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Menina diz que era abusada por políticos e médico: ‘Me sinto um lixo’

A adolescente de 13 anos que denunciou ao Conselho Tutelar de Ipiguá (SP) ter sido vítima de abusos sexuais cometidos durante meses por políticos, médico e

Menina diz que era abusada por políticos e médico: ‘Me sinto um lixo’
Menina diz que era abusada por políticos e médico: ‘Me sinto um lixo’

Redação Publicado em 27/07/2016, às 00h00 - Atualizado às 17h03


Vara da Infância e Juventude de Rio Preto (SP) investiga o caso.
Adolescente afirma que recebia de R$ 50 a R$ 200 por programa.

A adolescente de 13 anos que denunciou ao Conselho Tutelar de Ipiguá (SP) ter sido vítima de abusos sexuais cometidos durante meses por políticos, médico e empresários da região falou com exclusividade para a TV TEM, na terça-feira (26), sobre o trauma pelo qual passou. “Eu me sinto um lixo, então, para mim eles são podres”, diz.

A promotoria da Infância e Juventude de São José do Rio Preto (SP) investiga o caso de exploração sexual e também a aliciadora, que seria namorada de Abner Calixto, acusado de matar o delegado Guerino Solfa Neto, em junho, em Rio Preto.

Ela conta que a mãe usa drogas e a expulsou de casa no começo do ano. Por isso, foi morar na casa do namorado, em Ipiguá, cidade com cerca de 5 mil habitantes. Mesmo com o fim do relacionamento, ela continuou na casa, mas foi obrigada pela mãe do rapaz a fazer programas como forma de pagamento pela moradia. “Ela disse: ‘Não vai dar para você comer nas minhas costas, bebendo, vivendo as minhas custas não’. Aí eu falei: ‘Mas eu não trabalho, o que você quer que eu faça?’ Ela pegou e falou assim: ‘Você vai se prostituir junto comigo’. Aí eu pensei: ‘vou morar na rua’, fiquei sem chão. Então, aceitei a proposta dela”, afirma.

Segundo a adolescente, os encontros eram marcados pelo celular da aliciadora. A maioria dos encontros teria acontecido em um motel às margens da BR-153, entre Onda Verde (SP) e Ipiguá.

A aliciadora tem 38 anos e também faz programas, de acordo com a menor. De acordo com a investigação, ela é namorada de Abner Calixto, o acusado de matar o delegado Guerino Solfa Neto, em junho. Ele cumpria pena por outros crimes no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto quando começou a ter um caso com ela.

A adolescente conta que quando descobriu o envolvimento do namorado da aliciadora com a morte do delegado, ficou assustada e disse que queria ir embora, mas foi agredida. “Falei que não quero fazer mais e ela começou a me agredir, disse que não ficaria mais na casa dela. Aí saí nervosa da casa e resolvi pedir ajuda”, afirma.

Jovem foi explorada por quatro meses (Foto: Reprodução/ TV TEM)Jovem foi explorada por quatro meses
(Foto: Reprodução/ TV TEM)

A adolescente disse ainda que os clientes arranjados pela dona da casa pagavam de R$ 50 a R$ 200 por encontro e que a exploração sexual aconteceu durante quatro meses. “Às vezes eles me pegavam em frente de casa, às vezes pegavam no trevo de Onda Verde ou indo para Rio Preto, para ninguém saber mesmo”, diz a menor.

Lista de clientes
O juiz da Vara da Infância e Juventude, Evandro Pelarin, já está com a lista dos supostos homens que pagaram para abusar sexualmente da adolescente. A lista tem médico, advogado, empresário, político e funcionário público. “Preocupa muito a situação, por isso que precisamos de uma investigação concreta porque há nomes de pessoas influentes na cidade, como político, comerciante e médicos da região”, afirma André Luiz de Souza, promotor da Infância e Juventude.

Ela pegou e falou assim: ‘Você vai se prostituir junto comigo’. Aí eu pensei: vou morar na rua, fiquei sem chão. Então eu aceitei”
Jovem vítima
de exploração sexual

O juiz disse que pedirá a prisão de quem tentar obstruir a investigação. “Muito importante dizer que se houver manifestação dos suspeitos em chegar perto da menina, vamos entender como ameaça à investigação porque o caso é sério. A medida cabível de quem obstruir a investigação será a prisão”, afirma.

O Conselho Tutelar entrou no caso e denunciou à Vara da Infância e Juventude. A promotoria vai encaminhar o caso para o Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público. “Juntamos os documentos necessários para analisar a questão e proteger a adolescente, que, aliás, já está protegida”, diz o promotor.

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