alguém está entrando no túnel.

O caso

Luan, de 3 anos, foi encontrado morto em túnel da linha 1-Azul do Metrô de São paulo no dia 23 de dezembro. Ele e a família estavam a caminho da praia, quando ele desceu do colo da mãe e correu para fora do vagão na estação Santa Cruz, na Linha 1-Azul.

Luan teve a morte confirmada no hospital após ser encontrado nos trilhos. Ele foi encontrado com ferimentos na cabeça, a 200 metros da estação, dentro de um túnel.

Em entrevista, a mãe relembrou a cena. “Ele passou na porta, que já tinha apitado. Como ele era pequenininho, só deu tempo dele passar. Quando ele passou, eu desesperei. Comecei a bater, gritar. Todo mundo ficou gritando: ‘para o Metrô’, mas não conseguiram parar.”

Depois que as portas fecharam, a família desceu na estação seguinte, desembarcou e pediu ajuda aos seguranças da estação Praça da Árvore. Eles pegaram outro metrô, voltaram para a estação Santa Cruz e começaram a procurar Luan.

“Eu avistei um trem parado e o pessoal indo com uma maca. Foi aí que eu me desabei. Subi para falar com ela [Lineia, mãe do menino]: ‘eles encontraram o Luan, mas não encontraram ele bem'”, explicou na ocasião o padrasto, Edmilson.

De acordo com o Metrô, por volta de 11h do domingo agentes de segurança da estação Santa Cruz, das linha 1-Azul e 5-Lilás, foram informados pelo Centro de Controle de Segurança que uma criança estava perdida na estação.

O diretor de operações do Metrô, Milton Gioia, diz ter imagens de segurança que mostram o momento em que menino Luan deixa o colo da mãe e sai do vagão do Metrô e os passageiros entram em pânico. Segundo o metrô, nenhum passageiro acionou o botão de emergência, que pode ser usado para parar o trem.

Menino de 3 anos acessa área restrita e e morre nos trilhos do metrô

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