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Metade dos candidatos que fizeram ‘autodoações’ milionárias não é eleita

Metade dos candidatos que colocaram mais de R$ 1 milhão do próprio bolso na campanha de 2018 não se elegeu.

Metade dos candidatos que fizeram ‘autodoações’ milionárias não é eleita
Metade dos candidatos que fizeram ‘autodoações’ milionárias não é eleita

Redação Publicado em 09/10/2018, às 00h00 - Atualizado às 14h29


De 35 candidatos que doaram mais de R$ 1 milhão para a própria campanha, 18 não se elegeram. Juntos eles investiram mais de R$ 114 milhões.

Metade dos candidatos que colocaram mais de R$ 1 milhão do próprio bolso na campanha de 2018 não se elegeu.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 35 candidatos fizeram autodoações milionárias. Desses, 18 não conseguiram se eleger. Outros 16 venceram e 1 segue na disputa no segundo turno.

Para calcular o valor total das autodoações, o TSE também considera os recursos próprios de vices e, no caso dos senadores, os do 1º e 2º suplentes.

O valor das autodações varia de R$ 1 millhão a R$ 54 milhões. Essa última foi a quantia investida pelo presidenciável Henrique Meirelles (MDB), que ficou em 6º na disputa pelo Palácio do Planalto.

Depois do emedebista, os candidatos que mais destinaram recursos próprios às campanhas foram Carlos Amashta (PSB), que concorreu ao governo do Tocantins, com R$ 3,6 milhões, que não se elegeu; e Ibaneis (MDB), que foi para o segundo turno na disputa pelo governo do Distrito Federal, com R$ 3,3 milhões.

O cargo mais almejado pelos candidatos que fizeram autodoações milionárias é o de deputado federal: 17 dos 35 tentaram uma vaga na Câmara. Outros 13 visaram ao Senado e 4, o governo de algum estado – além de Meirelles, que buscou a Presidência.

Os 35 candidatos estão distribuídos por 16 partidos. O MDB tem o maior número, 5, seguido do Podemos e do PSB, com 4 cada um. Entre as unidades da federação, Distrito Federal e São Paulo lideram, cada uma com 4.

Dinheiro não basta

De acordo com o pesquisador Arthur Fisch, do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV, muitos milionários perdem porque não basta ter dinheiro próprio para vencer.

“Muita gente tinha o projeto de ser político e ganhar a eleição, pessoas que não necessariamente tinham uma base social ou faziam parte de partidos ou da política. Mas, sem o apoio de partidos, ou mesmo de movimentos, é muito difícil para um candidato se eleger só gastando dinheiro”, diz Fisch.

Além disso, segundo Fisch, candidatos com menos recursos próprios conseguem dinheiro de outras formas, e podem acabar por ter uma campanha mais rica do que a de um milionário.

Concentração

As autodoações somaram R$ 334 mlhões em 2018. Desse total, R$ 115 milhões foram investidos pelos 35 candidatos que colocaram mais de R$ 1 milhão cada um. Isso significa que 0,1% das 26.830 candidaturas aptas reúnem um terço dos recursos próprios investidos por candidatos nas eleições de 2018.

Os candidatos podem financiar a campanha com recursos próprios até o limite de gastos estabelecido para cada cargo. Ou seja, não se aplica a eles o teto para doações de pessoas físicas, que é calculado com base no rendimento bruto no ano anterior ao da eleição (2017, no caso).

Limite de gastos no 1º turno destas eleições:

  • Presidente: R$ 70 milhões;
  • Governador: R$ 2,8 milhões a R$ 21 milhões, conforme o número de eleitores do estado;
  • Senador: R$ 2,5 milhões a R$ 5,6 milhões, conforme o número de eleitores do estado;
  • Deputado federal: R$ 2,5 milhões;
  • Deputado estadual/distrital: R$ 1 milhão.
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